O que est? acontecendo ?
"O que est? acontecendo com a Igreja Metodista hoje, meu filho?" Minha m?e me questionou a respeito de toda a turbul?ncia e mudan?a que vivemos no meio evang?lico e principalmente metodista. Realmente sei o que minha m?e est? sentindo. Apesar de manter a f?, me afastei um pouco da Igreja pois estava me sentindo sufocado pela institui??o. Percebi que s? poderia fazer diferen?a mesmo na Igreja local, e isso se a igreja local desse espa?o para trabalhos que n?o sejam baseados em m?sica. Eu acho que a Igreja metodista no Brasil est? vivendo um momento de extrema confus?o e falta de identidade seja pela quantidade de fi?is e clara necessidade expansionista ou seja pelos fundamentos fracos e pouco enraizados na comunidade local. Passa-se a participar de um culto ?s estrelas e ?s multid?es e se esquece das comunidades locais, de regar as plantas, de ajudar nos sop?es e de ensinar a palavra de Deus.
Nilton Bonder escreveu que n?s temos a necessidade constante de estar entretidos, de nos sentir ocupados, como se estiv?ssemos fugindo de alguma coisa, como se precis?ssemos ocupar a nossa mente e n?o pensar em mudar a realidade que vivemos. Isso ? muito presente na sociedade e nos indiv?duos e se reflete diretamente na Igreja e sua atua??o. Parece que temos que estar sempre cantando, louvando, e buscando a pr?xima explos?o de fogos de artif?cio para preencher nossa vida, numa histeria coletiva. Fico triste em ver que a Igreja Metodista est? se afastando do metodismo no Brasil. Parece que estamos sem identidade e que fazemos, pensamos e atuamos em tudo da mesma forma que todos os outros evang?licos sem lembrar de nossas ra?zes e sem olhar para o passado.
Sempre me orgulhei de ser metodista. De ter uma identidade, de fazer parte do grupo que pensava diferente, agia diferente e tinha um prop?sito crist?o claro baseado no amor. Hoje, pela vontade de Deus e pelas correntezas da vida, moro em Chicago e tenho congregado na Igreja Metodista Local (United Methodist Church) e tenho que dizer que as coisas s?o bem diferentes.
A Igreja aqui ? extremamente ativa. Participa de projetos de constru??o de casas, manda adolescentes para evangelizar em regi?es pobres dos EUA, d? aulas de ingl?s para imigrantes, contribui com a prefeitura em eventos eclesi?sticos e ecum?nicos, e etc., mas em tudo o senso de comunidade e de identidade s?o presen?a constante e fort?ssimos. ? como se todos soubessem de onde vieram e para onde v?o, e a identidade crist? e metodista ? o que ajuda a sempre apontar a b?ssola para o norte espiritual.
Tem sido muito bom congregar aqui, pois existe aten??o aos detalhes, ? comunidade, ao ritual, e ?s pessoas principalmente. N?o me sinto como um n?mero ou mais um "Jo?o na multid?o" cantando as m?sicas das r?dios evang?licas e chorando com o cora??o contrito na hora que o grupo de louvor d? a deixa. Apesar de conservadora, vejo que eles atuam com muito mais foco e resultado nas comunidades ao redor do que a Igreja Metodista no Brasil. Apesar de conservadora, vejo que eles atuam com muito mais foco e resultado nas comunidades ao redor do que a Igreja Metodista no Brasil. ? claro que estamos ? claro que estamos falando de igrejas em economias altamente desenvolvidas (com Igrejas com ar condicionado, carpete e bancos acolchoados) mas a aten??o e o senso de comunidade que n?o temos no Brasil ? o que mais me surpreende aqui.
Acho que o meu “wake up call” aconteceu quando fui a um congresso da Igreja Metodista 15 anos atr?s e foi feita uma palestra sobre planejamento estrat?gico da Igreja. Nada errado com fazer planos, mas fiquei boquiaberto e pensei “daqui a pouco vamos estar falando de dividendos, lucratividade e ROI”. Esses conceitos s?o v?lidos, mas apenas quando olhamos as pessoas como "mercado em potencial". Fiquei sabendo tamb?m que v?rios grupos de louvor de v?rias igrejas metodistas no Rio de Janeiro est?o gravando CDs e fazendo contratos de distribui??o. Realmente o palco, quer dizer o p?lpito pode ser usado como arma e como plataforma de distribui??o de mercadorias e isso nos distancia cada vez mais do proposito original da f?.
Onde est? aquela Igreja engajada que cuida dos seus? Que mant?m sua vis?o no alvo, ou seja aqueles que n?o tem outro recurso a n?o ser acreditar? Onde esta aquela igreja que deveria ser n?o um hospital, mas um o?sis de sanidade e amor em contrapartida ao que o mundo acredita hoje? N?o sei. Desencantei, mas sei que a institui??o ? bem diferente do movimento e minha f? est? mais forte do que nunca, especialmente por todas as situa?es que passei na vida e por saber que o nosso ?nico prop?sito na vida ? dar louvor ao nosso criador.
Sempre quis viver uma vida cheia de experi?ncias, por isso nunca disse n?o a oportunidade nenhuma que passou na minha frente para poder ver o mundo. Por isso c? estou e n?o sei onde estarei amanh?. Afinal de contas s? levamos da vida as experi?ncias e o amor, certo? No final s? o amor importa, nada mais. O amor que ? fruto da f? e da nossa vis?o de mundo, forjada nas comunidades onde crescemos e onde fomos ensinados e educados. Dou gra?as a Deus por pessoas como minha m?e, Maria Luiza Lotfi, minha tia Abigail da Cunha Braga, Z?lia Constantino e o Rev. Bispo Paulo Ayres, que realmente e diligentemente souberam transmitir o senso de comunidade crist?, de amor fraternal e de responsabilidade em minha vida, me dando ferramentas para poder trilhar o meu pr?prio caminho segurando a m?o de Deus.
Andr? Lotfi Maximiano
