EECSN Déa Ker

Hist?rias da Tia D?a








 


Ela nos atende com um sorriso simp?tico e algo t?mido:"uma entrevista para o Expositor Crist?o? Mas ser? que eu tenho alguma coisa pra contar?"D?a Kerr Affini, que durante tantos anos tem sido a nossa Tia D?a – criadora de hist?rias e compositora de can?es sempre lembradas quando chega o momento de preparar nossas Escolas B?blicas de F?rias – n?o gosta muito de falar de si mesma. Mas, a grande verdade ? que ela tem muito o que falar.


E a Igreja Metodista ainda tem muito o que aprender com esta serva que tem dedicado sua vida e talentos para transmitir o amor de Deus com a m?sica e a literatura.


Com quantos anos voc? come?ou a se dedicar ? m?sica?


Comecei a tocar piano com 10 anos e aos 12 j? tocava na Igreja. Eu nasci na Igreja Congregacional mas, em 1939, minha fam?lia mudou-se para o acampamento da Usina Elevat?ria da Pedreira (bairro no extremo sul da cidade de S?o Paulo) e era muito dif?cil encontrar condu??o para freq?entar a Igreja. Foi nessa ?poca que come?amos a freq?entar a Igreja Metodista. Ao mesmo tempo, meus pais tamb?m cooperavam num ponto mission?rio da Igreja Batista. Como era ?poca de guerra, n?o se podia sair ? noite. Ent?o, um dia caminhando pr?ximo ao acampamento, meu pai escutou um hino e descobriu que havia uma congrega??o se formando ali perto, e resolveu ajudar. V?rias vezes toquei harm?nio port?til ? beira da represa, nas cerim?nias de batismo! Em 1950, com 20 anos de idade, fui estudar m?sica na Escola de M?sica Sacra do Bennett, no Rio de Janeiro. Fui a primeira formanda da escola (e o hino Vida e Luz, o n?mero 398 de nosso Hin?rio Evang?lico, que ela comp?s como trabalho de conclus?o de curso, foi tocado em sua formatura. Conhe?a esse hino clicando aqui) Depois, fui contratada para dar aulas de piano e reger o coral das alunas do Instituto Metodista, na Ch?cara Flora.


Que lembran?as voc? guarda da Ch?cara Flora?


Eu era uma menina, tinha apenas 23 anos de idade. As demais professoras achavam que eu devia manter uma certa dist?ncia das alunas. Mas eu tinha a mesma idade delas e achava que, para ser respeitada, n?o precisava fazer "pose" de professora. A gente fazia reuni?o no quarto ? noite, quando j? era hora de dormir. Quando dona Dina Rizzi ia chegando, ela pisava duro e fazia barulho, ficava f?cil de ouvir, e volt?vamos rapidinho pra cama. J? dona Sarah pisava leve e "pegava" a gente. No primeiro ano em que dei aulas no Instituto Metodista, acabaram me escolhendo para ser paraninfa da turma, foi uma coisa de doido!


Outra boa lembran?a que tenho desta ?poca ? o de ver as alunas despertando para a m?sica. Lembro-me que a Odette Fillietaz cantava no coral com uma express?o t?o s?ria que dava at? medo. Ela cantava no soprano. Mas quando a ouvi individualmente, percebi que ela tinha uma excepcional voz de contralto, com uma extens?o maravilhosa! "Ser? que ela vai ficar brava comigo se eu pedir que ela cante outra voz?", perguntei-me. Ela n?o apenas concordou, como virou outra pessoa no contralto! Floresceu! Era a pessoa certa no lugar certo.


Fiquei na Ch?cara Flora fiquei de 1952 at? 1955. Casei-me em 1954 e, em 1955, nos mudamos para Lins, onde meu marido (o professor Paulo On?zimo Affini, que faleceu em 1998) foi dar aulas de F?sica no Col?gio Americano. Mas n?o deixei de reger coro nas Igrejas. Regi coro por 52 anos.


