Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Sobre Marina texto Nancy

Brasil - Mãe do PAC ? Mãe do PAS?
 
Nancy Cardoso Pereira *

Adital -

Por que o presidente Lula precisa que seus programas tenham MÃE? Não! Não têm.

O PAC é filhote do governo com as empreiteiras.

O PAS é cria do governo com as madeireiras.

Querer atribuir às duas mulheres no/do governo a maternidade de tais programas não passa de politicagem, frase de efeito, slogan..., e um sexismo dos mais antiquados.

Ser Mãe

Coelho Neto

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!

Ao acionar o velho gatilho do mito da maternidade calcado no sofrimento, na resignação, na capacidade de perdão e aceitação, no desprendimento..., o presidente Lula acaba reconhecendo, pelo avesso, que PAC e PAS são de despedaçar o coração ... PAS e PAC são mesmo de sofrer no paraíso. É mesmo... ter um mundo e não ter nada.

A ex-ministra Marina Silva aceitou ser Mãe da Pátria, da Floresta e da Sustentabilidade por muito tempo. Tempo demais. Foram cinco anos e cinco meses de desdobrar fibra por fibra: e perder todas! Arranjada na vitrine do governo do PT, a Mãe do PAS aceitava ser a figura sofredora, que ama e protege..., e sempre perde! Agia de modo cuidadoso e enérgico, firme! Mas, tanto faz... Perdia todas.

Diz o senso comum - Mãe aceita tudo! Desmembra o ministério, flexibiliza e precariza leis de proteção, engole transgênicos, finge não saber a verdade da nova lei de florestas como Mãe que aceita as besteiras de um filho. Fecha os olhos para  transposição criminosa do São Francisco, assina os boletins forjados de impactos ambientais imaginários liberando eucaliptos em lugares imperdoáveis; acolhe os amigos dos filhos de ONGs suspeitíssimas. Perdendo todas a Ministra-Mãe continuava firme qual Mãe zelosa e acreditando: "sem mim... ficaria pior!" (o que todas as mães pensam!).

Para as platéias internacionais a figura da "Mãe-Mulher-Ministra-Anjo" funcionava bem, tal qual propaganda de eletrodomésticos em vésperas do Dia das Mães: ofertas! promessas! promoções! tudo por preço de ocasião! Ninguém duvidaria do zelo e da dedicação. Mas era só um mito. Já passou.

E os Filhos do PAS e os Filhos do PAC cantam em coro:

"Mamãe eu quero! Mamãe eu quero! Mamãe eu quero mamar! Dá a chupeta! Dá a chupeta! pro bebê não chorar!"

E um dia, as mulheres dos movimentos classistas, teremos que ter uma conversa séria sobre o governo "macho-Lula" e as "mães-ministras". Já sabemos que a maternidade não é destino nem condição. Já fizemos a crítica da maternidade como um elemento-chave para explicar as desigualdades de gênero; já incluímos a luta pela livre escolha da maternidade em nossas agendas. Precisamos enfrentar e negar os mitos burgueses da "melhor gestão feminina", garantindo a luta feminista por dentro da luta de classes.

"O mito da boa dirigente alimenta-se da idéia de que as mulheres privilegiam a integração, a igualdade e a interação, que incentivam a participação, que partilham o poder e a informação e que concedem maior importância à vertente relacional. E, ainda, que se baseiam mais no poder pessoal do que formal, isto é, no poder que não depende da posição ocupada, mas da capacidade de instaurar a confiança, o respeito mútuo e a credibilidade". (Edurne Uriarte, artigo no jornal ABC, Madrid)

Nem Hillary Clinton, nem Condollezza Rice, nos EUA; nem Angela Merkel, na Alemanha, e nem Michelle Bachelet, no Chile. Nem Dilma..., nem Marina: vitórias eleitorais ou a nomeação para um cargo de confiança de alto escalão não reduzem nem esgotam os objetivos das lutas feministas e classistas. Formatadas e acomodadas às políticas de reprodução do Capital as mulheres-exemplares não representam a luta das trabalhadoras... São só um arremedo de emancipação e por isso se esgotam no mito.

E aí... Só falta repetir o dramalhão, apontando por Lula, dizendo aos Filhos do PAC e do PAS:

"- Filho, meu filho! - arrancou a velha com estertor
do peito: - é teu pai, meu filho. Este homem é teu pai."
(Viagens na Minha Terra Almeida Garret)


* Pastora metodista. Agente/Assessora da Comissão Pastoral da Terra
Fonte:
www.adital.com.br
 


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