Por Micael Vier B.
PORTO ALEGRE, 8 de setembro (ALC) – A classifica??o do vinho como alimento, aprovada pela Assembl?ia Legislativa do Rio Grande do Sul, gerou pol?mica na sociedade. M?dicos, religiosos e organismos que se empenham pela redu??o do consumo de bebidas alco?licas s?o contra a proposta.
Entrevistado pela ALC, o pastor da Par?quia Matriz da Comunidade Evang?lica de Porto Alegre, Cl?udio Kupka, destacou que o vinho ? uma bebida alco?lica e, transformado por for?a da lei em alimento, “pode ser visto como algo supostamente inofensivo”.
De autoria do deputado Estilac Xavier, do Partido dos Trabalhadores (PT), a proposta de classificar o vinho como alimento natural foi aprovada por unanimidade pela Assembl?ia Legislativa ga?cha, na ter?a-feira, 29 de agosto.
Para se transformar em lei, o projeto ainda carece da san??o do governador do Estado. Se aprovado, o vinho passar? de produto sup?rfluo a alimento, sofrendo, assim, redu??o no Imposto de Circula??o de Mercadoria sobre o produto, de 12% para 7%, beneficiando o setor vin?cola. O Rio Grande do Sul tem 14,4 mil propriedades produtoras de uva.
“O vinho ? uma bebida alco?lica. N?o pode ser tratado como se fosse um produto qualquer, inofensivo, e inclu?do na cesta b?sica. Vinho n?o ? feij?o, arroz ou batata”, frisou a coordenadora das a?es para o ?lcool dentro do Sindicato M?dico do Rio Grande do Sul, Ana Maria Marins.
A venda indiscriminada do vinho, enfatizou Kupka, pode representar um perigo aos mais jovens e um est?mulo para que muitas pessoas que j? experimentaram o alcoolismo regridam na resist?ncia de evitar o primeiro gole.
Para vir ao encontro de pessoas que conseguiram se libertar da depend?ncia do ?lcool, a Par?quia Matriz da Comunidade Evang?lica de Porto Alegre usa suco de uva na distribui??o da Santa Ceia.
"Optamos pelo suco porque sabemos que uma parte da popula??o ? vulner?vel ao alcoolismo e que um s? gole, ou at? mesmo o cheiro do ?lcool, pode representar uma enorme ?tenta??o?", justificou Kupka.
A opini?o do Bispo Luiz Verg?lio, da Segunda Regi?o
Na avalia??o do bispo da Segunda Regi?o Eclesi?stica da Igreja Metodista, Luiz Verg?lio Batista da Rosa, a forte presen?a de imigrantes italianos na serra ga?cha, regi?o produtora de uva no Estado, estimulou um maior consumo da bebida na regi?o. "Na serra, o vinho ? historicamente utilizado como complemento alimentar e servido tamb?m nas celebra?es da Santa Ceia", enfatizou.
Contudo, ponderou Verg?lio, a postura hist?rica da Igreja Metodista ? pela abstin?ncia do ?lcool, o que n?o impede que pastores e pastoras, em consentimento com a comunidade, sirvam o vinho em suas celebra?es.
Segundo o pastor da Par?quia do Salvador da Comunidade Evang?lica de Porto Alegre, Eloir Weber, a classifica??o do vinho como alimento deve levar em conta a utiliza??o que cada um faz da bebida. "Tudo o que ingerimos precisa ser submetido a um r?gido controle", enfatizou.
Weber destacou que nas celebra?es da Santa Ceia realizadas na sua par?quia o suco de uva ? servido em substitui??o ao vinho. O pastor sublinhou que a medida n?o tem conota??o moral, mas ela respeita os membros da comunidade que eventualmente tenham dificuldades com a ingest?o do ?lcool.
N?meros da Organiza??o Mundial de Sa?de (OMS) indicam que 17 milh?es de brasileiros s?o dependentes de bebidas alco?licas e que o dano provocado pelo consumo de ?lcool no Brasil seja da ordem de 7,3% do Produto Interno Bruto (IPB).
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