Acredito que grande parte da popula??o ficou inconformada como eu, em rela??o ? morte da modelo Ana Carolina Reston, de 21 anos, em S?o Paulo no ?ltimo dia 14, em conseq??ncia de uma anorexia nervosa.

Se isto j? n?o fosse suficiente, no domingo, 19/11, morre uma segunda jovem da mesma maneira, desta vez, uma estudante de moda, Carla Sobrado Casalle, que faleceu com a mesma idade de Ana Carolina, 21 anos.

Segundo dados da imprensa, a anorexia est? entre as doen?as psiqui?tricas mais fatais, matando entre dez a 20 por cento dos doentes. Atinge, sobretudo, as mulheres jovens, mas tamb?m afecta crian?as e homens.

O caso ? tao s?rio que tempos atr?s a Espanha proibiu qualquer modelo adulta de desfilar se tiver um ?ndice de Massa Corporal (IMC) de risco, ou seja, inferior a 18,5, indicado pela Organiza??o Mundial de Sa?de. E, a que tudo indica, outros pa?ses devem seguir o mesmo exemplo.

Mas se pensarmos bem, veremos que a trag?dia deflagrada pela morte dessas duas mo?as n?o se restringe ao circuito da moda, pelo contr?rio, ela ? ampla e desastrosa!

Tenho comigo que a causa da morte dessas meninas n?o foi a anorexia por si s?… mas o exagero, o excesso… o descontrole da vaidade, da competitividade, da escravid?o do mercado modista.

Al??s, se o exagero, sob todos os aspectos, fosse diagnosticado como mol?stia, os ?ndices de mortalidade a ele atribuidos seriam vultuosos! Nas mais variadas dire?es, existem pessoas morrendo de exagero, de falta de medida das coisas que fazem, que comem.

Uns/umas, sofrem de magreza, outros/as, de gordura… uns/umas, de excesso de a?car, outros/as da falta dele, nuns/numas, o cora??o ? forte demais, noutros/as, fraco ao extremo.

E n?o ? s? na quest?o f?sica, existem ainda os exageros no campo emocional, intelectual, at? no espiritual, que tamb?m matam, que, de igual modo, degradam o comum da vida e excedem a normalidade, causando desequil?brio e doen?a!

Precisamos entender que os exageros fazem mal sempre! Toda vez que existe abuso, excesso, a sa?de, sob qualquer aspecto, fica amea?ada!

Mesmo as coisas boas, em exagero, fazem mal! Agradar uma pessoa, por exemplo, ? muito bom, mas se n?o tiver medida, sufoca! Tomar ?gua, da mesma forma, faz um bem enorme, no entanto, se isto extrapolar, causa dor e at? morte! Talvez n?o haja algo mais agrad?vel que cantar, por?m, se isto for em exagero, pode causar um dist?rbio vocal ou mesmo no ouvido e, quem sabe, na paci?ncia de quem estiver por perto!

Um texto interessante na B?blia, na verdade um conselho de Salom?o, fala sobre a quest?o da amizade e diz: "N?o sejas freq?ente na casa do teu pr?ximo, para que n?o se enfade de ti e te aborre?a" (Prov. 25:17). Isto pode nos causar muita estranheza, uma vez que a maioria das pessoas entende que a amizade verdadeira tenha a ver com abrir a geladeira da casa do/a amigo/a sem pedir licen?a, mas Salom?o nos surpreende atribuindo tamb?m aos relacionamentos de amizade o princ?pio de que tudo que ? demais faz mal, mesmo amizade, mesmo proximidade, mesmo liberdade!

Nesse prisma, ? preciso pensar e repensar a vida de forma geral… se ela n?o est? fora das medidas do bom senso, da naturalidade, do que seja adequado, saud?vel.

A morte daquelas duas jovens traz ? discuss?o um tema muito relativizado em nosso tempo: a medida certa das coisas.

N?o foi a vaidade que levou aquelas mo?as ? morte, tampouco a anorexia! A doen?a foi uma conseq??ncia do exagero, da quebra dos limites da normalidade… foram v?timas do mesmo mal que tira a vida dos/as obesos/as,dos/as alco?latras, dos/as dependentes qu?micos, dos/as fumantes, dos/as sedent?rios/as, dos/as fan?ticos/as de toda sorte!

As medidas erradas de coisas boas matam de maneira sutil!

Espero, sinceramente, que exista bom senso em tudo que fizermos! Espero que saibamos dar valor, tempo, cr?dito, aten??o, dedica??o a coisas e pessoas na medida certa para n?o cairmos no engodo do exagero!

E que tenhamos vida plena, como Cristo desejou pra n?s!

Na gra?a e na paz,

Rev. Nilson da Silva J?nior

Pastor Metodista em C?ndido Mota/SP

5? Regi?o Eclesi?stica.

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Reportagem do Jornal Folha de S.Paulo.