Natal: tempo de esperança.

A teologia da esperan?a de J?rgen Moltmann


           







  

"O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na regi?o da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. (…) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu…" Isa?as 9.2 e 6a


 Diante de Deus e dos homens e mulheres por Ele criados, diante do Amor Divino por todas as pessoas que sofrem no mundo, n?s simplesmente n?o temos o direito de desistir. Este foi, para mim, o sentimento mais profundo deixado pela visita do te?logo alem?o J?rgen Moltmann ao Brasil, o mundialmente conhecido autor da obra "Teologia da Esperan?a". Ap?s uma entrevista coletiva e duas palestras com o te?logo de 82 anos de idade e muitos anos de uma teologia vivida na pr?tica da justi?a e do amor de Deus, muitas palavras poderiam ser ditas. Cada pessoa presente na Semana de Estudos Teol?gicos promovida pela Universidade Metodista, de 29 a 31 de outubro, pode ter trazido consigo uma nova id?ia, um novo sentimento, um novo aprendizado nascido das palestras do convidado especial e dos grandes te?logos que com ele dialogaram: Rui Josgrilberg, Jung Mo Sung, Milton Schwantes e Oscar Beozzo. Foi uma verdadeira festa para a mente e o cora??o dos que buscam alimentar a esperan?a.


"Uma Igreja que pensa apenas em salvar almas e se desconecta da realidade n?o tem futuro, s? tem passado", disse Moltmann na entrevista coletiva. Mas o que os crist?os e crist?s podem fazer diante de um cen?rio religioso marcado pela aliena??o, pelo individualismo e pela intoler?ncia? – perguntei.  "Levantar e lutar!"  — foi a resposta incisiva, mas dita com um sorriso simp?tico. Aprendi com Moltmann que a resist?ncia ? fruto da esperan?a. E a resigna??o ? um sinal de morte, e fruto do pecado. Pecado? Sim, Moltmann associa apatia ao pecado pois, para ele, o pecado n?o ? simplesmente uma falha moral, mas o distanciamento do Deus da Vida – ?, portanto, a morte em vida. "Uma pessoa pode se tornar t?o ap?tica e indiferente que n?o ? mais capaz de sentir nada: nem alegria, nem dor. Ent?o n?o se vive mais, torna-se como que um morto-vivo". Recordando um ensinamento de Cristo, pecado n?o ? apenas o mal que fazemos, mas o bem que deixamos de fazer, diz ele. Portanto, ? tamb?m, a "indol?ncia do cora??o", a "tristeza dos sentidos", a apatia que nos torna mortos vivos  incapazes de praticar o bem. Ele disse: "Deus espera muito de n?s, mas confiamos pouco em n?s mesmos". 







 

 Para o te?logo, muitos milagres est?o ocorrendo em nossos dias. O fim do stalinismo, o fim do apartheid, a queda das ditaduras na Am?rica Latina e, nesse momento, o fracasso do modelo capitalista neoliberal. Ele espera que, agora, o mundo seja capaz de desenvolver um capitalismo social no qual o Estado esteja mais presente na regulamenta??o dos processos econ?micos e sociais. "Estamos na Alemanha tentando desenvolver uma economia de mercado social e ecol?gica, a fim de que o mercado seja mais humano – e n?o que o ser humano seja sacrificado ao mercado", diz ele. "H? muitas oportunidades para desenvolver um mundo mais justo e mais livre. E os crist?os podem contribuir muito para isso".


S? que a maioria dos crist?os est? esperando o c?u, n?o um mundo de justi?a, lamenta Moltmann. "A maioria das pessoas acredita que ser espiritual ? apenas orar. Sim, n?s devemos orar e ficar atentos. Em vez de fecharmos os olhos, abri-los ? realidade".


O que ele chama de realidade consiste em realidade e potencialidade. O que vivemos hoje traz embutido um futuro de possibilidades. O presente ? a linha lim?trofe na qual as possibilidades se realizam – ou s?o desprezadas. E isso depende de n?s. Mas, como percebemos as nossas possibilidades? Segundo o te?logo, pela nossa capacidade criativa, imagina??o, coragem e esperan?a. "Para viver com esperan?a ? preciso desenvolver o senso de possibilidade. Ent?o podemos transcender nossa realidade e alcan?ar o reino das possibilidades". Ele lembra que as promessas divinas entram constantemente em contradi??o com a realidade vivida. Mas depois da cruz, vem a ressurrei??o. "A esperan?a crist? n?o ? otimismo. A esperan?a  nos conforta e nos habilita a resistir. N?o capitularmos, mas nos mantermos de p?. Nos mantermos insatisfeitos e inquietos com o mundo injusto".


Se a apatia ? sinal de morte e fruto do pecado, ? na esperan?a que a raz?o humana encontra o despertar dos sentidos. "Assim como na experi?ncia de uma grande tristeza nossos sentidos se apagam e n?o podemos mais ver qualquer cor, ouvir nenhum tom e perceber o paladar, parecendo mortos-vivos, assim tamb?m se abrem os nossos sentidos novamente quando respiramos o amor de Deus. N?s vemos de novo este mundo multicolorido, n?s ouvimos novamente melodias, recuperamos nosso paladar e todos os sentimentos. Somos tomados por uma grande aceita??o da vida, aceita??o do Esp?rito vital divino", diz Moltmann.


Para o desenvolvimento desta nova vida, precisamos nos movimentar em Deus e precisamos que Deus more em n?s. Essa morada de Deus na terra ? promessa b?blica, descrita no Apocalipse por meio da imagem da "Jerusal?m divina" que desce sobre a terra. "Por conta dessa Shechinah de Deus, tudo precisa ser recriado e preparado. Ent?o ser?o enxugadas todas as l?grimas, o sofrimento e pranto v?o passar e a morte n?o existir? mais (Ap.21.5).  Mas Moltmann disse tamb?m, citando 2 Pedro 3.12, que devemos "aguardar e apressar" o futuro de Deus. Aguardar ?  n?o se conformar ?s condi?es de injusti?a e n?o reconhecer as for?as daquilo que ? factual. "Aguardar significa nunca se resignar, nem entregar-se a si mesmo". E apressar ? superar a realidade presente e antecipar o futuro do novo mundo de Deus exercendo a justi?a concretamente no cotidiano.


Em seu coment?rio, o professor Jung Mo Sung, coordenador do Programa de P?s Gradua??o da Umesp, disse, emocionado, que shechinah era o conceito que o te?logo Hugo Assmann vinha estudando em seus ?ltimos dias de vida. "? a m?stica de Deus que faz morada em n?s. Deus ? aquele que habita nas tendas, n?o em templos ou em grandes pal?cios revolucion?rios. ? um Deus que n?o tem morada fixa, mas habita conosco".


 


Veja tamb?m:


Uma Teologia Vivida! A segunda palestra do Moltmann.

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