Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Ingredientes para um fazer pedagógico saudável

Alguns ingredientes fazem-se importantes e fundamentais na formação do/a educador/a. Entendemos aqui como formação todo o processo de busca e capacitação, para que o movimento em direção ao outro/a seja uma forma de “tocar o coração humano” e de ajudar a construir sentido de vida, tanto para o/a educador/a como para o educando/a. Levantamos alguns destes ingredientes, resgatando algumas palavras essenciais para uma prática educacional pautada nos valores ético-cristãos. São elas:

ENSINO
Iniciamos com a palavra ensino, lembrando que o/a educador/a é aquele/a que, em todo o tempo e em qualquer lugar, ensina e aprende. Ensinar é uma missão, e cabe ao/a educador/a prudente ser sábio/a de coração e ter doçura nos lábios, para que aumente o ensino (Provérbios 16.21). O ensinar também exige humildade no aprender, pois, enquanto seres humanos educadores, aprendemos e reconhecemos os saberes de nossos/as educandos/as.

UNIDADE
Partimos do princípio de que pode haver unidade em meio à diversidade.  Em Romanos 12.4-5 somos advertidos/as a reconhecer nossa individualidade na unidade, “porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em cristo e membros uns dos outros”. Assim, utilizando-nos das nossas diferenças, podemos potencializar a unidade.

DIÁLOGO
A educação que é pautada no diálogo propõe um pensamento crítico do/a professor/a, sem anular a capacidade de o educando pensar criticamente. É uma proposta que se estabelece a partir de algumas condições como a visão que se tem de mundo, da vida e do próprio ser humano.  De acordo com FREIRE (2005, p. 93), “Não há diálogo, se não há uma imensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens”. A educação dialógica é reconhecida através de algumas características do/a educador/a e do/a educando/a. Ao educador/a, além de desenvolver saberes específicos da prática docente, cabe buscar conhecer a natureza humana, suas necessidades, manifestações e sentimentos, pois a relação pautada no diálogo pressupõe respeito e compreensão do outro e da realidade em que vive e, principalmente, dos saberes que os outros sujeitos possuem.  Quanto ao/a educando/a, torna-se um sujeito ativo quando, por meio do diálogo estabelecido com seus pares, com seus/suas professores/as e com a cultura, na própria realidade em que vive, tem a possibilidade de construir sua inteligência e sua personalidade (ARAÚJO, 2002, p.50).
OUVIR
Em Tiago 1.19 encontramos a seguinte recomendação: a “todo homem, que seja pronto para ouvir e tardio para falar”. Assim, ressaltamos que outro ingrediente fundamental na formação do/a educador/a é a capacidade de ouvir, pois ensinar exige saber ouvir. Temos presenciado muitas pessoas que, por vários motivos, apresentam dificuldades para ouvir o outro, por isso, concordamos com FREIRE (1998, p.128) “que esta é uma difícil lição para os educadores: transformar seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com eles”. No entanto, o/a educador/a que reconhece a importância do diálogo na sua prática educativa não fala para os/as educandos/as, mas escutando o que os/as educandos/as tem para falar, aprende a falar com eles/as.

AMOR
O amor, tão bem defendido pelo apostolo Paulo, em 1 Coríntios 13, está acima de apenas querer bem aos/as educandos/as. Muitas vezes, somos simpáticos para com alguns de nossos/as educandos/as e temos grandes dificuldades de nos relacionarmos com outros/as. Não podemos nos esquecer de que é com “mansidão e suavidade que devemos educar os opositores ou aqueles que resistem à instrução” (2 Timóteo 2.25). Lembramos que agir com suavidade e mansidão não significa ausência de autoridade, de prescrição de regras e limites, mas implica a nossa disponibilidade para amar, independentemente da condição em que o outro se encontra.

Poderíamos finalizar com outras palavras, como amizade, alegria, afeto, mas optamos pela palavra amor, elemento integrador que nos impulsiona a ter coragem para enfrentar os desafios e contradições dos encontros entre seres humanos educadores e seres humanos educandos/as, de forma a dar cada vez mais autenticidade ao nosso compromisso primário: contribuir para que o ensino seja um caminho de construção de sentido de vida.


Telma Cezar da Silva Martins
Redatora da Escola Dominical 
Revista das crianças e pré – adolescentes
Pedagoga e Mestre em Educação,
Membro da Igreja Metodista em Santo André – 3ª RE.
 telma.cezar@metodista.org.br

Veja o texto na íntegra publicado na Coleção Sombra e Água Fresca, volume 1 – Referenciais para intervenção. São Paulo: Editeo, 2010 (p. 89-94).


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