igreja é local de resistência bispo josué

Romanos 12.1-2


 


Bispo Josu? Adam Lazier


  O Plano Nacional – Objetivos e Metas, aprovado pelo 17? Conc?lio Geral e incorporado pelo Plano Nacional Mission?rio aprovado pelo 18? Conc?lio Geral, incluem na pauta da Igreja o tema de uma comunidade de resist?ncia.[1] Este tema foi muito pouco refletido nestes ?ltimos cinco anos e ele se destaca neste per?odo do ano em que nos encontramos no meio de muitos acontecimentos ao redor do mundo e que indicam a necessidade de a Igreja de Cristo ser o sal da terra e luz do mundo. Por sermos uma Igreja formada por pessoas que vivem num contexto de viol?ncia, de deturpa??o das quest?es religiosas, de corrup??o, de individualismo, de banaliza??o dos valores da vida e da fam?lia, de diversas formas de discrimina??o e preconceitos, a vida de nossas igrejas locais s?o afetadas e muitas atitudes e movimentos intramuros nascem em decorr?ncia deste contexto globalizado. O Plano Nacional afirma:[2]


"A comunidade de resist?ncia ? desafiada a saber separar o que conv?m e o que ? incompat?vel com a dignidade do crist?o e do ser humano. A igreja local, contrariamente ?s tend?ncias do mundo contempor?neo, entende-se como comunidade solid?ria, comunidade de luta por justi?a, comunidade de den?ncia prof?tica, comunidade de paz".


 O texto de Romanos 12.1-2 tamb?m nos inspira nesta mesma dire??o. A vida do crist?o transformado pela gra?a de Deus e, portanto, consagrado ao Senhor, n?o deve ser guiada por valores temporais e que n?o encontram fundamenta??o no Evangelho de Jesus Cristo. Atitudes que agridem a fam?lia, anti-?ticas, movidas por ambi??o humana, n?o correspondem ? nova vida em Cristo Jesus. Desta forma, indicamos alguns aspectos que compreendem a vida de uma igreja de resist?ncia:


 1.      Resistir ? sociedade desumana e injusta. O livro de Apocalipse conclama o povo de Deus a resistir e lutar. A mensagem de Jo?o quer despertar a f? e a esperan?a do povo de Deus em meio a muitas lutas e persegui?es. Trata-se, portanto, de um livro atual, pois tamb?m vivemos num mundo opressor e gerador de morte. Um mundo onde a injusti?a e a morte t?m mais for?a que a Justi?a e a Vida. Hoje tamb?m h? muitos "imp?rios" que tentam impedir o povo de Deus viver e celebrar a vida. Mas vale a pena resistir e lutar acreditando que a sociedade pode ser transformada, pelo testemunho e pelo servi?o crist?o. Esta esperan?a deve levar nossas igrejas a uma a??o mais concreta, consciente e comprometida com a justi?a do Reino de Deus. O futuro depende da maneira como n?s crist?os encaramos as lutas da vida, os problemas que surgem e os movimentos que atentam contra esta vida que ? dom de Deus. Resistir e lutar. Esta foi a mensagem do Apocalipse para os crist?os do s?culo I da nossa era. Esta ? a mensagem para n?s hoje. A Igreja de Cristo tem a for?a da f? e da esperan?a, o poder do amor e da paz, a presen?a constante do Esp?rito Santo e os valores do Reino de Deus que d?o a sustenta??o para que o "ser sal da terra e luz do mundo" se concretize. Quando a Igreja perder esta dimens?o ela deixar? de ter o seu lugar como comunidade mission?ria.


2.      Resistir ? minimiza??o da presen?a da Igreja como comunidade de pastoreio. A Igreja que vai permanecer cumprindo com os prop?sitos b?blicos, teol?gicos, mission?rios, pastorais e doutrin?rios, ? aquela que desenvolver o cuidado pastoral para com os seus membros. Neste sentido, a igreja ? sacerdotal, terap?utica, acolhedora, comunidade de amor e de amparo. Mas, ao contr?rio disto, a igreja que seguir o caminho da massifica??o, do crescimento como fim em si mesmo, da promo??o da auto-ajuda no lugar da reflex?o b?blica, teol?gica e pastoral, do culto destitu?do de atos de arrependimento, confiss?o e dedica??o a Deus, da falta de ?tica, do individualismo, da discrimina??o e da exclus?o, estar? minimizando a sua presen?a na sociedade e, conseq?entemente, deixando de ser o sal da terra e a luz do mundo.


 A rela??o entre f? e vida crist? deve ser fortalecida. A igreja n?o ? meramente um ajuntamento de pessoas que encontraram pontos comuns, mas sim a comunh?o entre aqueles e aquelas que alcan?ados pela gra?a de Deus aprenderam a import?ncia e o valor da f? crist? e a convic??o de que esta f? deve ser agente de transforma??o na vida pessoal, familiar, social, profissional, no exerc?cio da cidadania e na pr?tica dos mais altos valores do Reino de Deus. Os metodistas afirmam em sua doutrina social a "responsabilidade crist? pelo bem-estar integral do ser humano como decorrente de sua fidelidade ? Palavra de Deus expressa nas Escrituras do Antigo Testamento e Novo Testamento".[3] Neste sentido, a Igreja de Cristo deve promover, al?m do cuidado pastoral, os direitos humanos, pois a vida ? um dom de Deus.


