Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 19/04/2011

Missão transcultural leva esperança


No Brasil, de acordo com a FUNAI, vivem cerca de 358 mil índios, distribuídos entre 225 povos, que perfazem cerca de 0,2% da população brasileira. Além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também indícios da existência de mais ou menos 53 grupos ainda não contatados.

É para esse mundo indígena que cristãos e cristãs de todas as partes do Brasil têm levado as boas novas de Jesus. Nesta matéria, você vai acompanhar alguns trabalhos em andamento nos estados de Roraima e Mato Grosso do Sul. Há também o trabalho da jornalista Sandra Terena, que com seu documentário, “Quebrando o Silêncio” deu visibilidade a um problema ainda pouco conhecido, o infanticídio indígena. Seu objetivo é promover o debate sobre o tema entre os indígenas, e não influenciar sua cultura.

Macuxis
Mais precisamente, em Roraima, é onde está o lar da etnia macuxi, o maior subgrupo indígena da região que, atualmente soma mais de nove mil e ocupa a extremidade leste do Estado e o norte do Amazonas. Por meio do  trabalho missionário evangélico, cada vez mais macuxis têm se convertido a Cristo. (Na foto ao lado, o templo metodista)

O avivamento já tem reflexos até mesmo na vida cotidiana da tribo. Marcados por um passado recente de disputas violentas por terras com 
fazendeiros da região, os macuxis agora experimentam um período de relativa tranqüilidade. Aqui todos aprendem a cantar os hinos, fazer a leitura, falar de Jesus” orgulha-se o cacique Cizi Manduca, o primeiro indígena a se tornar pastor metodista no Brasil. Casado e pai de nove filhos – um deles é ministro de louvor –, ele onverteu-se na Igreja Evangélica da Amazônia e tira da terra o sustento da família, como qualquer de seu povo. “Ele é um batalhador por sua tribo, prega com entusiasmo, mas mantém as tradições de sua gente. Por meio dele é que quase toda a aldeia veio a aceitar a Cristo, e o objetivo agora é alcançar outras tribos com o Evangelho”, afirma o pastor metodista e teólogo Fábio Cachone dos Santos.

A presença evangélica na região tem trazido benefícios para a comunidade. O pastor Cleber Rosa França, que antecedeu Cachone no trabalho metodista na região e que atualmente congrega na cidade de Barra do Piraí (RJ), acredita ter deixado a tribo em boas condições, não somente em questões de ordem espiritual, mas principalmente na melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. “Edificamos um galpão na Aldeia Maruway e realizamos um sonho antigo dos macuxis, com a construção de um poço artesiano e uma caixa d’água de 10 mil litros. Com isso, as crianças não precisam mais beber água barrenta, os animais não morrem de sede na estiagem e as plantações não correm o risco de secar”, comemora.

Embora o português dos macuxis não seja muito fluente, o pastor Manduca garante que a maioria dos habitantes da tribo consegue ler bem a Bíblia. Para poder levar a Palavra, ele conta com o apoio da Igreja Metodista de Boa Vista, a capital de Roraima, que traduz alguns cânticos para a língua indígena. Se o idioma não chega a ser empecilho, além da falta de material didático, a maior dificuldade, segundo o líder, é a ação de padres que procuram impedir o trabalho de missões em algumas aldeias. “As diferenças no entendimento sobre missões sempre estiveram presentes entre as vertentes religiosas. Os mais diversos tipos de reações à forma da atuação missionária dos evangélicos continuarão acontecendo; cabe a nós continuar lutando por aquilo que cremos, exercendo nosso papel de cidadãos no mundo e do Reino de Deus”, aponta Fábio Cachone.A Igreja Metodista também mantém os projetos indígenas Tapeporã e Eirunepé, entre outros.

Missão em Aquidauana
Carlos Justino Terena, presidente do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas, conseguiu o que para muitos antropólogos é impossível: tornou-se evangélico sem deixar de ser índio. Integrante de uma das principais nações indígenas do Brasil, os Terenas, ele faz parte de um povo bem evangelizado. Dos quase 18 mil indivíduos da etnia, que vivem em aldeias na região de Aquidauana (MS), quase todos são crentes. Os índios que ainda não se converteram conhecem o evangelho, quer dizer foram evangelizados. Prósperos se comparados a outras tribos que vivem praticamente na miséria, os Terenas se destacam pela organização e modo de vida. Segundo Carlos Terena, nas suas aldeias não existe fome e todos trabalham. “Tem gente que diz que somos mais sabidos que os
Xavantes ou os Caiapós, por exemplo. Mas a grande diferença foi a chegada do evangelho”, afirma ele.

O fenômeno de tão expressiva conversão ao cristianismo, sem paralelo em nenhum outro dos aproximadamente 250 povos indígenas brasileiros, tem origem centenária, Mais precisamente, em 1905, quando chegaram às terras dos Terenas os primeiros missionários britânicos. Numa época em que não se falava em treinamento transcultural ou princípios antropológicos, o sucesso da missão pioneira que levou praticamente toda tribo aos pés de Cristo, pode ser explicado como um milagre, como conta Carlos Terena:“Meu tataravô, que era pajé da aldeia, recebeu uma revelação sobrenatural de que o nosso povo deveria seguir os ensinos dos missionários brancos que viriam”. A fascinante história, que atravessa as gerações, esta sendo contada por ele em um livro.

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Veja também:

EDUCAÇÃO ESCOLAR: Um programa de índio?

Reflexão do Rev. José Roberto Alves Loiola                                                                                                      Professor de Teologia na Faculdade Evangélica de Brasília                                                                      Coordenador do Ministério Regional de Combate ao Preconceito Racial 5ª RE                                        Mestre em ciências da religião


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