Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 07/04/2011

Primeira Homenagem ao Dia do/a pastor/a bispo/a

Estimados(as) internautas, aproveito o anuncio do Dia do Pastor e da Pastora Metodista para compartilhar uma carta do Revmo. Bispo Oswaldo Dias da Silva enviada aos pastores e pastoras da 5ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista no ano de 1972. Quando esta carta foi escrita, eu tinha apenas 2 anos de idade. Em 2004, com 34 anos, quando fui nomeado para a Igreja Metodista Central de Piracicaba, hoje Catedral, tive a oportunidade de conviver com o bispo Oswaldo e acompanhá-lo até seus últimos dias entre nós.

Nas visitas que fiz tive a oportunidade de aprender muito com o estimado bispo. Ainda que aposentado e fragilizado pela enfermidade ele continuava ensinando. Como eu já lecionava a disciplina “Ministério do pastor e da pastora na Igreja Metodista”, no Programa de Orientação Vocacional do Instituto Metodista Bispo Scilla Franco, solicitei a ele a autorização para utilizar esta carta como material do curso. Ele autorizou. Ela tem sido um material valioso para reflexão daqueles e daquelas que almejam iniciar o processo de formação teológico com vistas a assumir o ministério pastoral na Igreja Metodista. Aproveito, portanto, o ensejo para partilhar esta importante carta que desde 1972 tem ajudado pastores e pastoras a refletirem sobre seu ministério. Desejo a todos uma boa leitura. Quanto ao Bispo Oswaldo, minha admiração e homenagem.

Rev. Paulo Dias Nogueira

Veja a carta abaixo:

OS DEVERES PASTORAIS
“Além das cousas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as Igrejas”.(I Co. 11.28)

Na foto ao lado: Bispo Osvaldo Dias da Silva
5ª Região Eclesiástica

O capítulo dos Cânones da Igreja Metodista que legisla sobre os deveres do(a) pastor(a), divide-se em duas partes bem distintas: 1) a que versa sobre os deveres pastorais propriamente ditos, os que dizem respeito a vida e ação do(a) pastor(a) entre o povo, e, 2) a que trata dos deveres administrativos, não menos importantes, e que dizem respeito à sua tarefa de liderança à frente das atividades de uma igreja local.

Parece uma lista pequena, curta, à primeira vista de pouca oportunidade para a expressão dos dons daquele(a) que foi chamado(a) para a tão gloriosa quão significativa tarefa de ser entre os seus(uas) o(a) administrador(a), o(a) conselheiro(a), o(a) servo(a) da comunidade, o(a) dirigente do culto, o(a) profeta(iza) e o(a) evangelista. Será possível a alguém, no cumprimento do ministério pastoral responder as necessidades da criatura humana – físicas, sociais, econômicas, psicológicas e espirituais? Certamente sim.

Cabe ao(a) pastor(a), em primeiro lugar, ser o(a) SERVO(A) DO SENHOR, que recebeu, por vocação divina e aprovação da Igreja, a incumbência de ser o(a) despenseiro(a) das bênçãos dos céus e dos meios de graça que só a Igreja pode ministrar. Distribuindo as graças representadas nos sacramentos da Ceia do Senhor e do Batismo, ou oficiando nas cerimônias do Ritual, deve faze-lo com toda a seriedade, circunspecção e solenidade que os atos merecem. Estes não são mera prática formalística ou rotineira, são expressões de bênçãos, de conforto, de ajuda, de inspiração e de renovação de propósitos na vida de todos(as) os(as) que deles participem. Ao erguer-se, no púlpito, para a entrega da mensagem, estará sempre consciente da tarefa que lhe é imposta, e da oportunidade que tem de ser o(a) proclamador(a) das Boas Novas. Pregará sempre com um propósito definido, não como quem açoita o ar, mas como quem sabe realmente aonde quer chegar. Toda boa pregação tem por objetivo alcançar decisões, alagar entendimentos, aprofundar resoluções, ou transformar vidas. Como afirmou alguém: “Nosso propósito ao pregar é proclamar o Evangelho de Deus, revelado em Jesus Cristo, de tal modo que os(as) pagãos(as) se tornem cristãos(as), e os(as) cristãos(as), semelhantes a Cristo”.

Sermões bem preparados, estudados sob a unção e direção do Santo Espírito, mensagens objetivas, bíblicas, otimistas, cheias de fé e esperança, certamente levarão o povo para mais perto de Deus, despertando-o para o cumprimento de sua missão cristã no mundo. O(A) pastor(a) é, em segundo lugar, o(a) SERVO(A) DO POVO. Ele(a) desce do púlpito, sai da trincheira, deixa de estar do lado de lá, para estar do lado de cá, ao lado de suas ovelhas. Dá assistência completa aos(as) membros de sua congregação – visita, fortalece a fé, anima o zelo cristão, admoesta e exorta a quem precisa. É nesta busca pessoal, no encontro face a face, na comunhão no recesso dos lares, nessa assistência direta a cada um, que o(a) pastor(a) irá encontrar inspiração para os sermões, o programa para a Igreja, e a purificação e renovação do próprio espírito. Visitar é arte e é benção – para quem é visitado e para quem faz a visita, quando esta é feita em o nome e no espírito de Jesus Cristo, o Sumo e Bom Pastor.

