e alcan?ou a benevol?ncia do Senhor".
Pv 18:22
1 – O TEXTO:
– ? um prov?rbio que n?o precisa de um contexto liter?rio, pois o prov?rbio vale por si mesmo. E que nasce da experi?ncia do matrim?nio. E tem a ?tica do sexo masculino (achou esposa)
– H? nesse prov?rbio a afirma??o ing?nua (o que acha uma esposa, acha o bem) que combina com a alegria do encontro do in?cio do matrim?nio.
– o verbo achar na l?ngua portuguesa ? usado quando se acha algo por acaso ou algo procurado. Na l?ngua hebraica s? existe a segunda op??o: ou seja, a esposa achada e o bem achado foram encontrados na base da insistente procura.
– a esposa e o bem n?o s?o achados por acaso. S?o achados por procura. S?o uma meta, um alvo, um achado para a vida toda. A mulher ? acompanheira de vida, a esposa.
– a mulher achada ? o bem (algo muito bom e precioso) achado
– ? o encontro pessoal (da esposa) que gera uma coisa muito mais ampla (achar o bem, algo muito bom). Achara a esposa significa achar a felicidade que se procura.
– ? um prov?rbio ing?nuo: n?o est? nem um pouquinho preocupado com os problemas que fazem parte do conv?vio, para as tens?es do conv?vio de homem e mulher.
– uma s?rie de outros textos e prov?rbios no livro de Prov?rbios fala das dificuldades da vida matrimonial. Um deles ?: "Melhor ? morar numa terra deserta do que com mulher rixosa e raivosa" (Pv 21:19).
– Nosso prov?rbio de hoje n?o desconhece as dificuldades, n?o faz de conta que elas n?o existem, mas ele engloba essas dificuldades, ele integra essas dificuldades e mesmo assim, apesar das dificuldades, teimosamente ele afirma: "esposa = felicidade".
– A teimosia desse prov?rbio ? dizer que a felicidade n?o ? um manique?smo, n?o ? apenas um sentimento de que tudo vai bem e onde a gente n?o sente as tens?es, as dificuldades, as crises, as diverg?ncias, as dores. A felicidade, nesse prov?rbio, e em toda B?blia ? algo que se acha, ? algo que se conquista, ? algo que se vive, mesmo em meio a situa?es dif?ceis, prec?rias e dolorosas.
APLICA??O:
– A felicidade n?o est? apenas no topo da montanha, mas ocorre tamb?m quando a estamos escalando. A felicidade n?o ? apenas um resultado final, um resultado no final da nossa vida, mas em todo o processo, em tudo o que a gente viveu, experimentou, INCLUSIVE o que a gente sofreu, enfrentou, reverteu, superou, venceu…
– O poeta Francisco Otaviano acertadamente sentencia:
"Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em pl?cido repouso adormeceu;
Quem n?o sentiu o frio da desgra?a,
Quem passou pela vida e n?o sofreu,
Foi espectro de homem – n?o foi homem,
S? passou pela vida – n?o viveu."
Por outro lado, "Toda dor vem do desejo de n?o sentirmos dor", cantam os Tit?s.
Vivemos numa cultura hedonista, que deseja unicamente o prazer, a toda hora e a qualquer tempo e o tempo inteiro. O prazer ? algo bom e faz bem. Mas a vida ? mais que as sensa?es de prazer. A vida ? luta, ? conquista, ? confronto, ? riso, ? choro, ? trabalho, ? pregui?a. E ? exatamente a? que a a gente encontra a felicidade: quando a vida ? boa, quando as lutas da gente d?o sentido aos sofrimentos e que as dificuldades nos tornam mais antenados, mais solid?rios e mais humanos.
Nos enganamos ?s vezes pensando que basta apertar um bot?o, dar um downloud, deletar, etc que as coisas se resolvem. Rela?es de amor, entre pessoas, mesmo entre pessoas muito queridas e preciosas, demandam cuidado, tempo, paci?ncia, investimento, conversas, sil?ncios, pedido de perd?o, ora??o, cafun?.