Mas como ? fazer um trabalho de reg?ncia, que exige tanto da voz, sofrendo de asma? (D. Dea sofre de asma desde a adolesc?ncia. Ela tamb?m j? contraiu tuberculose, no ano de 1982, implantou um marcapasso, em 1997 e sofreu uma embolia pulmonar, em 2005. Mas nunca deixou de trabalhar para a Igreja).


Quando senti o chamado para este trabalho, tamb?m senti que, se me dedicasse, Deus me daria o ar necess?rio. E assim foi. Eu tenho voca??o para servir na Igreja. O ano em que implantei o marcapasso foi tamb?m o ano em que meu marido faleceu. O trabalho foi um grande conforto. Deus vai dando for?a…


E o trabalho com crian?as, como come?ou?


Ah, eu sempre trabalhei com crian?as na Igreja, apesar de ser muito t?mida. A partir dos anos 60, nossa fam?lia veio residir em S?o Bernardo do Campo, SP.Foi quando comecei a formar o coralito na Igreja Central de S?o Bernardo. Nessa ?poca eu ainda n?o havia cursado magist?rio, um curso que sempre quis fazer. Fui cursar magist?rio aos 50 anos de idade. Eu tinha acabado de perder a minha m?e e minha filha me deu um grande incentivo para eu fazer o curso. Eu era a aluna mais velha da turma.


Qual a diferen?a de reger coro de crian?as e de adultos?


As crian?as s?o muito ativas. Mas os adultos ?s vezes s?o mais indisciplinados que as crian?as! ?s vezes, o adulto resiste a aprender uma m?sica nova e conversa muito no ensaio. O bom coralista deve escutar as outras vozes para ouvir melhor a sua. ? necess?rio pensar no que se canta pois, quando cantamos, estamos transmitindo uma mensagem.


E as hist?rias da Tia D?a, da Voz Mission?ria… Quando surgiu a escritora?


Comecei a escrever aqui em S?o Bernardo, por incentivo do pastor Lenildo Magdalena. Eu escrevia no boletim da Igreja.O pastor Lenildo era muito din?mico; faz?amos EBFs com 350 crian?as e comecei a contar hist?rias para elas. Quando voc? conta hist?rias, voc? se esquece da timidez. ? uma a??o divina! E at? os adultos chegam a ficar na ponta da cadeira para ouvir.Virei a Tia D?a. Comecei a escrever hist?rias e composi?es para cancioneiros infantis e fiz alguns trabalhos em parceria com a Phillys Reily, como os livros Feliz Id?ia e Todos a Bordo. Quando escrevo, penso nas perguntas que as crian?as fazem, elas s?o muito vivas. Quando a Maria Joaquina (Maria Joaquina St?dile, ent?o presidente da Confedera??o Metodista de Mulheres) indicou-me para a Voz Mission?ria aceitei como mais um desafio. Tomei posse em 1997 e fiquei na reda??o at? 2004. (os limites f?sicos a impediram de continuar ? dire??o da revista. Mas Tia D?a continua escrevendo regularmente a sua P?gina da Crian?a para a Voz Mission?ria).


Em 2004, a Terceira Regi?o a homenageou com a Ordem do M?rito Metodista em reconhecimento pelo seu trabalho. Como voc? avalia estes anos de trabalho e o que voc? gostaria de que melhorasse na Igreja?


A gente n?o merece homenagem… Na hora da entrega da ordem eu dizia ao pastor "estou pagando mico"… Ele dava risada…Todo o trabalho nestes anos todos foi muito gostoso. Muitas vezes dif?cil pelas circunst?ncias de sa?de, mas o conv?vio com as crian?as ? muito lindo. S? tenho a lamentar que poucas igrejas tenham coral hoje em dia. Muitas igrejas t?m desprezado esta parte da nossa hist?ria que est? na m?sica. Est?o surgindo m?sicas muito descart?veis.H? quem justifique isso citando o vers?culo da B?blia. "Cantai ao Senhor um c?ntico novo". Mas, cada canto que voc? canta com o seu esp?rito est? sendo novo para Deus. Os nossos hinos nos ligam a outras igrejas do mundo inteiro, s?o parte de nossa cultura.


Suzel Tunes


 

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