Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Estamos de luto


Em nosso luto, choramos aos pés do Senhor e intercedemos pelos que sofrem
 
   Queremos expressar nossa dor e nossa solidariedade às pessoas, famílias e povos que têm sofrido grandes tragédias nesses últimos dias.

Choramos pelos mais de 60 mil mortos no terremoto na China e pelos mais de 5 milhões de pessoas que estão desabrigadas.

 

 

 

 

 

Choramos pelos mais de 100 mil mortos (segundo  ONU) de Mianmar e pelos milhões de pessoas que sobreviveram e têm de enfrentar agora a fome e a peste debaixo de uma ditadura militar desumana e diabólica que está no poder desde a década de 60 e que impede o socorro às vítimas mesmo sem ter condições de prestar o socorro necessário.

Choramos pelos milhares de mortos nos conflitos no Oriente Médio, e muito especificamente pelo povo iraquiano, algoz e vítima de uma guerra civil entre pessoas que deveriam se reconhecer como irmãs. Choramos por israelenses e palestinos que encontraram forças na intolerância e razão na vingança.

Choramos pelos milhares de mortos em Dafur, no Sudão, em mais uma das grandes tragédias des-humanas do continente Africano e pelos milhões de refugiados que tiveram de deixar o pouco que tinham.

Choramos pelo Povo do Zimbábue que viu seu herói da Independência transformar-se num cruel ditador que usa e abusa restatelado no poder militar e político usurpado.

Choramos pelo povo do Tibet que deseja a liberdade política de sua terra, hoje dominados (a terra e o povo) pela força militar da China.

Choramos pelo povo pobre do Brasil... que precisa de atendimento médico e hospitalar... que precisa de atendimento odontológico e oncológico... que precisa de saneamento básico para ficarem livres das valas negras com esgoto a céu aberto... que precisa de boas escolas públicas para que suas crianças possam ter qualquer chance na vida além de perpetuarem-se como pobres nesse demoníaco ciclo de miséria.

Choramos por aqueles que para serem submetidos a um exame oncológico ou a uma simples cirurgia precisam se aguentar na fila da humilhação e não raras vezes da morte.

Choramos por aqueles que precisam de um transplante de órgão... enquanto nossa juventude desorientada afunda o nariz na cocaína que chega ao nosso país aos caminhões e embala suas alegrias e conforta suas dores nos comprimidos de extasy.

Choramos por aqueles que são vítimas de uma religião fundamentalista que os leva a matar em nome de Deus.

Choramos por aqueles que são vítimas de uma espiritualidade alienante que não consegue deixar de ficar olhando narcisisticamente o próprio umbigo e que que não consegue enxergar o próximo ao alcance de suas mãos e de sua capacitade de fazer o bem, ou ao alcance de suas preces.

Choramos pelas vítimas de padres e pastores pedófilos e que tal como lobo em pele de ovelha usam a religião para se enriquecerem enquanto devoram as ovelhas de seu rebanho. Que comem o pão dos famintos, que roubam o conforto dos que choram, que se constróem em cima da dor, da ignorância e da miséria dos que dia a dia vão sendo desconstruídos. Que passam ao largo sem solidarizar-se, fazendo de conta que a dor e o sofrimento do outro não têm nada a ver com eles.

Choramos por aqueles que choram. Choramos com os que choram.

Choramos por aqueles que choram e não têm quem os console.

Choramos inclusive por aqueles que embora não chorem, fazem chorar. Que roubam e matam, que estupram e escravizam. Que reproduzem com os que estão debaixo de seu poder e cuidado o que ele sofreu mas mãos daqueles que o fizeram sofrer. Que roubam o dinheiro da previdência, da saúde, da educação, da merenda escolar, do saneamento básico.

Estamos em jejum cobertos com trapos e cinzas para expressar nossa ambiguidade e loucura da pior espécie.

Estamos clamando por essas pessoas, famílias e povos que precisam tanto de nosso choro, de nossa indignação, de nossas preces, de nossa intercessão, de nossa solidariedade, de nossas mãos abertas...

Estamos de luto.

Estamos de luto pela morte da ética. Pela redução da ética a uma ética privada, de conveniência, de ocasião.

Estamos de luto pelo Evangelho de Jesus que tem sido reduzido a apenas palavras e espetáculo, tão superficial que aparentemente não transforma mais o caráter e o coração da pessoa.

Estamos de luto.

Justamente porque fazemos uma opção clara pelas forças da vida, estamos de luto.

Como canta Pedro Casaldáliga na canção "MIssa da Terra Sem-Males":
"América Latina, ainda na paixão,
um dia tua morte terá ressurreição!"

Maranata, Senhor Jesus!!

Ronan Boechat de Amorim e família.

Pastor da Igreja Metodista de Vila Isabel


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