Mas nossa experi?ncia como pessoas crist?s tem nos mostrado que precisamos tamb?m da presen?a de Deus, o pai de amor, o amigo bondoso, criador de todas as coisas, Deus passional a favor da vida e da justi?a.
Porque s? Deus pode nos ajudar a "domar" o c?o bravo que cada um de n?s tem dentro de si.
A B?blia afirma que todas as pessoas s?o amb?guas e contradit?rias. Isso faz parte de nossa cultura, de nossos valores, de nossa racionalidade, de nossas rela?es, de nosso DNA.
H? aqueles que se acomodam e s?o deliberadamente ego?stas, egoc?ntricos, racistas, sexistas, machistas, manipuladores, indiferentes, complexados, fofoqueiros, opressores, mentirosos, ingratos, traidores, arrogantes, etc), e que n?o se importam com as outras pessoas, apenas usam as outras pessoas.
Mas h? aqueles que embora amb?guos e contradit?rios, querem viver de um jeito diferente, mais humano, mais solid?rio, mais ?tico.
TAREFA
(Geir Campos)
Morder o fruto amargo e n?o cuspir,
Mas avisar aos outros o quanto ? amargo.
Cumprir o trato injusto e n?o falhar,
Mas avisar aos outros quanto ? injusto.
Sofrer o esquema falso e n?o ceder,
Mas avisar aos outros o quanto ? falso.
Dizer tamb?m que s?o coisas mut?veis…
E quando em muitos a no??o pulsar
-Do amargo e injusto e falso por mudar-
Ent?o confiar ? gente exausta o plano
De um mundo novo e muito mais humano.
N?o querem ser her?is ou super-homens ou mulher bi?nicas, apenas querem ser humanos e construir com seu trabalho, com suas op?es, com o jeito quotidiano de experimentar relacionamentos e de viver a vida, sentir-se parte desse mundo, e sentir que contribui para que a vida dos demais seja melhor e que o mundo seja um lugar melhor para todos, a come?ar, concretamente, com aqueles(as) que est?o ao seu redor.
N?o acredito em pessoas que querem preservar a camada de oz?nio, salvar a Amaz?nia, despoluir a ba?a de Guanabara e n?o consegue ter rela?es de cuidado e amor com as pessoas concretas que fazem parte de sua vida, seja o casamento, seja os filhos, seja os amigos.
Deus nos ajuda a ser assim e a viver desse jeito. Ele transforma cora?es de pedra em cora?es de carne, dando sensibilidade e capacidade de sentir miseric?rdia. Deus infunde cora??o e for?as, para que nenhum bem possa ser desprezado, por mais que pare?a insignificante e sem sentido.
? isso que chamamos de gra?a, o amor que Deus coloca em nosso cora??o pelas demais pessoas, por tudo que vive, pelo planeta, pela ecologia.
"O ?mpeto dos impulsos agressivos precisa, numa certa medida, ser neutralizado pelo amor e ternura para que outros aspectos importantes das rela?es humanas tenham espa?o para desenvolver-se. Se isto n?o for poss?vel, estaremos no reino da natureza bruta ou muito pr?ximos dele."
"Para passarmos do reino do organismo para o reino da pessoa e da cultura, ? necess?rio percorrer um longo caminho no qual as sensa?es de prazer e desprazer s?o o ponto de partida e matrizes a partir das quais os sentimentos e pensamentos v?o se organizando e se integrando ao conjunto de capacidades mentais e atitudes que comp?e a personalidade de uma pessoa, dando assim plena express?o ao que entendemos como humano. Essa evolu??o ? t?o significativa e complexa que, mais tarde em sua vida, o ser humano ? capaz de atitudes de sacrif?cio e ren?ncia (por uma ideologia, f? religiosa, amor a algu?m, etc) que v?o muito al?m da busca imediata do prazer e da evita??o (a atitude de evitar)do desprazer."
