Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Entrevista com secretários

O 18º Concílio Geral da Igreja Metodista decidiu que as quatro áreas de ação da Igreja (expansão missionária, ação social, educação e administração) deveriam ser coordenadas por apenas uma pessoa. E para essa função foi escolhida a pastora Joana D´Arc Meirelles. Ela assume este desafio com confiança em Deus e com um profundo reconhecimento pela herança deixada pelos secretários anteriores. Leia, a seguir, entrevista com os quatro secretários que deixaram a administração da Igreja. Eles fazem uma avaliação do trabalho realizado pela Sede Nacional nos últimos anos.

 

 Keila Guimarães:

Entrei na Sede Nacional em julho de 2000, como Coordenadora Nacional de Ação Social. A área de ação social engloba vários programas.  Trabalhamos junto com as pastorais sociais (terra, direitos humanos e cidadania, combate ao racismo, indigenista, saúde, carcerária, etc) assessoria nacional de projetos, Cogimas (Conselho Geral das Instituições Metodistas de Ação Social) e Projeto Sombra e Água Fresca, em parceria com as demais áreas.

 

Este projeto, em especial, o "Sombra e Água Fresca" tem um impacto muito grande, pois atende crianças em situação de vulnerabilidade social. Ele faz diferença nos locais onde é implantado porque tem um resultado preventivo.

Foi um período intenso, com várias atividades, cursos, encontros, projetos, parcerias com agências e igrejas cooperantes... Apenas para citar alguns exemplos, tivemos a Consulta Nacional sobre Racismo, em 2005, que deu origem ao programa dos Encontros Bi-Regionais (3ª e 5ª) em 2006; o Encontro "Terra, Água e Direitos"; os talleres (oficinas) de Saúde Integral e saúde reprodutiva, em parceria com o Ciemal e Clai; Encontro Nacional da Pessoa Idosa; Festa da Família Metodista (que arrecada recursos para dois projetos sociais de cada região); além de cursos de capacitação na área de pastoral carcerária, dependência química, família, crianças e adolescente em situação de vulnerabilidade social, para pessoas que trabalham em instituições e projetos sociais, oficina de projetos, direitos humanos, pastoral indigenista, Projeto Sombra e Água Fresca, gênero,  meio ambiente, violência, etc.

Como tenho formação em Comunicação Social (dei aulas de comunicação na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso, no Rio de Janeiro) também estive na coordenação da Assessoria Nacional de Comunicação da Igreja. Neste período foram desenvolvidas várias ações, como a reformulação do Expositor Cristão, a parceria do Expositor com o IMS (a diagramação e distribuição do jornal é feita pela Editora Metodista, do IMS), a reestruturação do site metodista e o estabelecimento do Porta Metodista, integrando o site nacional aos regionais e locais.

É claro que ainda há muito a ser feito, especialmente no que diz respeito à área social. Vivemos num país no qual as desigualdades são imensas. Por isso, é importante que a Igreja esteja atenta aos compromissos missionários contemporâneos: a dependência química, a violência, as questões de saúde, povos indígenas, meio ambiente, gênero (não apenas o feminino, mas o masculino - como o homem se entende e se integra na sociedade de hoje), tolerância, pessoas portadoras de necessidades especiais, biodiversidade. A fé tem dimensão comunitária. A sensibilidade é individual, mas a fé gera ações comunitárias; nossa herança wesleyana nos leva a isso.

Formada em Ciências Sociais e Comunicação, Keila Guimarães morou sete anos nos Estados Unidos, o que possibilitou que ela estabelecesse fortes laços com a igreja americana e desse um grande incentivo às parcerias internacionais. Como boa wesleyana e filha de pastor, ela costuma dizer que "o mundo é sua paróquia": atualmente, está trabalhando no Centro Universitário Metodista IPA, em Porto Alegre.

 

 Rev. José Pontes Sobrinho:

Fui para a Sede Nacional em 1998, a convite do Colégio Episcopal, para dinamizar a expansão missionária da Igreja  "Necessitamos de um secretário que esteja presente no campo, não apenas no escritório", disseram-me. Minha primeira preocupação foi montar um programa de acordo com o Plano Missionário Nacional; procuramos dar todo o apoio ao Programa de Oferta Missionária. A ênfase da Oferta Missionária sempre foram os projetos da Remne e Rema. 

 

Fiz muitas visitas aos campos missionários; praticamente visitei toda a Remne e Rema.

