Publicado por José Geraldo Magalhães em Social, Expositor Cristão - 02/07/2014
Conheça a religiosidade do povo de rua
Pastor na Igreja Metodista na Penha em São Paulo
A Análise sobre a atuação das instituições religiosas e o trabalho com a população em situação de rua apontam que, para trabalhar a questão religiosa, é preciso colocá-la dentro de um tripé composto primeiramente pela prestação de serviços onde se concentra toda a parte da assistência; o segundo aspecto passa pelas formas de convivência e da existência ou não de reflexão que pode até mesmo incluir momentos de lazer, (nos quais o lúdico se realiza por intermédio de brincadeiras e jogos; grupos específicos como teatro, música, discussão de temas variados) e, por fim, a oportunidade da expressão religiosa, com a participação de grupos em que se realizam o estudo da Bíblia, celebrações semanais ou especiais; e o terceiro aspecto são as buscas de alternativas, como pequenos projetos de geração de renda, oficinas de marcenarias, hortas comunitárias, entre outros.
Para as instituições e pessoas envolvidas com o trabalho religioso, a vivência com a população moradora de rua é um convite à conversão no sentido de rejeitar as injustiças e se comprometer com aqueles e aquelas que são oprimidos/as; “é um nascer de novo”; é acreditar que Deus se revela nesse povo e assumir um posicionamento de que a assistência existe consciente de que a comida, higiene e roupas são apenas uma parte do compromisso, que é completado certamente pelo aspecto religioso.
Há diferenças que ocorrem em alguns aspectos e, a que se torna mais visível, é aquela que existe no tocante aos espaços: abertos e fechados. Por instituições de espaço fechado queremos dizer aquelas instituições que possuem um local para atendimento adequado à população moradora de rua, onde é possível oferecer os vários serviços que o povo precisa, inclusive o religioso. As de espaço aberto são aquelas instituições que não possuem o local adequado para atendimento da população e, por esse motivo, oferecem os seus serviços, inclusive o religioso, nas praças, viadutos, avenidas e ruas da cidade.
Nos espaços fechados há possibilidade de um desenvolvimento melhor na prestação dos serviços, tanto quanto na questão religiosa, quando se trata principalmente do anúncio do evangelho na celebração, em razão de ser possível, a partir de uma metodologia, desenvolver de forma mais adequada a atuação da instituição sobre o seu público alvo, no caso, os que vivem pelas ruas.
Com relação aos espaços abertos, geralmente não é possível contar com toda a estrutura que o espaço fechado oferece, como por exemplo, organização de equipes para o trabalho, banheiros, cozinha, salão, para poder desenvolver o método de atuação, principalmente quando chove, está muito frio ou calor intenso, são situações que terminam por dificultar o melhor serviço à população.
No caso específico da Comunidade Metodista do Povo de Rua, as práticas religiosas são desenvolvidas pelas pastorais do Colégio Episcopal e pelo Plano para a Vida e a Missão da Igreja Metodista, que por meio de documento determina que: “O Metodismo demonstra permanente compromisso com o bem-estar da pessoa total, não só espiritual, mas também seus aspectos sociais (Lc 4.16-20). Este compromisso é parte integrante de sua experiência de santificação e se constitui em expressão convicta do seu crescimento na graça e no amor de Deus. De modo especial os metodistas se preocupam com a situação de penúria e miséria dos pobres. Como Wesley, combatem tenazmente os problemas sociais que oprimem os povos e as sociedade onde Deus os tem colocado, denunciando as causas sociais, políticas, econômicas e morais que determinam a miséria e a exploração e anunciando a libertação que o Evangelho de Jesus Cristo oferece às vítimas da opressão. Esta compreensão abrangente da salvação faz com que os metodistas se comprometam com as lutas que visam a eliminar a pobreza e a exploração e toda a forma de discriminação (Tg 5.1-6; Gl 5.1)”.
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