A teologia da esperan?a de J?rgen Moltmann
"O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na regi?o da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. (…) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu…" Isa?as 9.2 e 6a

"Uma Igreja que pensa apenas em salvar almas e se desconecta da realidade n?o tem futuro, s? tem passado", disse Moltmann na entrevista coletiva. Mas o que os crist?os e crist?s podem fazer diante de um cen?rio religioso marcado pela aliena??o, pelo individualismo e pela intoler?ncia? – perguntei. "Levantar e lutar!" — foi a resposta incisiva, mas dita com um sorriso simp?tico. Aprendi com Moltmann que a resist?ncia ? fruto da esperan?a. E a resigna??o ? um sinal de morte, e fruto do pecado. Pecado? Sim, Moltmann associa apatia ao pecado pois, para ele, o pecado n?o ? simplesmente uma falha moral, mas o distanciamento do Deus da Vida – ?, portanto, a morte
![]() | Para o te?logo, muitos milagres est?o ocorrendo |
S? que a maioria dos crist?os est? esperando o c?u, n?o um mundo de justi?a, lamenta Moltmann. "A maioria das pessoas acredita que ser espiritual ? apenas orar. Sim, n?s devemos orar e ficar atentos. Em vez de fecharmos os olhos, abri-los ? realidade".
O que ele chama de realidade consiste em realidade e potencialidade. O que vivemos hoje traz embutido um futuro de possibilidades. O presente ? a linha lim?trofe na qual as possibilidades se realizam – ou s?o desprezadas. E isso depende de n?s. Mas, como percebemos as nossas possibilidades? Segundo o te?logo, pela nossa capacidade criativa, imagina??o, coragem e esperan?a. "Para viver com esperan?a ? preciso desenvolver o senso de possibilidade. Ent?o podemos transcender nossa realidade e alcan?ar o reino das possibilidades". Ele lembra que as promessas divinas entram constantemente em contradi??o com a realidade vivida. Mas depois da cruz, vem a ressurrei??o. "A esperan?a crist? n?o ? otimismo. A esperan?a nos conforta e nos habilita a resistir. N?o capitularmos, mas nos mantermos de p?. Nos mantermos insatisfeitos e inquietos com o mundo injusto".
Se a apatia ? sinal de morte e fruto do pecado, ? na esperan?a que a raz?o humana encontra o despertar dos sentidos. "Assim como na experi?ncia de uma grande tristeza nossos sentidos se apagam e n?o podemos mais ver qualquer cor, ouvir nenhum tom e perceber o paladar, parecendo mortos-vivos, assim tamb?m se abrem os nossos sentidos novamente quando respiramos o amor de Deus. N?s vemos de novo este mundo multicolorido, n?s ouvimos novamente melodias, recuperamos nosso paladar e todos os sentimentos. Somos tomados por uma grande aceita??o da vida, aceita??o do Esp?rito vital divino", diz Moltmann.
Para o desenvolvimento desta nova vida, precisamos nos movimentar em Deus e precisamos que Deus more em n?s. Essa morada de Deus na terra ? promessa b?blica, descrita no Apocalipse por meio da imagem da "Jerusal?m divina" que desce sobre a terra. "Por conta dessa Shechinah de Deus, tudo precisa ser recriado e preparado. Ent?o ser?o enxugadas todas as l?grimas, o sofrimento e pranto v?o passar e a morte n?o existir? mais (Ap.21.5). Mas Moltmann disse tamb?m, citando 2 Pedro 3.12, que devemos "aguardar e apressar" o futuro de Deus. Aguardar ? n?o se conformar ?s condi?es de injusti?a e n?o reconhecer as for?as daquilo que ? factual. "Aguardar significa nunca se resignar, nem entregar-se a si mesmo". E apressar ? superar a realidade presente e antecipar o futuro do novo mundo de Deus exercendo a justi?a concretamente no cotidiano.
Em seu coment?rio, o professor Jung Mo Sung, coordenador do Programa de P?s Gradua??o da Umesp, disse, emocionado, que shechinah era o conceito que o te?logo Hugo Assmann vinha estudando em seus ?ltimos dias de vida. "? a m?stica de Deus que faz morada em n?s. Deus ? aquele que habita nas tendas, n?o em templos ou em grandes pal?cios revolucion?rios. ? um Deus que n?o tem morada fixa, mas habita conosco".
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