Outro programa que procuramos dinamizar foi a Campanha Nacional de Evangelização. Ela foi criada no ano de 2004 com o objetivo de resgatar a paixão evangelística da Igreja, com o tema "Jesus, nossa maior segurança".  A ênfase da campanha é vivenciar o evangelho de forma integral, com ações de fé e cidadania junto à comunidade.

Também gostaria de destacar o programa "Voluntários em Missão" (projetos brasileiros recebem ajuda de voluntários norte-americanos). Ele visa a fortalecer projetos missionários, atender programas das regiões, levantar doações e interagir com diferentes culturas. Eles aprendem muito conosco. E chegamos a levantar até 100 mil dólares no ano por intermédio destes grupos.

Quando entrei para a Área Geral, o envio de missionários ao exterior era o grande clamor das igrejas locais. Havia, por exemplo, imigrantes brasileiros nos Estados Unidos que não eram alcançados pela Igreja Metodista Unida. Enviamos missionários para os Estados Unidos e formamos igrejas brasileiras. Também enviamos missionários à Alemanha, Inglaterra, Suíça, Panamá, Espanha, Paraguai, Uruguai, Inglaterra, Suiça, Moçambique.  Foi uma experiência riquíssima conhecer a realidade das Américas.

O Ministério Nacional de Avivamento realizou encontros bienais, os ENAVI. Reunimos até nove mil pessoas, num encontro na 6ª região. Também promovemos grandes encontros metodistas no Maracanãzinho. Este é um clamor da Igreja Metodista: ser metodista é ser avivado e ser avivado é estar comprometido com a teologia bíblica e wesleyana.

O que eu gostaria de ver concretizado no futuro? Gostaria que a expansão missionária recebesse mais apoio por parte da Igreja, para fomentar uma cultura missionária e evangelizadora.

Agora, o Reverendo Pontes atuará como assessor episcopal do Programa de Revitalização de Igrejas da Terceira Região. Irá assessorar a equipe gestora do programa,  atuando na formação de  lideranças com vistas ao crescimento de igrejas pequenas,nos eixos de auto-governo, auto-sustento e auto-proclamação.  É um programa que será realizado em parceria com as Federações, Igrejas locais, Faculdade de Teologia, etc.  "Vou continuar fazendo o que gosto na vida da Igreja, dedicar-me ao trabalho missionário que é a minha grande paixão. ", afirma ele. 

 

 Bispo Stanley da Silva Moraes:

Estive na Coordenação Nacional de Educação por um período de 9 anos. Durante este tempo, meu maior objetivo foi integrar toda a área de educação na Igreja Metodista. Antes, a educação secular, a educação teológica, a educação cristã e as pastorais escolares e universitárias da Igreja trabalhavam de forma totalmente desconectada. Durante a década de 90, a Igreja estabeleceu uma estrutura orgânica para que essa conexão pudesse ser efetivada.

 

E essa foi nossa grande conquista - e quando digo nossa, incluo todas as pessoas da Igreja Metodista empenhadas neste projeto: conseguimos aproximar a educação teológica da educação cristã, da educação secular e das pastorais escolares e universitárias.

A caminhada foi mostrando que cada um dos segmentos educacionais da Igreja era, em si mesmo, muito frágil. Na Escola Dominical, por exemplo, faltava gente especializada. Na educação secular, o projeto pedagógico revelava fragilidades na questão confessional e as pastorais trabalham de forma desconectada das coordenadorias pedagógicas. Hoje, uma área vai fortalecendo a outra e multiplicam-se os projetos em parceria também com outras áreas da Igreja, como a ação social e a expansão missionária. Tivemos neste período vários encontros, fóruns de educação e cursos de capacitação, como o curso de formação de membros para Conselhos Diretores das instituições Metodistas de Educação; curso de formação de professores(as) de ensino religioso (para atuarem nas escolas metodistas e nas escolas seculares) e formação de escritores(as) para as revistas de Escola Dominical. Estabelecemos, também, a Rede Metodista de Educação neste período.

Acho interessante destacar, ainda, a área de discipulado, como um segmento que está se consolidando na vida da Igreja. Este não é apenas um programa, mas um modo de ser do crente. Somos chamados a fazer discípulos e o programa do discipulado atende a este chamado ao lado de outras áreas da Igreja: a Escola Dominical, os cultos, os pequenos grupos de estudo bíblico. Publicamos materiais específicos para este programa de discipulado, atendendo uma necessidade para sua implantação. Além disto, as revistas de Escola Dominical foram reformuladas, com uma preocupação especial em oferecer recursos e capacitação dos professores. Hoje, a revista do professor permite que ele tenha recursos para adaptar as lições à sua própria realidade local, por meio de dinâmicas e vários outros recursos pedagógicos. A revista não quer uniformizar a Igreja, mas contribuir com sua unidade e conexionalidade.

