Sou filho de pais separados. Lembro-me de como foi amarga a experi?ncia de ver minha fam?lia sendo fracionada? isto aos doze anos de idade ganha uma propor??o ainda mais desastrosa. Recordo como foi dif?cil para meu pai achar uma explica??o para o que estava acontecendo? fiquei dias impactado com a noticia.
Depois da separa??o em si, os problemas foram ainda mais complexos. Se eu j? n?o tinha meu pai presente o tempo todo – era representante comercial e viajava muito – com a oficializa??o do div?rcio, aconteceu um distanciamento ainda maior. Ele praticamente n?o me visitava e, se eu quisesse v?-lo, tinha que viajar at? sua nova resid?ncia.
Com o passar dos anos o relacionamento com meus pais passou por um processo triste. Para evitar que os rancores viessem ? tona, o melhor a fazer era n?o falar de um pro outro. Se estava com meu pai, evitava assuntos que lembrassem minha m?e, mesmo porque ele imediatamente, contraiu novo casamento, e o ambiente n?o seria prop?cio. Se estivesse com minha m?e, agia da mesma forma.
Ap?s muito tempo passado a animosidade diminuiu, mas as lembran?as daquela ?poca n?o s?o boas.
Numa situa??o assim, quem fica ? berlinda ? o/a filho/a? por amar al?m do fato, das raz?es, dos equ?vocos. Para um/a filho/a, o que acontece nas desaven?as de pai e m?e, s?o menores do que o amor, o carinho e o respeito que se tem.
Normalmente o que acontece ? que os dois lados quer que o/a filho/a entenda sua forma de ver e interpretar e lhe d? raz?o. N?o ? uma situa??o c?moda ficar no meio, al?m da desarmonia.
Um cora??o de filho/a, tem outras preocupa?es. Pai e m?e, s?o referencias de amor e considera??o. As lembran?as do cuidado e da dedica??o s?o infinitamente maiores do que os desafetos? superam por amor.
Imagino que o cora??o de um c?njuge numa situa??o dessas esteja t?o magoado que n?o consiga coordenar devidamente seu ritmo. A tristeza do fracasso de um sonho, especialmente na ?rea conjugal, deve ser traum?tico.
Em alguns momentos, de outra maneira, revivo essa situa??o toda que passei h? quase trinta anos diante de pessoas que gosto, mas que n?o t?m harmonia entre si. Especialmente nas dimens?es da Igreja, sinto-me, novamente, como ?filho de pais separados?? entre pensamentos, posturas, interpreta?es.
Seja entre carism?ticos e tradicionais, progressistas e pentecostais, ecum?nicos e n?o ecum?nicos, sinto-me tolhido de pensar, agir, gostar e me aproximar de um ou de outro.
Vivemos um momento que se voc? n?o tem um estere?tipo que o identifique numa tend?ncia evidente, voc? ? taxado como "pecador" por ambas as parte e rejeitado.
Sinto-me tra?do por quem me discipulou num evangelho onde o amor lan?a fora todo o medo, a amargura, o desrespeito. Sinto-me triste em conhecer um ?outro evangelho?, onde a pessoa tem que vestires uniformes de carismat?smo ou de tradicionalismo, de progressismo ou de pentecostalismo para ser aceita e sobreviver, e pior, onde gostar de um ou de outro tem representa?es pol?ticas.
Quero, em nome de Deus rejeitar essa tend?ncia. Quero gostar de quem quiser! Quero bater palmas quando quiser, e ficar quieto tamb?m, se assim me aprouver? e quero ter liberdade de pensar, de viver e de sonhar num mundo e numa Igreja onde o amor seja maior que a ambi??o, o respeito continue tendo lugar de privil?gio, onde o Esp?rito Santo tenha liberdade de converter pessoas, opini?es, e de desfazer mal entendidos, desfazer inimizades e, mais que tudo, onde haja lugar para perd?o e reconcilia??o!
N?o quero mais me sentir como me senti h? trinta anos. Nunca mais quero ficar dividido, impedido de dizer que amo esse/a ou aquele/a? quero viver esse evangelho ut?pico que me ensina a B?blia e me inspira Jo?o Wesley, onde seja poss?vel sonhar com unidade em meio a diversidade, onde coisas n?o essenciais sejam tratadas como tal e o essencial seja alvo de toler?ncia, de amor e paz!
No desejo de gra?a e paz,
Rev. Nilson da Silva Jr.
Fonte: blog http://revnilsonjr.wordpress.com/
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