Há os(as) enfermos(as), carecendo de conforto; os(as) necessitados(as), buscando auxílio; os(as) desesperados(as), no encalço da esperança; os(as) descrentes, à procura de Deus – todos(as) são alvos das melhor atenção , amor e dedicação pastorais. Na instrução dos pais quanto à educação dos filhos; na orientação que devem receber quando buscam a Igreja para batiza-los; dos noivos, quanto à responsabilidade na construção de um lar cristão, e de uma vida conjugal segundo os princípios do Evangelho – que campo vastíssimo aí está para o aconselhamento e clínica pastoral.

Há, para o(a) pastor(a), a tarefa de alistar, instruir e receber novos(as) membros à comunhão
da Igreja. Há aquela atenção especialíssima e amorosa a ser dada às crianças, aos(as) juvenis e aos(as) jovens. Como faz bem às crianças terem a atenção do “seu(ua)” pastor, e isto faz bem ao(a) pastor(a) também. Um sermão dedicado inteiramente às crianças, de vez em quando, seria
uma grande oportunidade para o(a) pastor(a) relacionar-se com os(as) infantes de sua Igreja.

E quem será aquele(a) que irá dar continuidade à tarefa pastoral?
O mundo secularizado de hoje, com suas preocupações, mas também com suas oportunidades de ganho, e bom ganho, em outros setores da vida, tem aberto portas de desafio para jovens que, certamente em circunstâncias outras, se dedicariam à vida pastoral. O pastorado parece que perdeu muito do seu caráter carismático e vocacional. Urge que todos nós, pastores(as), nos dediquemos à procura das causas dessa perda de sentido vocacional do ministério, e uma vez feito isso, restauremos perante os olhos de nossa juventude a figura viril, fiel, corajosa, otimista, idealista e realista do(a) pastor(a) – o(a) pastor(a) que não mede sacrifícios, que não faz cálculos interesseiros, que não busca seu próprio prestígio, mas que se entrega amorosa e ardentemente à tarefa para a qual foi comissionado pelo Supremo Pastor – Jesus Cristo.

Antevemos, com grande alegria, o dia em que, como no passado, os(as) jovens se apresentarão às suas Igrejas, inspirados(as) pelo exemplo de seus(uas) pastores(as) e movidos pelo grande ideal de servir, em tão grande número, que à semelhança do que se faz nas escolas seculares, terão de submeter-se a um exame de seleção antes de serem enviados(as) aos seminários.

Finalmente, o(a) pastor(a) é o(a) SERVO(A) DA IGREJA. Ele(a) será fiel à instituição à qual serve, e da qual recebe a cobertura material e espiritual. Cumprirá com dedicação os deveres administrativos. Escriturará com zelo e capricho os livros da Igreja, e, com perfeição nas informações preparará os relatórios de suas atividades pastorais e administrativas. Será firme, sem ser ditador(a), quando na presidência das reuniões. Cumprirá e fará cumprir os Cânones da Igreja Metodista nos limites de sua nomeação.

Para a realização de tarefa tão absorvente, o(a) pastor(a) há de aprender a ser senhor (a) do tempo. Ele(a) não marca “relógio de ponto”, como o faz a maioria dos(as) membros de sua congregação, mas deverá saber usar o tempo com parcimônia, sabedoria e utilidade, de modo a não perder tempo, nem perde-se no tempo. O sucesso no pastorado depende da maneira como se usa o tempo. Três princípios ajudarão no bom aproveitamento do tempo: 1) colocar os deveres principais, em primeiro lugar; 2) decidir o que deve ser feito primeiro, e com mais urgência; 3) distinguir entre os deveres maiores e menores de cada dia.

No capítulo 10 do Evangelho de São João, Jesus, se intitula o bom pastor, parecendo com suas palavras estar reescrevendo o Salmo 23. Há realmente um profundo paralelismo neste dois textos: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”, “Eu sou o bom pastor, e conheço as minhas ovelhas”; “Faz-me repousar em verdes pastos”, “Ele vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz”, “Refrigera-me a alma, guia-me pelas veredas da justiça”, “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Mas aqui não termina essa linha sucessória. Qualquer homem(mulher) chamado(a) por Deus para ser pastor(a), que se preparou para isso e que continua diariamente se esforçando por uma preparação cada vez melhor para cumprir a vocação, e que está dando de si mesmo tudo quanto é e tudo quanto tem para que Cristo seja conhecido como o SENHOR DA VERDADEIRA VIDA, tal homem(mulher), dentro dos limites da verdade e reverência, não exagerará ao afirmar de si mesmo(a): “EU TAMBÉM SOU UM BOM PASTOR, E DOU A MINHA VIDA PELAS OVELHAS”.

Campinas, 1º de Dezembro de 1972.
Bispo Osvaldo Dias da Silva
5ª Região Eclesiástica


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