 3.      Resistir aos modismos.  A Igreja ? pentecostal, no sentido de que ela ? movida pela a??o e pela din?mica do Esp?rito Santo de Deus. Mas ela n?o segue o curso dos modismos denominados de neopentecostais, que apresentam eclesiologias, pr?ticas ministeriais e a?es pastorais que n?o combinam com a identidade doutrin?ria e a confessionalidade que fundamentam a organiza??o da Igreja. Modismos que transformam o culto em uma busca desenfreada por b?n??os e experi?ncias emocionais ao inv?s de ser express?o de servi?o, de dedica??o e de adora??o a Deus[4] ou movimentos como G-12 e suas varia?es, onde impera a promo??o de conceitos doutrin?rios diferenciados daqueles que s?o confessados pela Igreja e marginaliza as pessoas que n?o participam de seus encontros, s?o mal?ficos e divisionistas. Al?m destes, outras tend?ncias que surgem como ondas que v?m e v?o embora, mas que deixam marcas na vida daqueles/as que foram alcan?ados/as por tais pr?ticas. Resistir ? legitimar nossas doutrinas, nossos costumes, nosso culto, nossa ?tica crist? e pastoral, conservando assim a s? Palavra de Deus.


 4.      Resistir ao hasteamento de bandeirolas. O certo ? que vivemos num pa?s e num contexto latino-americano marcado pela dor, pela divis?o, pela viol?ncia, pelo desamor, pelas injusti?as, pela pobreza, pela mendic?ncia, pela falta de di?logo, pela marginaliza??o, pela discrimina??o, pela religiosidade que legitima o status quo, pelo mercantilismo religioso, pela exacerba??o da intoler?ncia, pela domina??o das drogas e dos traficantes, pela ditadura da corrup??o, etc. Vamos, como Igreja, encontrar a for?a para levantar bem alto nossas bandeiras, sobretudo a bandeira da santidade b?blica, e deixarmos as bandeirolas, que n?o passam de disputas entre n?s mesmos, de somenos import?ncia para o Reino de Deus e para o momento atual da miss?o da Igreja em terras brasileiras e contexto latino-americano. Este ?  desafio do metodismo:


 "manter-se em constante avivamento, o qual quer dizer renova??o interior, por?m evitando cair nos meandros de um sentimentalismo infecundo e at? psicopatol?gico. Manter seu entusiasmo sem desvincul?-lo do regime da intelig?ncia e da cultura, ao mesmo tempo precavendo-se de um intelectualismo congelador. Prosseguir ardentemente seu labor de evangeliza??o, sem troc?-lo por estrat?gias de ordem pol?tico-partid?rio e de t?ticas violentas, e acompanhando um intensificado trabalho pastoral, motivado pela din?mica do amor, da justi?a e do servi?o. E em seu regime interior, mostrando como ? poss?vel governar e conviver sem imposi?es autocr?ticas nem demagogias desintegradoras".[5]


 5. Resistir mas com submiss?o ? a??o do Esp?rito Santo. Temos o desafio de nos submetermos a a??o soberana e din?mica do Esp?rito Santo. O Plano de Vida e Miss?o nos afirma que "o metodismo proclama que o poder do Esp?rito Santo ? fundamental para a vida da comunidade da f?, tanto na piedade pessoal como no testemunho social (Jo 14.16-17). Somente  sob a orienta??o do Esp?rito Santo, a Igreja pode responder aos imperativos e exig?ncias do Evangelho, transformando-se em meio de gra?a significativo e relevante ?s necessidades do mundo (Jo 16.7-11; At 1.8, 4.18-20)". Que a a??o, o poder e  a din?mica do Esp?rito de Deus nos leve a reconhecer o Senhorio de Jesus Cristo em todas as ?reas da nossa vida.


Reformar a na??o, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade b?blica por toda a terra. Esta ? nossa maior "bandeira". A "santidade b?blica" como express?o b?sica da salva??o, pela viv?ncia da f? e das obras de piedade e miseric?rdia, continua a ser o desafio mission?rio do povo chamado metodista".[6] Que a for?a do Evangelho, que mobilizou e impulsionou pregadores/as leigos/as e pastores/as e que levou a expandir o metodismo e a espalhar a semente do Evangelho e do Reino de Deus, continue a operar em nossos cora?es, "para que o mundo creia que Deus nos enviou" (Jo?o 17.21). Recordemos sempre que Deus nos chamou para aben?oar e fazer disc?pulos em todas as na?es (Mt 28.18-20), empunhemos as "bandeiras" do metodismo hist?rico e contempor?neo e ajudemos nosso povo a ser sal da terra e luz do mundo. Que esta resist?ncia seja marcada pela esperan?a e pela "paz de Deus, que excede todo o entendimento" ( Fl 4.7), e que guarda o nosso cora??o e a nossa mente em Cristo Jesus. Que assim seja.


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[1] Plano Nacional – Objetivos e Metas, S?o Paulo, Editora Cedro, 2001, pg. 25.


[2] Plano Nacional – Objetivos e Metas, S?o Paulo, Editora Cedro, 2001, pg. 26.


[3] Credo Social da Igreja Metodista.


[4] Para aprofundar a compreens?o sobre o culto consultar a pastoral do Col?gio Episcopal, intitulada O Culto da Igreja em Miss?o, Editora Cedro, 2006.


[5] Camargo, Justo B?ez, G?nio e Esp?rito do Metodismo Wesleyano, S?o Paulo, Imprensa Metodista, 1986, pg. 82.


[6] Col?gio Episcopal, Plano Nacional – objetivos e metas, S?o Paulo, Biblioteca Vida e Miss?o, 2001, pg. 42.


 

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