Na área da Educação Secular este foi um período em que se estabeleceram mudanças profundas, visando dar à Rede Metodista de Educação os meios para que ela atue com qualidade, como instituição confessional, fazendo diferença no contexto educacional brasileiro. Hoje as instituições tem uma nova estrutura jurídica, com pessoas que recebem atribuições dentro de um novo ordenamento institucional. A Igreja, através de seus colegiados, está mais próxima da vida de suas instituições.

Estes processos nos quatro segmentos da educação exigiram muito da Igreja neste período. Agora eles precisam ter continuidade, para que o estabelecido se aperfeiçoe e sejamos uma Igreja melhor preparada para realizar aquilo que está em seus objetivos para a Área Educacional.

O Reverendo Stanley da Silva Moraes, Bispo honorário da Igreja Metodista (conforme decisão do 18º Concílio), continua a servir à Igreja Metodista na Sede Nacional, como Secretário Executivo do Colégio Episcopal .

 

 Luiz Escobar:

Tive o privilégio de trabalhar na Associação Igreja Metodista durante 15 anos (6 anos na 3ª RE e 9 anos na Sede Nacional). Quando recebi o convite para trabalhar na Igreja eu era empresário, mas resolvi abraçar este novo desafio. Foi um privilégio muito grande trabalhar na Igreja Metodista como administrador e secretário executivo da AIM. Uma das metas no desenvolvimento do meu plano de trabalho foi profissionalizar a área administrativa, financeira e patrimonial da Igreja para o cumprimento da missão.

 

Conseguimos desenvolver este trabalho com o apoio dos colegas, Cogeam e dos Bispos com quem tive a oportunidade de trabalhar diretamente neste período. Desenvolvemos cursos anuais de capacitação para administradores, tesoureiros e secretários executivos da AIM e realizamos intercâmbios de formação e capacitação na área administrativa e financeira, enviando e recebendo pessoas de outros países e estados. Também tivemos a preocupação de oferecer assessoria jurídica às igrejas e regiões, informando sobre novas leis, contratos e novo código civil e efetuando os devidos controles, regularizações e cadastro das propriedades.Neste período, tivemos a oportunidade de coordenar a negociação, aquisição e construção de imóveis, aumentando o patrimônio da Igreja Metodista. E pudemos, também,realizar a informatização na área administrativa e de comunicação, sempre com cuidado para administrar bem os recursos disponíveis.

Enfim, creio que foram bons tempos de trabalho, claro com tensões, diversidade de idéias, mas o melhor é que conquistei grandes amizades e bons relacionamentos com pessoas que trabalham em nossas instituições e instituições parceiras. Procurei desenvolver o trabalho da coordenação administrativa em conjunto com as demais áreas de ação. Trabalhamos em equipe, em especial com os colegas da área administrativa, financeira e jurídica. Eles foram suportes para realizarmos os objetivos estabelecidos na coordenação administrativa - que, sem dúvida, também faz parte da missão da Igreja Metodista no Brasil. A área administrativa e legislativa da Igreja é quem procura dar o suporte para que as demais áreas desenvolvam suas atividades de trabalho, providenciando recursos financeiros e oferecendo assessoria pautada na lei civil e da igreja para a realização das atividades e projetos. Meu desejo é que a igreja continue realizando o trabalho na área nacional desenvolvido ao longo destes anos.

Fico feliz em poder me despedir da igreja neste momento de mudança, certo de que muitas coisas foram realizadas, muitos objetivos alcançados, na certeza de que Deus sempre esteve comigo na direção deste trabalho. Agradeço a todas as pessoas com as quais tive o privilégio de trabalhar neste período, a todas que, de maneira direta ou indireta, contribuíram comigo no desenvolvimento do meu trabalho na perspectiva do cumprimento da missão da Igreja Metodista no Brasil e no mundo.

Engenheiro químico, com especialização em administração, Luiz Escobar dedicou os últimos 15 anos ao trabalho da Igreja. Antes de entrar na Sede Nacional atuou na Sede da 3ª Região Eclesiástica. Agora ele irá gerenciar uma empresa, na qualidade de consultor.

 

 


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