Palavra Episcopal Fevereiro 2010

Trag?dia no Haiti








 


Adriel de Souza Maia – Bispo na 3? Regi?o Eclesi?stica


A not?cia do terremoto que arrasou o Haiti no ?ltimo dia 12 de janeiro de 2010, especialmente, a capital, Porto Pr?ncipe, chegou fortemente em minha vida. Estive no Haiti h? cerca de cinco anos compondo uma comitiva internacional denominada: "Miss?o de Paz", sob a lideran?a de Adolfo Esquivel – Pr?mio Nobel da Paz – e, nesse sentido, percorri os principais espa?os pol?ticos e sociais desta na??o que vem sofrendo h? anos uma qualidade de vida subumana.
Foi uma viagem marcante, em especial, pelas experi?ncias adquiridas com esse povo sofrido, mas esperan?oso com um dia melhor.

Igualmente, ouvindo os segmentos representativos do pa?s sobre a sua hist?ria, de maneira especial, as interven?es, ocupa?es, o embargo pol?tico e intelectual e, nessa esteira, comprometendo a chamada autodetermina??o dos povos.
Tenho na minha mem?ria as crian?as pelas ruas da cidade ? procura de um peda?o de alimento, o impacto da visita aos pres?dios da capital, a inseguran?a do povo andando pelas ruas ao som dos tiros disparados, a ansiedade da juventude na busca de uma melhor qualidade educacional e, ainda, a rede hospitalar insuficiente para atender ?s necessidades b?sicas da popula??o. H? muita gente morrendo antes da hora e, ainda, uma popula??o marginalizada e sem a dignidade de sua cidadania.
Assim sendo, deparei-me com um t?tulo de uma reportagem num dos jornais de grande circula??o nacional: "O Haiti j? estava de joelhos; agora, est? prostrado". Realmente, este ? o cen?rio deste pa?s que sofre a profunda dor do apagamento de mais de 150 mil pessoas e incont?vel n?mero de feridos e, do mesmo modo, com uma profunda sensa??o do desaparecimento de uma na??o.
A trag?dia registrou a morte de lideran?as internacionais importantes que estavam l? prestando solidariedade ao povo haitiano e buscando intensificar parcerias para uma melhor qualidade de vida pessoal, social e ambiental para esse povo. Entre elas destacam-se a m?dica Dra. Zilda Arns Neumann, idealizadora e coordenadora da Pastoral da Crian?a e, ultimamente, Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e dois l?deres metodistas em miss?o no Haiti: o Reverendo Dr. Sam Dixon, diretor da Ag?ncia de Socorro Humanit?rio da Igreja Unida (UNCOR) e o Reverendo Clint Rabb, Coordenador dos Volunt?rios em Miss?o da Igreja Metodista Unida.
Ainda no ardor dessa trag?dia algumas r?pidas considera?es:


a) Num desastre com essa propor??o muitas s?o as interpreta?es apocal?pticas sobre a trag?dia.Devemos ter muito cuidado com as explana?es teol?gicas que est?o sendo dadas a esse acontecimento e, na verdade, muitos cercados de preconceitos e descaracterizando o fundamento b?blico do Deus da justi?a, da paz, da reconcilia??o e mesmo com as conting?ncias humanas ? o Deus que revela em Jesus Cristo o seu amor ? humanidade. Foi muito oportuna a reflex?o do Pr. Ricardo Gondim quando ele sublinha: "acredito em um Deus que se relaciona com a humanidade em outras bases. Deus ? amor. A bonan?a e a tempestade s?o elementos da conting?ncia, espa?os para a liberdade. N?o creio na teologia da Provid?ncia. Aceito que Deus amorosamente participa nas iniciativas de bondade e nos movimentos de justi?a que um cataclismo possa desencadear. N?o imagino que o Deus de Jesus Cristo possa estar por detr?s de um acidente t?o horrendo. Ele ? luz e interpela homens e mulheres de bem que se fa?am presentes na cat?strofe, minorando o sofrimento dos pobres. Descreio das l?gicas que transformam os pensamentos divinos em maldi??o, Deus ? o Deus da paz."


b) Assim sendo, ? quase imposs?vel encontrar palavras para apresentar a trag?dia no territ?rio haitiano. As not?cias que chegam e as imagens que s?o exibidas d?o conta da profunda agonia e do total estado de caos da popula??o no Haiti. Comentando sobre o terremoto no Haiti, o Pr. Israel Belo de Azevedo, em sua mensagem "Prazer da Palavra" de 21 de janeiro de 2010 diz assim: "A chamada "peste negra" devastou a Inglaterra no come?o do s?culo 17. De seu escrit?rio na igreja, o pastor John Donne (1572-1631) via os corpos sendo carregados para serem sepultados em valas comuns, como no Haiti de 2010. Ent?o escreveu:


"Nenhum homem ? uma ilha plena em si mesma. Cada homem ? uma parte do continente, uma parte do todo. Se uma por??o de terra ? levada pelo mar, a Europa ? levada, como se um penhasco fosse, como se a casa dos teus amigos ou a tua pr?pria fosse. Toda a morte humana me diminui, porque sou parte da humanidade. Ent?o, n?o queiram saber por quem os sinos dobram: eles dobram por ti" (John Donne – Devotions Upon EmergentOccasions, 1623).


c) No cen?rio dessa agonia, uma luz brilha, ou seja, a luz da solidariedade de ag?ncias humanit?rias, ONGs, Igrejas, empresas, volunt?rios se apresentando de toda a parte do mundo, governos etc. se articulam para oferecer ao povo haitiano a dignidade da vida. Com certeza, somente a solidariedade ativa poder? tirar o povo dessa prostra??o e coloc?-lo em p? para sonhar com o novo dia.


Nessa perspectiva, o povo chamado metodista est? sendo convocado para participar desse movimento de solidariedade em favor do povo haitiano e a reconstru??o desse Pa?s.
Igualmente, reafirmamos a nossa confian?a na gra?a transformadora de Deus, mesmo diante da ambig?idade da vida.
Em ora??o em favor dessa na??o.
Com f?, esperan?a, solidariedade e amor.

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