Palavra Episcopal maio 2009







 


Jo?o Alves de Oliveira Filho,
Bispo Em?rito da Igreja Metodista – 5? Regi?o


O m?s de maio, especialmente na tradi??o da nossa Igreja, tem sido lembrado como o m?s da fam?lia, pois al?m de nele se enaltecer a quest?o familiar, comemora-se no segundo domingo o "Dia das M?es. H? de se ressaltar que "um" m?s ? muito pouco para que o assunto "fam?lia" seja profundamente debatido, estudado e questionado, poish? vari?veis significativas que necessitam de um "adorno" mais profundo. A igreja, em sua a??o docente, tem procurado se pautar pelo ensino b?blico para conscientizar sua membresia sobre o tema da fam?lia.


Trata-se de uma "luta" desigual, pois enquanto ela, Igreja, se debate em temas que, para uma grande parte da sociedade, j? est?o superados, a precocidade de outros temas avan?a "a passos" largos. O desafio est? nas m?os da Igreja, que por meio de a?es santificadoras, amorosas e terap?uticas, dever? dar continuidade a projetos que visem fortalecer os la?os da fam?lia. Por?m, o que Jesus espera de cada um(a) de n?s, em se tratando de: fam?lia – chamado – compromisso? Compartilho com voc?s dois momentos, n?o muito convencionais, em que Jesus protagoniza cenas referentes ao assunto da fam?lia, chegando a causar "ru?dos" em nossa forma??o cultural e religiosa.


A primeira cena ? relatada no evangelho de Lucas 2.41-52, cujo texto refere-se a Jesus com 12 anos de idade dialogando com os doutores no Templo. O contexto versa sobre a P?scoa, os pais de Jesus foram participar dessa festa e, no retorno, o menino se perde. Os pais voltam para procur?-lo e, quando o encontram, a m?e lhe diz: "Filho porque fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos a tua procura" (v.48). O menino responde: "Por que me procur?veis? N?o sab?eis que me cumpria estar na casa de meu Pai?" (v.49). No relato podemos perceber alguns aspectos do nosso cotidiano, tais como: festa, perda, procura, encontro, preocupa??o.A "bronca" ? a mesma recebida por Jesus: "Por que fizeste assim conosco?" Cada um(a) de voc?s poder? interpretar esta frase da melhor maneira poss?vel, mas tenho plena certeza que as mais comuns s?o: "N?o chegue tarde"… "De onde estiver ligue para casa"… "Cuidado com quem anda", etc. A resposta do menino n?o foi compreendida pelos pais, por?m, a m?e, de acordo com o relato, guardava tudo em seu cora??o.


Enquanto a preocupa??o da m?e era com a figura do menino, ele radicaliza: n?o vim a este mundo para colocar em pr?tica este tipo de preocupa??o… vim a este mundo para cumprir a vontadedo meu pai. Este ? o meu compromisso. Talvez perguntemos: Jesus n?o enfatizava a quest?o familiar? Sim, ele viveu com a fam?lia, cresceu em um ambiente familiar, trabalhou com o pai, etc., por?m, deixou claro que a fam?lia n?o podia impedi-lo de cumprir a tarefa para a qual estava comissionado. Para aos nossos dias, esta ? uma vari?vel que devemos levar em considera??o, ou seja: at? que ponto as rela?es familiares n?o t?m impedido uma comunh?o sinalizada pela Gra?a? At? que ponto as preocupa?es exageradas n?o t?m roubado e impedido que o di?logo seja o caminho vi?vel nas comunica?es e relacionamentos? At? que ponto a Igreja continuar? se debatendo em temas descontextualizados, enquanto nossos(as) jovens, filhos(as) contemplam e vivenciam um mundo diferenciado e mergulhado em proposituras que "arranham" a nossa vida espiritual? N?o estou afirmando que devemos "romper" com a fam?lia, subjugar a fam?lia, por?m coloc?-la no caminho de Jesus, ou seja, a fam?lia ? aquela que segue os passos do Mestre e n?o empecilho na promulga??o do Reino de Deus.


