Publicado por Sara de Paula em Colégio Episcopal - 18/08/2020

Palavra pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista

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Palavra pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista

Este Cristo nós anunciamos, advertindo a todos e ensinando a cada um em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos cada pessoa perfeita em Cristo. É para este fim que eu me empenho, esforçando-me o mais possível, segundo o poder de Cristo que opera poderosamente em mim. (Colossenses 1.28)

 

 

Graça e paz!

Amados irmãos e irmãs,

Estamos vivendo tempos de grandes mudanças em todo o mundo, aceleradas pelas novas perspectivas de vida, pela disseminação das tecnologias e por um mundo cada vez mais globalizado. Sabemos que as culturas passam por mudanças profundas, muitas delas necessárias para que a humanidade possa evoluir e ter melhores condições de vida, de entendimento do mundo e de práticas mais humanizadoras. Entretanto, nem todo vento de cultura ou, nem todo o vento de doutrina, como dizem as Escrituras, deve conduzir o povo de Deus. Em tempos instáveis, como afirma Jonh Stott, “a igreja precisa reafirmar suas convicções na autoridade das Escrituras, caso contrário estará à mercê das conjecturas, desejos e opiniões meramente humanas”. 

Além disso, as polarizações que afetam todas as áreas da sociedade atualmente atingem a maneira de lidarmos com temas que até aqui desenvolvemos com base numa pastoral de acolhida ao ser humano, em sua necessidade de conversão e transformação, sob a devida explanação da Palavra de Deus. Dentre os temas que emergem neste tempo, está o da homoafetividade.

Reafirmamos o que tem sido a postura histórica da Igreja Metodista, com base nas Escrituras Sagradas. Por um lado, não temos como nos afastar da clareza da Bíblia sobre o tema, sendo ela nossa base de fé e de prática. Precisamos manter a Palavra de Deus como bússola para nossa vida, pois as vezes em que, na história, nos afastamos deste padrão, isso mostrou-se danoso de tal maneira que, em diversos aspectos, colhemos as consequências, como a divisão do corpo de Cristo e a introdução de práticas antibíblicas contra as quais ainda lutamos tenazmente.

Uma igreja saudável pratica o amor, a misericórdia e a justiça, mas não abdica da essência do Evangelho, que passa pelo arrependimento, mudança de mentalidade e tomada da própria cruz. Temos o desafio de andar em verdade e não ser achados e achadas em falta. Somos a agenda de Deus que o mundo precisa ler. Por isso, vai nos custar estarmos na balança daquele que nos confiou andar por sua Palavra não nos encontrando fiéis.

Doutra parte, reconhecemos a preciosidade da vida das pessoas envolvidas, com seus sonhos e sentimentos. Por isso mesmo, a Igreja precisa falar a verdade, mas em total amor. Com o risco de perdermos a verdadeira perspectiva de alguma defesa da fé, podemos desumanizar, em nossa prática e discurso, as pessoas que se envolvem em práticas com as quais as Escrituras não concordam, sejam quais forem. E, nesse caso, não contribuímos para o fim a que se propõe a Igreja, nos dizeres de Paulo, de “conduzir toda pessoa perfeita a Cristo”. 

No que tange à sexualidade humana, a Igreja não pode temer posicionar-se quanto ao que é apresentado como certo ou errado nas Escrituras. Nossas próprias fragilidades não podem ser argumento para se permitir isso ou aquilo. É certo que elas existem, mas todas devem ser continuamente combatidas com o uso da graça de Deus, por meio das armas espirituais que Ele nos dá. Sobre isso não há questionamentos ou dúvidas. Seguimos nos fundamentos recebidos.

Por esta razão, queremos esclarecer aos amados irmãos e irmãs que os recentes eventos envolvendo nossa amada Igreja Metodista no Brasil e no exterior não alteram os ensinos que até aqui temos recebido. Ninguém é retirado do rol de nossa igreja sem a devida observância dos Cânones e demais documentos da Igreja. Em contrapartida, a Igreja se mantém no dever de continuar firme em seu seguimento da Escritura, das ordenanças bíblicas e da prática da reta doutrina. É função do corpo pastoral, em especial o Colégio Episcopal, zelar por isso e nisso trabalhar, por meio do discipulado autêntico, firmado nas Escrituras.

Conclamamos nossas comunidades a amar as pessoas, no sentido de proclamar-lhes de modo inequívoco o que Cristo fez por elas e a necessidade do abandono de formas de vida incompatíveis com o Evangelho. De igual modo, a não tornar motivo de dissensão no corpo de Cristo as opiniões em contrário a isso, porque sequer elas cabem no escopo com o qual lidamos aqui, qual seja, as Escrituras e a doutrina já firmada na Igreja Metodista.

A ação pastoral na Igreja Metodista sempre foi muito embasada e clara no entendimento de que as pessoas só podem ser responsabilizadas pelas práticas que escolhem ter. Entendemos claramente que se trata de buscar a relação mais saudável, conforme as Escrituras, para nossa identidade e nossa ação, para nossas preferências e nossas práticas. Esse não é um desafio apenas para a pessoa que se entende homossexual, mas para qualquer cristão e cristã, em qualquer de suas demandas diante de Deus. E é assim, igualmente, que todos e todas responderemos diante de Deus.

Por isso mesmo, não se pode contrariar o que é estabelecido pelo Senhor desde o princípio, mudando o que Jesus assevera que não cairá por terra. Do mesmo modo, não é possível levar qualquer pessoa à conversão genuína de todo o seu ser sem um compromisso profundo da Igreja em respeitar a vida humana. Por isso, embora a Igreja se posicione sobre algumas questões de direitos que possam vir a contrapor-se à liberdade religiosa e de culto, seguimos firmemente combatendo todo tipo de violência ou agressividade que viole a dignidade da vida humana.  Ao contrário, a tarefa da Igreja é proclamar sempre o Evangelho da transformação, possível apenas pelo poder do Espírito Santo.

Assim sendo, rejeitamos quaisquer propostas na direção da integração plena na vida da igreja de pessoas que optam pela prática homossexual, por entender que esta contraria as Escrituras. Ao mesmo, tempo asseguramos às pessoas homossexuais a liberdade de fazer suas escolhas, mantendo as portas da Igreja abertas para acolher em seus espaços públicos de culto a todos e todas, sabendo que estarão sendo confrontados em amor à aceitação do Evangelho transformador de Jesus Cristo, como ocorre, indistintamente, a quaisquer outras pessoas que compõem este corpo ou desejam a ele se achegar.

No amor de Cristo,
Colégio Episcopal da Igreja Metodista
São Paulo, agosto de 2020.


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