Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

filho de pais separados

Sou filho de pais separados. Lembro-me de como foi amarga a experiência de ver minha família sendo fracionada? isto aos doze anos de idade ganha uma proporção ainda mais desastrosa. Recordo como foi difícil para meu pai achar uma explicação para o que estava acontecendo? fiquei dias impactado com a noticia.

Depois da separação em si, os problemas foram ainda mais complexos. Se eu já não tinha meu pai presente o tempo todo - era representante comercial e viajava muito - com a oficialização do divórcio, aconteceu um distanciamento ainda maior. Ele praticamente não me visitava e, se eu quisesse vê-lo, tinha que viajar até sua nova residência.

Com o passar dos anos o relacionamento com meus pais passou por um processo triste. Para evitar que os rancores viessem à tona, o melhor a fazer era não falar de um pro outro. Se estava com meu pai, evitava assuntos que lembrassem minha mãe, mesmo porque ele imediatamente, contraiu novo casamento, e o ambiente não seria propício. Se estivesse com minha mãe, agia da mesma forma.

Após muito tempo passado a animosidade diminuiu, mas as lembranças daquela época não são boas.

Numa situação assim, quem fica à berlinda é o/a filho/a? por amar além do fato, das razões, dos equívocos. Para um/a filho/a, o que acontece nas desavenças de pai e mãe, são menores do que o amor, o carinho e o respeito que se tem.

Normalmente o que acontece é que os dois lados quer que o/a filho/a entenda sua forma de ver e interpretar e lhe dê razão. Não é uma situação cômoda ficar no meio, além da desarmonia.

Um coração de filho/a, tem outras preocupações. Pai e mãe, são referencias de amor e consideração. As lembranças do cuidado e da dedicação são infinitamente maiores do que os desafetos? superam por amor.

Imagino que o coração de um cônjuge numa situação dessas esteja tão magoado que não consiga coordenar devidamente seu ritmo. A tristeza do fracasso de um sonho, especialmente na área conjugal, deve ser traumático.

Em alguns momentos, de outra maneira, revivo essa situação toda que passei há quase trinta anos diante de pessoas que gosto, mas que não têm harmonia entre si. Especialmente nas dimensões da Igreja, sinto-me, novamente, como ?filho de pais separados?? entre pensamentos, posturas, interpretações.

Seja entre carismáticos e tradicionais, progressistas e pentecostais, ecumênicos e não ecumênicos, sinto-me tolhido de pensar, agir, gostar e me aproximar de um ou de outro.

Vivemos um momento que se você não tem um estereótipo que o identifique numa tendência evidente, você é taxado como "pecador" por ambas as parte e rejeitado.
Sinto-me traído por quem me discipulou num evangelho onde o amor lança fora todo o medo, a amargura, o desrespeito. Sinto-me triste em conhecer um ?outro evangelho?, onde a pessoa tem que vestires uniformes de carismatísmo ou de tradicionalismo, de progressismo ou de pentecostalismo para ser aceita e sobreviver, e pior, onde gostar de um ou de outro tem representações políticas.

Quero, em nome de Deus rejeitar essa tendência. Quero gostar de quem quiser! Quero bater palmas quando quiser, e ficar quieto também, se assim me aprouver? e quero ter liberdade de pensar, de viver e de sonhar num mundo e numa Igreja onde o amor seja maior que a ambição, o respeito continue tendo lugar de privilégio, onde o Espírito Santo tenha liberdade de converter pessoas, opiniões, e de desfazer mal entendidos, desfazer inimizades e, mais que tudo, onde haja lugar para perdão e reconciliação!

Não quero mais me sentir como me senti há trinta anos. Nunca mais quero ficar dividido, impedido de dizer que amo esse/a ou aquele/a? quero viver esse evangelho utópico que me ensina a Bíblia e me inspira João Wesley, onde seja possível sonhar com unidade em meio a diversidade, onde coisas não essenciais sejam tratadas como tal e o essencial seja alvo de tolerância, de amor e paz!

No desejo de graça e paz,

Rev. Nilson da Silva Jr.

Fonte: blog http://revnilsonjr.wordpress.com/

LEIA TAMBÉM: Jorge Mattos, de Florianópolis, faz uma reflexão sobre separação conjugal.

 


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