Doutrinas Cremos no Espírito Santo

 O Deus da Vida presente entre n?s: na igreja, no mundo e em toda a cria??o!


 


"O Esp?rito do Senhor est? sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres…" (Lc 4.18).


"O Esp?rito Santo, que procede do Pai e do Filho, ? da mesma subst?ncia, majestade e gl?ria com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus" [Artigos de Religi?o n? 4: Do Esp?rito Santo].


 


Quando Jesus come?ou o seu minist?rio na Galil?ia, na sinagoga de Nazar?, foi-lhe dado o livro do profeta Isa?as (61.1), do qual leu a passagem cuja frase inicial se encontra citada acima na forma de ep?grafe. De acordo com o evangelista, todos o miravam com aten??o no momento em que solenemente declarou: "hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir". Ficar? mais f?cil compreender a rea??o do povo se dirigirmos nosso olhar para o passado.


Afinal, a a??o do Esp?rito de Deus n?o era propriamente uma novidade; antes, era muito bem conhecida na antiga alian?a. Os fi?is letrados poderiam com facilidade encontrar, no livro das origens, a afirma??o de que, no ato da cria??o, "o Esp?rito de Deus pairava por sobre as ?guas" (Gn 1.2). Certamente por essa raz?o, desde o princ?pio, o Esp?rito esteve associado ? vida e ao poder criador de Deus que renova todas as coisas (cf. J? 34.14-15; Sl 104.29-30). A prop?sito, o termo hebraico, ruach, ou grego, pneuma, descreve o ar em movimento e pode ser traduzido, al?m de "esp?rito", por outras express?es, como vento, brisa, sopro e respira??o. De qualquer modo, relacionada a Deus, essa a palavra indica invariavelmente a for?a vital que gera mudan?as, inspira profetas e capacita homens e mulheres a cumprirem pap?is decisivos na hist?ria da salva??o. No entanto, a presen?a do Esp?rito, no Antigo Testamento, possui car?ter provis?rio. Ele age sobre a natureza e os indiv?duos, mas nunca sobre todo o povo e sempre com finalidade espec?fica. Por conta disso, cresceu a expectativa de que chegaria um tempo em que o Esp?rito seria derramado sobre toda a carne, e que sua manifesta??o cont?nua inauguraria uma nova ?poca (cf. Ez 36.26-27; 37.1-14; Jl 2.28-32). A prega??o de Jo?o Batista faz eco a essa esperan?a ao vincular o batismo com o Esp?rito Santo ? figura do Messias prometido.






 


N?o h? d?vidas! Para os primeiros crist?os, Jesus era bem mais do que um simples profeta inspirado. Ele se distingue dos carism?ticos de todos os tempos, que podem, sim, gozar da d?diva do Esp?rito, mas de forma tempor?ria. Em contraste, o Novo Testamento ? un?nime em reconhecer que Jesus vive permanentemente na plenitude do Esp?rito. Enviado pelo Pai, Deus n?o lhe concede o Esp?rito "por medida" (Jo 3.34). De acordo com os evangelistas, todo o seu minist?rio – concep??o, batismo, tenta??o, prega??o, milagres, ressurrei??o – se desenvolve sob o signo do Esp?rito. H? perfeita sintonia, sen?o identifica??o, entre Jesus, enquanto Cristo, e o Esp?rito (cf. 2Co 3.17). N?o causa, pois, surpresa que S?o Jo?o relate que, ao se despedir dos disc?pulos, o Senhor tenha prometido, n?o tir?-los do palco das tens?es e conflitos onde o reinado de Deus se estabelece, mas enviar-lhes, da parte do Pai, o Consolador, o Esp?rito Santo, como o poder para testemunhar o evangelho em toda a parte (Jo 14.16-26; cf. Lc 24.49; At 1.8).


A efus?o do Esp?rito, por ocasi?o da celebra??o de Pentecostes, demarcou as origens da igreja crist? de tal maneira que seria imposs?vel dissociar, hist?rica e teologicamente, a constitui??o da comunidade de f? da presen?a eficaz do Esp?rito Santo. ? na for?a do Esp?rito que as pessoas s?o despertadas para a f? e crescem na comunh?o de Cristo; por sua a??o, s?o chamadas e congregadas em um s? corpo; por seus multiformes dons, s?o edificadas em amor; em fun??o de seu poder, s?o capacitadas para o exerc?cio de diferentes minist?rios; gra?as ? sua un??o, a igreja sai de si mesma e se torna sinal da nova cria??o de Deus. Por volta do ano 180, o bispo Irineu de Li?o, acentuou, de formar magistral, o elo entre a igreja e o Esp?rito na seguinte f?rmula: "Onde est? a Igreja, a? est? o Esp?rito de Deus, e onde est? o Esp?rito de Deus, ali est? a igreja e toda a gra?a. E o Esp?rito ? a verdade" (Contra as heresias, III, 24, 1).