"O companheiro do indiv?duo amadurecido se movimenta a um n?vel humano, e o n?vel humano n?o admite mero uso de outras pessoas. Em um n?vel humano eu n?o utilizo outro ser humano, mas eu me encontro com ele, o que significa que eu reconhe?o plenamente sua qualidade humana. E se dou mais um passo, al?m do reconhecimento de sua qualidade humana de ser humano, reconhecendo plenamente sua unicidade como pessoa, trata-se de algo mais que um encontro. O que ocorre ent?o ? o amor".
(Extra?do do Documento da Igreja Metodista Sexualidade e Afetividade", escrito por Janice e Almir Linhares")
3 – E ACHOU BENEVOL?NCIA DO SENHOR!
Essa frase final do prov?rbio n?o ? outra coisa sen?o uma afirma??o de f?. Onde um homem e uma mulher se encontram por amor e se unem pela b?n??o de Deus em matrim?nio, ali est? realmente o favor do Senhor. Acham a benevol?ncia de Deus, t?m a aceita??o de Deus.
A B?blia nos diz que foi Deus quem intencionalmente nos fez homem e mulher. E nos fez assim para que pud?ssemos superar uma experi?ncia ruim: a solid?o. O Deus amoroso que faz com que "o solit?rio habite em fam?lia" (Salmo 68:6) disse: "N?o ? bom que o homem esteja s?, farei para ele uma companheira com quem possa conversar de igual para igual" (Gn 2:18).
Assim, em meio ? procura humana pela esposa ou pelo esposo, Deus est? ao nosso lado. Pois mesmo dentro da realidade do casamento e da fam?lia, podemos aplicar a palavra de Jesus: "onde houver dois ou tr?s reunidos no meu nome, ali eu estarei" (Mt 18:20). E numa rela??o de amor e companheirismo onde o Senhor est? presente somos capazes de reconhecer e experimentar que "o cord?o de tr?s dobras n?o se rompe" facilmente (Eclesiastes 4:12). O Senhor ? o aben?oador, sustentador e fiador da rela??o, da alian?a.
"Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol" (Eclesiastes 9:9). Ou na linguagem de hoje: "Enquanto voc? viver neste mundo de ilus?es, aproveite a vida com a mulher que voc? ama. Pois isso ? tudo o que voc? vai receber pelos seus trabalhos nesta vida dura que Deus lhe deu."
E n?o podemos nos esquecer que para um casal assim, os filhos s?o heran?a do SENHOR s?o os filhos (Salmos 127:3). "N?o trabalhar?o debalde, nem ter?o filhos para a calamidade, porque s?o a posteridade bendita do SENHOR, e os seus filhos estar?o com eles" (Isa?as 65:23)."Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos!" (Salmo 128:1).
E embora o texto seja de uma ?poca patricarcal, ou seja, em que os homens (sexo masculino) eram o centro de tudo e decidiam tudo, cabendo ?s mulheres apenas obedecer (e chorar, se for o caso), sabemos que Jesus quebrou a maldi??o do pecado que criou a opress?o e a domina??o de uns sobre os outros (Mc 10:42-45) e muito particularmente da domina??o do marido sobre a mulher t?o claramente descrita em Gn 3:16. "O teu desejo sra para o teu marido e ele te governar?".
Assim, n?s crist?os que somos libertados por Cristo de todo jugo de domina??o (G?latas 5:1) podemos aplicar esse texto de Pv. 18:22 dentro desse novo contexto, desse novo tempo de gra?a, afirmando n?o apenas que "quem achou esposa, achou o bem", mas tamb?m "quem achou esposo, achou o bem". Ambos, pela f? nos prop?sitos e na Palavra de Deus "alcan?am a benevol?ncia do Senhor", Aleluia!
Pastor Ronan Boechat
Igreja Metodista em Vila Isabel – RJ