A segunda cena encontramos em Mateus 12.46-50. Incisiva, dura, radical a palavra de Jesus. Do ponto de vista estritamente sentimental e emocional, dificilmente compreenderemos esta orienta??o de Jesus. Algu?m afirma: "Est?o a? seus irm?os e sua m?e e querem ver-te." O filho responde: "Quem s?o meus irm?os e minha m?e?" E aponta para os disc?pulos sinalizando que eles s?o os irm?os, ou seja, a fam?lia dEle, pois irm?os, m?e e irm?s s?o aqueles(as) que fazem a vontade de Deus. Esta cena n?o ? comum; ela ? impr?pria para os nossos padr?es ego?stas e conformistas. Ser? que Jesus recebeu sua fam?lia? Deu aten??o a ela? Orou com ela? Por outro lado, qual foi a rea??o da fam?lia? Aceitou a postura de Jesus? Insistiu em dialogar com ele? Foi embora? A resposta pode ser encontrada em Marcos 3.20-21. De acordo com o texto, Jesus vai para casa e a multid?o o segue, n?o dando "tr?gua" nem para o momento da refei??o. Neste momento chegam os parentes (fam?lia) e preocupados com tudo que cerca o Filho famoso, decidem "blind?-lo", pois cr?em que ele est? fora de si e mentalmente afetado. Este fato ilustra muito bem qu?o pouco a sua fam?lia o compreendia, e tamb?m qu?o pouco compreendia a sua miss?o. Por?m, queiramos ou n?o, uma coisa fica muito clara: fam?lia para Jesus s?o aqueles(as) que est?o no caminho e o ajudam a carregar a cruz. Mas o que fazer com a nossa fam?lia? A fam?lia de Jesus resolveu proteg?-lo e at? insinuou que ele estava "fora de si". E n?s em nossos dias? Como temos tratado as nossas rela?es familiares? N?o tenho condi?es de responder, mas at? que ponto fam?lia-institui??o e fam?lia-do-caminho se ajustam? Fam?lia-institui??o ? aquela que atua em redor de si, se auto protege, determina par?metros, cria personalismos… vive no gueto. Fam?lia-do-caminho, encontra pessoas, cura as feridas, ouve, ? perseguida, n?o tem prote??o, ? peregrina… fam?lia-do-caminho… caminha, carrega a cruz, vive a auto-doa??o, n?o tem ouro nem prata… tem a Gra?a da Ressurrei??o.


E a Igreja? O que fazer com a fam?lia? Ampar?-la? Desampar?-la? Mold?-la?… Discrimin?-la? Em meio a tantas figuras e proje?es, que se misturam com malabarismos no sentido de se encontrar o significado da cruz, projetamos e muitas vezes deliramos. Criamos sofismas, montamos palcos, projetamos shows, inventamos, re-inventamos… com a finalidade de trazer Deus at? n?s, agradar a Deus… queremos v?-lO no trono, para qu?? Raspamos as nossas cabe?as, andamos descal?os, dan?amos, louvamos, oramos… atingimos as nossas fam?lias?.. Ajudamos a coloc?-las no caminho? Enquanto a nossa adora??o embasar-se somente em temas que nos distanciam, que recriminam, que discriminam… enquanto a nossa adora??o embasar-se somente na esfera vertical, ou seja, para n?s mesmos, para a nossa satisfa??o, continuaremos a procurar Jesus e, ao encontr?-lo, ouviremos: meu pai, minha m?e, meus irm?os e minhas irm?s, s?o todos(as) aqueles(as) que fazem a vontade do meu Pai. Como reagiremos? Conforme afirma o c?ntico: "Fam?lia unida somos, fam?lia de Jesus, / Iluminados todos, / Da mesma santa luz…/ Olhar com simpatia os erros de um irm?o, / E todos ajud?-lo com terna compaix?o (HE, 395). Fico a perguntar: como anda a ecumenicidade da fam?lia? Ser? que segue os padr?es da Igreja?… Da Gra?a Redentora? O poeta, em sua interpreta??o teol?gica pode nos deixar este legado: "Fam?lia unida somos, fam?lia de Jesus," e por pertencermos a essa fam?lia, olhamos com simpatia, n?o com discrimina??o, os erros do nosso irm?o. Ser? que n?o ? isto que nos falta? Temos sidos ousados o bastante, como fam?lia, a ponto de "olhar" com simpatia as nossas rela?es, especialmente as ligadas com aqueles(as) que fazem parte do nosso ambiente familiar? Quantos de n?s ?esposas, maridos, filhos(as), pastores(as)? n?o somos "escanteados(as)" porque n?o seguimos os estere?tipos? Comopoderemos, comofam?lia, andar pelo caminho… carregando a cruz?

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