Profissão de fé

Esporte discute se ? “profiss?o de f?”


Sujeitos a fracasso, les?es e vaias, atletas de elite recorrem ? religi?o como forma de motiva??o ou para aliviar ansiedade


Demonstra?es expl?citas de religiosidade, como a de jogadores da sele??o, j? renderam at? reprimenda de autoridades esportivas











 Martin Meissner – 28.jun.09/Associated Press

 
 Jogadores brasileiros comemoram o t?tulo da Copa das Confedera?es, em festejo censurado pela Fifa por seu tom religioso


MARIANA BASTOS
SANDRO MACEDO
DA REPORTAGEM LOCAL


No momento em que at? a Fifa, provocada pela comemora??o do Brasil na final da Copa das Confedera?es, discute se vale apertar o cerco contra demonstra?es religiosas no futebol, especialistas ouvidos pela Folha apontam que f?, no que for, pode ajudar no esporte se o atleta achar que ela ajuda.
De Usain Bolt a Cesar Cielo, de Kak? ao desconhecido da S?rie D, s?o tantos os que apelam a sinais e rituais, no sucesso ou no fracasso, que muitos j? os percebem quase banalizados.
“Quanto maior o risco ? carreira ou a possibilidade de les?o, mais transparece o apelo ao sobrenatural no discurso do atleta”, diz Clodoaldo Leme, autor da tese de mestrado “?
Gol! Deus ? 10 – A Religiosidade no Futebol Profissional Paulista e a Sociedade de Risco”. Leme aponta que, como a possibilidade de sucesso no futebol ? remota para a maioria dos que se aventuram nos gramados, muitos jogadores recorrem ? religi?o em busca de uma ferramenta motivacional.
“O que n?o se pode negar ? que, se o atleta tem f?, isso pode colaborar com seu desempenho”, diz o especialista. “O que n?o pode ? pensar que isso resolve tudo dentro de campo.” Para Jo?o Ricardo Cozac, psic?logo do esporte, “? muito mais f?cil voc? entrar em campo ligado a uma ideia ou a uma pessoa querida”. “Isso pode lhe trazer a seguran?a para aguentar a press?o durante ou depois de uma partida”, afirma.
Cozac pondera que a religi?o tem um combust?vel motivacional. “Mas, para muitos jogadores, virou uma logomarca. J? vi atletas que s?o realmente religiosos, e jogadores que se aproximam deles apenas para serem visto com bons olhos.”
Campe?o mundial e ol?mpico de nata??o, Cesar Cielo, frequentemente faz o sinal da cruz antes e depois das provas. Est? entre os atletas que acreditam que a f? ajuda a controlar a ansiedade. Antes do Mundial de Roma, seu t?cnico, Brett Hawke, chegou a mergulhar em ?gua benta os ?culos do nadador, com os quais faturou o ouro nos 50 m e nos 100 m livre. “Para mim, ? alivio de esp?rito muito grande. Entro na prova bem mais calmo. Acho uma for?a extra toda vez que rezo antes de atuar”, disse Cielo.
Para Reinaldo Aguiar, autor da tese de doutorado “Religi?o e Esportes: Os Atletas Religiosos e a Religi?o dos Atletas”, muitas das manifesta?es na esfera esportiva s?o feitas de maneira quase instintiva.
Apontar os dedos para o c?u nem sempre significa que o atleta est? atribuindo sua conquista a uma entidade divina. “? um tipo de gestual que ? ritual, porque ele se repete. ? t?o ritual quanto o sujeito que beija a alian?a quando marca um gol. Seria um exagero dizer que [apontar para o c?u] ? estritamente uma express?o religiosa”, afirmou Aguiar. Para muitos, no entanto, manifesta?es religiosas no esporte n?o passam de proselitismo. Neste ano, ap?s o t?tulo da Copa das Confedera?es, alguns atletas da sele??o de Dunga, como Kak? e L?cio, usaram camisas na quais estava escrito “I love Jesus” (“Eu amo Jesus”). A atitude criou pol?mica. “A camiseta, o dedo para o c?u ou qualquer outro gesto que sugira o sagrado passam a ser uma forma de doutrina??o.
A f? ? uma op??o que, sendo de foro ?ntimo, deveria estar circunscrita ? vida privada. Se manifestada em p?blico, ela se torna uma forma de proselitismo”, opina Katia Rubio, especialista em psicologia do esporte. A atitude de Kak? e companhia rendeu, na ocasi?o, queixas por parte da Associa??o Dinamarquesa de Futebol. Com isso, a Fifa


enviou of?cio ? CBF pedindo modera??o aos jogadores ao expor a religiosidade.
Atletas com fortes v?nculos religiosos encaram a possibilidade de puni??o ?s manifesta?es como forma de censura. “Isso [a proibi??o] ? um absurdo porque fere a Declara??o Universal dos Direitos Humanos, que garante o direito ao cidad?o de manifestar sua f?”, afirma Alex Dias Ribeiro, que, entre 1986 e 2007, dirigiu a associa??o Atletas de Cristo, que hoje abriga 8.000 esportistas. Segundo o ex-piloto de F-1, a entidade, inclusive, orienta os atletas a transmitirem a palavra de Deus no curto espa?o de tempo de que disp?em na TV.
“A pr?pria B?blia diz: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. O esporte ? a linguagem no momento. ? leg?timo para o crist?o usar o esporte e a m?dia para passar essa mensagem”, diz Ribeiro.
Para Clodoaldo Leme, seja do momento ou n?o, esse discurso religioso aparece tamb?m fora de piscinas, quadras e gramados. “? comum aparecerem na imprensa esportiva express?es como “jogo de vida ou morte”, “entre o c?u e o inferno”. Quando o Marcos [do Palmeiras] defendeu p?naltis na Libertadores [de 1999], os jornais logo o apelidaram de S?o Marcos.”






Colaborou MARIANA LAJOLO , da Reportagem Local

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