29.04.08 – BRASIL |
Adital –
No Brasil, os deputados aprovam a “lei das fal?ncias”, segundo a qual, se uma empresa cai em fal?ncia, a prioridade ? pagar suas d?vidas com os bancos e empresas internacionais. Depois, na medida em que puder, honra suas obriga?es com os trabalhadores. O importante ? garantir que as empresas de fora tenham toda facilidade em investir no pa?s. Como as empresas querem lucro para si e n?o melhoria para o povo, quanto mais reduzem gastos e empregos, mais lucram. Em todo o mundo, o resultado disso ? um desemprego estrutural e massivo. Nos ?ltimos 20 anos, mesmo nos pa?ses ricos, a taxa de desemprego se multiplicou por dez. Os governos convivem tranquilamente com a super-explora??o do trabalhador e a precariza??o do emprego. Na d?cada de 70, um cortador de cana era obrigado a cortar cinco toneladas de cana por dia. Hoje, o obrigam a cortar 12 toneladas. Multiplicam-se casos de trabalhadores que morrem no trabalho, extenuados. Morrem de trabalhar. A imprensa quase n?o publica isso. Em todos os pa?ses, existem trabalhos de semi-escravid?o, explora??o de crian?as e de estrangeiros. Quando h? um esc?ndalo de lavradores trabalharem acorrentados ou sob mira de revolver, o Minist?rio do Trabalho atua. Mas, infelizmente, o importante ? a produ??o.
At? 1990, no Brasil, 60% dos trabalhadores tinham carteira assinada. Hoje, s?o 40%. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou: “O Brasil n?o tem desempregados. Tem inimpreg?veis”. Conforme esta declara??o, o Brasil tem emprego sim, mas n?o para o seu povo despreparado e ignorante. A ditadura militar dizia que o povo n?o sabe votar. Agora, dizem que n?o est? preparado para os empregos especializados que a ind?stria exige. A culpa do desemprego ? do trabalhador. Pouco importa que apenas seis grandes empresas mandem na agricultura brasileira e, em um ano, o pre?o de alguns alimentos tenha subido 168% (Folha de S.Paulo, 13/04/2008).
O professor Milton Santos declara que houve um verdadeiro “desmonte da sociedade e destrui??o dos la?os sociais”. “Trata-se da produ??o volunt?ria e calculada da pobreza, em um Estado de inseguran?a social”. O soci?logo Michael Davis que estuda a quest?o urbana no mundo publicou um livro que, significativamente, se chama “Planeta Favela”. Os Estados Unidos t?m 40 milh?es de norte-americanos, (n?o de latinos), vivendo abaixo da linha da pobreza. E a preocupa??o dos seus presidentes ? diminuir impostos e manter o jeito americano de viver, mesmo se este estilo destr?i a natureza e ? respons?vel por uma injusti?a social cada dia mais terr?vel.
A esperan?a dos pobres ? que este sistema n?o est? dando certo em nenhum lugar do mundo. Nenhuma das promessas foram cumpridas e nenhuma das teses do neo-liberalismo se confirmou. Isso permite que, cada vez mais, aumente o n?mero de pessoas que rejeite o pensamento ?nico de que n?o existem alternativas. Os diversos caminhos de espiritualidade humana recordam de que a vida de todos depende da solidariedade. Multiplicam-se no meio do povo experi?ncias de economia solid?ria e produ??o comunit?ria de empregos em cooperativas e trabalhos de base. Quando este modelo se firmar, poderemos dizer de novo: “viva o 1? de maio!”.
* Monge beneditino, te?logo e escritor. Tem 30 livros publicados.