Apesar da Igreja Primitiva experimentar com intensidade a a??o do Esp?rito e viver sob seu influxo, como o ar que se respira, a reflex?o sobre a doutrina do Esp?rito Santo se desenvolveu apenas no s?culo IV, no contexto das controv?rsias em torno da Trindade. O principal ponto era se o Esp?rito deveria ser considerado Deus ou n?o passava de mero atributo divino. Os argumentos foram ponderados com base nas Escrituras. Levou-se em conta que, na B?blia, n?o somente os t?tulos dados a Deus se aplicam igualmente ao Esp?rito, mas tamb?m que as fun?es que lhe s?o especificamente assinaladas testificam a sua divindade, sem mencionar que, na liturgia do batismo, se invoca o "nome do Pai, e do Filho e do Esp?rito Santo" (cf. Mt 28.19). Ao final, a conclus?o n?o poderia ser diferente da que foi formulada, em 381, no Conc?lio de Constantinopla, que reafirmou a f? no Esp?rito Santo como "Senhor e vivificador que procede do Pai; que, juntamente com o Pai e o Filho, ? adorado e glorificado; que falou atrav?s dos profetas". Como fonte e doador da vida, cabia ? pessoa do Esp?rito Santo a mesma dignidade e honra reservadas ao Deus Pai e Filho.


A teologia wesleyana se apropria dessa heran?a (cf. Artigos de Religi?o n? 4), contudo, n?o apenas formalmente. Em uma ?poca em que a doutrina do Esp?rito Santo (n?o a sua presen?a, posto que n?o haveria vida crist? poss?vel sem ela) parecia esquecida na Inglaterra, Wesley procurou express?-la de modo vis?vel e existencial. Assim, quando decidiu pregar ao ar livre aos pobres mineiros de Bristol, escolheu precisamente o texto com o qual nosso Senhor inaugurou sua miss?o em Nazar?, acrescentando em seu Di?rio, a observa??o: "? poss?vel que algu?m ignore que [esse texto] se cumpre em todo verdadeiro ministro de Cristo?". Ele estava convencido de que era o Esp?rito Santo, ou seja, o pr?prio Deus, quem agia por meio do movimento metodista, "para reformar a na??o, particularmente a igreja, e espalhar a santidade b?blica sobre a terra". A boa vontade com que o povo simples acolhia a prega??o e o demonstrava pelos frutos se constitu?a, para Wesley, em evid?ncia irrefut?vel da aprova??o divina. Diante disso, n?o demorou muito para que os metodistas fossem qualificados como entusiastas, acusa??o que Wesley prontamente respondeu alegando que os metodistas n?o reivindicavam possuir dom algum que n?o estivesse ao alcance de todas as pessoas que cr?em em Cristo. "Nenhum de n?s pretende ser guiado pelo Esp?rito Santo mais do que todo crist?o pode estar…" [Um novo apelo aos homens de raz?o e religi?o, Parte I, V, 29].Em todo o caso, para ele, os sinais decisivos da manifesta??o do Esp?rito n?o eram os dons, que podem variar conforme a necessidade dos tempos e da miss?o, e sim a presen?a dos frutos (Gl 5.22-23), "a mente que houve em Cristo", a mudan?a interna e externa, enfim, a santidade de cora??o e vida – "o que ningu?m pode negar que seja essencial a todos os crist?os em todos os tempos" [cf. Serm?o 4: Cristianismo B?blico, ? 2-5].


Reafirmar nossa f? no Esp?rito Santo, por isso mesmo, ? abrir-se ao mist?rio do Deus da vida que se comunica conosco e nos leva a clamar: vem, Santo Esp?rito, "fogo que tudo vivifica", renova nosso ser, transforma a igreja e a sociedade, e completa tua nova cria??o.


 


Rev.Jos? Carlos de Souza,


professor da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de S?o Paulo

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