Palavra Episcopal junho 2008

 O trip? do discipulado Wesleyano







 

Jo?o Carlos Lopes – Bispo na 6? Regi?o Eclesi?stica


O escritor quaker Elton Trueblod, falecido em 1994, fez a seguinte observa??o a respeito da igreja crist?: "talvez a maior fraqueza da igreja crist? contempor?nea ? que milh?es dos seus supostos membros n?o est?o de fato envolvidos. O que ? pior, esses membros n?o pensam que isso seja estranho. T?o logo reconhecemos a inten??o de Jesus de fazer de sua igreja uma companhia militante, percebemos imediatamente que o que convencionalmente entendemos por igreja, n?o ? suficiente. N?o existe chance real de vit?ria para uma companhia se noventa por cento dos seus soldados est?o sem treinamento e n?o querem se envolver. E essa ?, de fato, a nossa situa??o".


Jo?o Wesley disse: "A igreja n?o transforma o mundo fazendo novos convertidos. Ela transforma o mundo fazendo disc?pulos." A ordem de Jesus foi "Ide e fazei disc?pulos de todas as na?es" Mt 28. E o fundamento do discipulado ? o fato de que "aquele que diz estar nele, tamb?m deve andar como ele andou" I Jo?o 2.6.


Com base no minist?rio terreno de Jesus, Jo?o Wesley desenvolveu um plano simples para amadurecer e equipar os metodistas do seu tempo. Esse plano refletia as seguintes convic?es b?sicas de Jo?o Wesley a respeito do discipulado:


1. Discipulado ? necess?rio


Jo?o Wesley escreveu: "estou cada dia mais convencido de que o maior desejo do diabo ? que em todos os lugares as pessoas sejam apenas semi-despertas e que depois sejam abandonadas e voltem a adormecer novamente".


Wesley estava convencido de que as pessoas despertas pela prega??o p?blica do evangelho precisavam ser envolvidas num processo cont?nuo de confiss?o de pecados; arrependimento; presta??o de contas e santifica??o.


2. Na din?mica do discipulado, pequenos grupos s?o necess?rios


Em 1743 Wesley organizou a sociedade. "Tal sociedade ? nada mais do que uma companhia de homens tendo a forma e buscando o poder da piedade, unidos a fim de orar juntos, receber a palavra de exorta??o e cuidar uns dos outros em amor, para que possam se ajudar mutuamente no desenvolvimento da sua salva??o".


Discipulado era a chave para esse n?vel de vida em santidade. Assim Wesley criou seu trip? para o desenvolvimento da din?mica do discipulado: a) Sociedade; b) Classes e c) Bands.


a) Sociedade (as multid?es)


O prop?sito da sociedade era gerar mudan?a no n?vel do conhecimento e reunia pessoas de uma ?rea geogr?fica espec?fica. Esse grupo maior de pessoas se reunia uma vez por semana para orar, cantar, estudar a b?blia e cuidar uns dos outros em amor. Havia pouca provis?o para resposta pessoal e presta??o de contas. Como vimos acima, Jo?o Wesley descreveu a sociedade como "uma companhia de pessoas tendo a forma e buscando o poder da piedade". Era uma reuni?o muito parecida com os cultos dominicais em nossas igrejas hoje.


b) Classes (os 12 disc?pulos de Jesus)


O prop?sito das classes era gerar mudan?a de comportamento. As classes refletiam a estrutura mais b?sica da sociedade. Cada classe era composta de 12 a 20 membros, de ambos os sexos, com variedade de idade e classe social, sob a dire??o de um l?der treinado.


N?o eram encontros para aprendizado acad?mico. Reuniam-se semanalmente, ? noite, para confiss?o m?tua dos pecados e presta??o de contas para crescimento em santidade.


As classes providenciavam a estrutura para a "inspe??o das condi?es do rebanho"; para ajudar as pessoas nas suas lutas e tenta?es e para ajud?-las a entender melhor, em termos pr?ticos, as mensagens que haviam ouvido nas reuni?es da sociedade.


