Palavra Episcopal março 2009

P?scoa:
Tempo de lombos cingidos, sand?lias nos p?s e cajado na m?o.








 


Geoval Jacinto da Silva, Bispo Honor?rio da Igreja Metodista


Crist?os em todas as partes do mundo est?o celebrando o per?odo lit?rgico conhecido como o “ciclo pascal”. Este per?odo do calend?rio crist?o tem in?cio na quarta-feira de cinzas e vai at? o domingo de Pentecostes (50 dias ap?s o domingo da Ressurrei??o). Neste per?odo est?o inclusos: a quarta-feira de cinzas, o domingo de ramos, a paix?o, a ressurrei??o e o pentecostes. Cada etapa tem um sentido lit?rgico e deve ser celebrada com sua ?nfase pr?pria.
Nesta pastoral destaco o per?odo que vai da quarta-feira de cinzas at? a paix?o, isto ?: 

A pris?o, o julgamento e a crucifica??o do Senhor Jesus Cristo. Vamos resgatar elementos lit?rgicos e pastorais para uma Igreja que busca sua revitaliza??o e apresenta-se ao mundo como uma comunidade de servi?o para “Testemunhar a Gra?a e fazer Disc?pulos e Disc?pulas”.
O ciclo da p?scoa resgata a mem?ria de sua origem que est? ligada ?s “festas do povo de Israel”. Suas lembran?as abrem caminho para a celebra??o na Igreja Crist? de eventos decisivos que um dia se cumpriram por interm?dio da vinda, minist?rio, morte e ressurrei??o do Senhor Jesus Cristo. Entre tantas outras festas celebradas, ganha destaque por seu significado de lembran?as que marcam de esperan?a a festa da P?scoa. O termo P?scoa, que no hebraico ? passach, etimologicamente indica o nome da festa.
A celebra??o dava aos participantes a lembran?a inesquec?vel da sa?da do Egito. Sa?da marcada por diversas situa?es de dificuldades, incluindo sacrif?cios das crian?as primog?nitas. Esta sa?da, marcada pela morte dos primog?nitos, por certo,  era uma lembran?a que jamais poderia calar na mente e no cora??o do povo (Ex 13.11). A celebra??o deveria ser marcada de forma que os participantes guardassem na mem?ria que sempre continuariam em processo de caminhada e com a esperan?a de que cada dia era um novo dia a ser conquistado debaixo da gra?a e da miseric?rdia de Deus. Portanto, por se tratar de um tempo de lembran?a de um passado n?o muito distante, a refei??o deveria ser tomada como se o povo estivesse em prontid?o e em processo de expectativa: a refei??o pascal devia ser tomada ? pressa, com “lombos cingidos, sand?lias nos p?s e cajado na m?o” (Ex 12.11). Embora a festa estivesse boa n?o era para nunca esquecer os acontecimentos hist?ricos que marcaram a vida do povo e nem a promessa dada um dia a Abra?o de que seria o “pai de uma grande na??o”. Ser uma grande na??o implicava no compromisso de ser motivo de b?n??o para outros povos. “S? tu uma b?n??o” (Gn 12. 2 e Gl 3.8).
Qual ? o sentido das festas do povo de Israel para a Igreja hoje? Mant?-las vivas seria negar a presen?a do Cordeiro Real na vida da Igreja. Depois de sua ressurrei??o e efus?o do Esp?rito Santo na vida dos disc?pulos e na vida da Igreja, as festas ganham um novo sentido teol?gico e pastoral possibilitando assim ? Igreja cumprir sua tarefa mission?ria sempre com alegria, como afirma o salmista: “servi ao Senhor com alegria” (Sl 100).
Qual o sentido do “lombo cingido, sand?lias nos p?s e cajado na m?o” para a Igreja quando celebramos o tempo de P?scoa?
A hist?ria da Igreja tem mostrado que em muitos momentos ela se distanciou do seu sentido de peregrina e escatol?gica e se envolveu em diversas quest?es que n?o contribuem para o fortalecimento da presen?a do amor, da paz e da miseric?rdia na vida do ser humano como valores do Reino de Deus para o qual a Igreja foi constitu?da como promotora destes valores t?o importantes para a vida do ser humano, em especial nos dias em que estamos vivendo. Assumir o sentido do “lombo cingido, sand?lias nos p?s e cajado na m?o” ? assumir a atitude de estar sempre em marcha em dire??o ao Reino. Caminhar nesta forma de expectativa e esperan?a tamb?m nos leva a entender que P?scoa ? a grande oportunidade que Deus nos concede para recordarmos que estamos neste mundo de passagem.
A P?scoa surge como um tempo de atos de piedade e miseric?rdia, leitura e reflex?o na Palavra de Deus, ora?es, arrependimento e prontid?o para ouvirmos o Esp?rito de Deus e humildemente e com esperan?a celebrarmos a Ressurrei??o do Senhor Jesus. Ressurrei??o que acontece a cada dia na vida de homens e mulheres que est?o com o desejo de viver em novidade de vida. A Igreja que est? com o “lombo cingido, sand?lias nos p?s e cajado na m?o,” e com os olhos voltados para Jesus como afirma o livro de Hebreus: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da f?, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta suportou a cruz, n?o fazendo caso dos maus tratos, e est? assentado ? destra do trono de Deus” (Hb 12.2), ser? portanto, uma Igreja pronta e disposta a “Testemunhar a Gra?a e fazer disc?pulos e Disc?pulas”,
Entendo discipulado como define a Igreja Metodista:


Discipulado ? o modo de vida, o estilo que caracteriza a vida daqueles que est?o comprometidos com o Reino de Deus, que fazem da Nova Justi?a, ou seja, dos valores ?ticos e da justi?a do Reino uma prioridade na sua vida e que se dedicam integralmente ao servi?o crist?o, ao evangelismo e ao testemunho, em cumprimento ? vontade de Deus Pai.
Esse modo de vida ? descrito, principalmente, no Serm?o da Montanha (cf. Mt 5, 6 e 7).
Discipulado ? uma maneira de ser em que as pessoas se relacionam, entram em comunh?o, acolhem umas as outras, compartilham o que s?o, sentem e carecem; oram umas pelas outras, louvam e adoram ao Senhor juntas, estudam a Palavra ? luz da Gra?a, da experi?ncia e da raz?o da comunidade da f?. Nesse sentido, vivem e cumprem o que a Palavra nos diz:


• Levar os fardos uns dos outros – G?latas 6. 1-2;
• Acolher-se mutuamente conforme Cristo nos acolheu – Romanos 15.7;
• Apoiar, ser o suporte uns dos outros – Colossenses 3.13;
• Perdoar-se mutuamente – Ef?sios 4.32;
• Expressar o amor mutuamente – Ef?sios 5. 1-2;
• O mais forte ? convidado a suportar e ser o suporte do mais fr?gil – Romanos 15.1;


Cristo e sua comunidade apost?lica experimentaram esse estilo de vida. Wesley vivenciou essa mesma realidade da vida crist? em suas comunidades primitivas. Dessa forma, o processo de santifica??o tornou-se de alcance pessoal e social. ? na viv?ncia da comunidade que a din?mica do Discipulado ? desenvolvida. Ele n?o ? algo isolado, mas integrado aos prop?sitos b?sicos mission?rios da Igreja, comunidade viva do Corpo de Cristo.


P?scoa ? tempo de contri??o, de comprometer-se com a Palavra de Deus, de tornar-se e fazer disc?pulos e disc?pulas, de prepara??o para possibilitar um tempo de ressurrei??o que envolva a totalidade de nossas a?es no cotidiano e renove a esperan?a de uma nova vida que n?o sinalize o mundo presente, mas aponte sempre para um futuro promissor. Com ora?es desejamos a todos os irm?os e irm?s que este tempo de P?scoa aponte sempre para um tempo de ressurrei??o. Que sejamos as testemunhas da vida nova que “jorra dos bra?os da cruz”.


Geoval Jacinto da Silva
Bispo Honor?rio da Igreja Metodista

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