Para continuar na sociedade, era necess?rio pertencer a uma classe. Em 1742, numa sociedade em Londres havia 426 membros, divididos em 65 classes. Dezoito meses mais tarde, aquela mesma sociedade tinha 2.200 membros, todos envolvidos em uma classe. Toda semana cada membro da classe tinha o dever de falar aberta e honestamente a respeito da "situa??o da sua alma".


c) "Bands" (semelhante aos tr?s disc?pulos mais pr?ximos de Jesus: Pedro, Tiago e Jo?o):


O prop?sito das "bands" era gerar mudan?a de dire??o, cora??o e posi??o. Uma "band" era composta de 4 membros, do mesmo sexo, aproximadamente da mesma idade e estado civil. Eram c?lulas volunt?rias com  pessoas que tinham um compromisso claro e que desejavam crescer em amor; santidade e pureza de inten??o. O ambiente nas "bands" era de completa honestidade e franqueza.


Havia regras sobre pontualidade e ordem nos encontros. Perguntas espec?ficas foram introduzidas para que semanalmente cada membro respondesse aberta e honestamente:


Que pecado conhecido voc? cometeu desde a nossa ?ltima reuni?o?


Que tenta?es voc? encontrou?


Como voc? foi liberto delas?


Voc? pensou, disse ou fez qualquer coisa que tem d?vida se ? pecado ou n?o?


H? qualquer coisa que voc? tem o desejo de manter em segredo?


Podemos notar que nas "bands" n?o havia espa?o para fingimento. Ali havia compromisso de confidencialidade e m?tua submiss?o. Era um "centro de treinamento" para futuros l?deres.


3. Na din?mica do discipulado, l?deres s?o necess?rios:


Num modelo como esse, a necessidade de l?deres ? grande. Jo?o Wesley treinou e mobilizou um grande n?mero de l?deres. Eram homens e mulheres, barbeiros, ferreiros, padeiros, donas de casa. E a descri??o da fun??o daqueles que cuidavam das sociedades e das classes era muito simples: "pregue; ensine; estude; viaje; re?na-se com as sociedades, classes e bands, exercite-se diariamente e alimente-se moderadamente".


4. O alvo do discipulado ? uma vida de santidade e servi?o a Deus e ao pr?ximo:


O alvo a partir do qual todo o processo deveria ser constantemente avaliado era: santidade e boa vontade – espiritualidade e servi?o. Essa din?mica produziu um novo tipo de cidad?o e cidad?, num per?odo da hist?ria da Inglaterra em que a criminalidade e toda forma de pecado p?blico crescia vertiginosamente. Esses homens e mulheres foram instrumentos de Deus na reforma tanto da igreja como da sociedade na qual viveram.


5. Conclus?o:


De acordo com a narrativa dos evangelhos, Jesus ministrou ?s multid?es 17 vezes. Entretanto, h? aproximadamente 46 men?es nos evangelhos de que ele gastou seu tempo em particular com os seus disc?pulos. Naqueles grupos menores ele os treinou para o minist?rio.


"Ide e fazer disc?pulos (…) Ensinando-os a guardar (obedecer)". N?o ? poss?vel fazer disc?pulos e disc?pulas sem treinamento. E n?o pode haver treinamento sem presta??o de conta.


Ent?o:


Fa?amos dos pequenos grupos uma prioridade na nossa miss?o de fazer disc?pulos e disc?pulas;


Envolvamo-nos consistentemente na tarefa de treinar outros para tamb?m fazerem disc?pulos e disc?pulas;


Lembremo-nos da nossa hist?ria e sigamos o testemunho e o exemplo daqueles e daquelas que nos antecederam nessa aben?oada tarefa de fazer disc?pulos e disc?pulas;


Renovemos nosso compromisso com o evangelismo, reconhecendo que, acima de tudo, evangelizar ? fazer disc?pulos e disc?pulas.

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