X?, TENTA??O!
Somos tentados a todo o momento – pela soberba, pelos olhos, pelos desejos, pelos nossos instintos… A tenta??o adquire diversas faces de acordo com a idade, sexo, posi??o social e ?reas de interesse.Normalmente o que ? tenta??o para um n?o significa que o ser? para outro. ? muito f?cil para um idoso cobrar seriedade do jovem que se deixa seduzir facilmente, por?m, ele n?o est? em melhores condi?es que o rapaz, pois sua ?rea de tenta??o embora seja mais sutil – e consequentemente menos vis?vel -n?o ? menos potencialmente pecadora.
Tenta??o ? uma palavra amb?gua, pois ao mesmo tempo que se teme, se deseja. Por um lado ? deliciosa, por outro, perigosa. Com uma parte do ser, se quer, com outra parte sabemos ser proibida.? inevit?vel da? o conflito. Percebemos, ent?o, que de um lado desejamos as "coisas do Alto", por outro lado quase que culpamos a Deus por permitir que coisas "daqui de baixo" perturbem nossa pacata vida crist?.
A tenta??o ? perigosa porque ? sedutora: quando n?o estamos diante dela, achamo-nos fortes e determinados… ao surgir ? nossa frente ou em nossa mente ela arrebata os sentidos, e aquele at? ent?o forte e destemido fica paralisado.Que ningu?m se ufane de sua solidez, porque o ap?stolo adverte: "quem est? em p? cuidado para que n?o caia".
Toda tenta??o ? uma proibi??o, um interdito.Diga a uma crian?a para n?o mexer na gaveta do criado-mudo e bastar? voc? fechar a porta para que aquela gaveta se transforme no objeto mais desejado da casa.Quem j? foi crian?a sabe do gosto maravilhoso que h? na goiaba roubada no quintal do vizinho. Essa mesma goiaba n?o despertaria o menor interesse se estivesse na fruteira de casa.
Tenta??o ? desejo. H? desejos permitidos e desejos proibidos. O c?njuge, por exemplo, deve ser um desejo sempre deliciosamente tentador. H? desejos diab?licos – mas n?o foi o diabo que colocou a? dentro – posto que j? estava consigo, adormecido. O diabo n?o tem o poder de colocar nenhuma tenta??o dentro de n?s. Ele apenas desperta o que j? existe, s? incita o que pode ser incit?vel: "cada um ? tentado pela sua pr?pria cobi?a, quando esta o atrai e seduz" (Tg 1.14).
Para algumas religi?es orientais o desejo ? o grande problema da humanidade, por isso almejam uma vida onde ele seja negado para que nas?a um ser apaziguado. Paulo advertiu aos colossenses contra essas filosofias que apregoavam para "n?o manusear isto, n?o provar aquilo, n?o tocar aquiloutro", pois ele chama isso de doutrinas de homens e "rigor asc?tico" que tem apar?ncia de sabedoria, todavia "n?o t?m valor algum contra a sensualidade" (Cl 2.23). Ou seja, n?o resolvem o problema e ainda estimulam a indulg?ncia da carne.
N?o ? travando luta encarni?ada contra os desejos que conseguiremos nos libertar, pelo contr?rio: tudo aquilo que lutamos 24 horas sem descanso se transforma em obsess?o e o efeito ? contr?rio. ? como a hist?ria do disc?pulo que chegou ao seu mestre e perguntou: "Mestre, o que devo fazer para alcan?ar a paz e a serenidade de uma mente sem sobressaltos? O Mestre lhe respondeu: "? simples: fique a semana toda sem pensar em macaquinhos, elimine-os completamente de sua mente, e depois volte aqui. Mas lembre-se: n?o pense uma vez sequer neles". O disc?pulo saiu todo feliz: "Ah, isso ? f?cil!". Passado apenas algumas horas aquele disc?pulo retorna desesperado: "Mestre, mestre, pelo amor de Deus, tire de cima de mim esses macacos que n?o me deixam dormir, n?o me deixam comer, e est?o agora em meus ombros….".
Quem pensa que vencer? "eliminando" n?o sabe que estar? criando um monstro muito mais dif?cil de ser lidado, pois j? que ele foi proibido na consci?ncia – onde se pode decidir -ele vir? das entranhas como imagens e pensamentos compulsivos que n?o temos poder de decis?o. Inevitavelmente acaba em neurose. Quem vive assim n?o precisa de diabo, pois ele ? o seu pr?prio diabo [Advers?rio].
Tenho para comigo que Jesus ensinava para n?o usarmos de v?s repeti?es em nossas ora?es, justamente para evitar que n?o tornemos os nossos medos – naturais – em monstros que v?o assombrar a alma pela constante repeti??o. E ao inv?s de descanso, a mente estar? sempre aflita e perturbada. Imagine um crente temeroso de ataques do maligno viajando em f?rias para a sincr?tica Bahia dos terreiros e orix?s. Ao descer do avi?o ? recepcionado por uma m?e-de-santo oferecendo pipoca, nos passeios s? encontra acaraj? em tabuleiros consagrados, no almo?o do hotel grupos de capoeira se apresentando…. Se essa pessoa tentar "amarrar Satan?s" a cada minuto do dia ter? as f?rias mais cansativas de sua vida. Qual a origem do problema? A mente que n?o descansou no Senhor.
Aquilo que tememos n?o pode ser transformado num fetiche, pois vai acabar ganhando vida pr?pria em nossa mente. Por isso Paulo nos ensina em o que pensar: tudo que ? bom, tudo que ? agrad?vel, de boa fama…. seja isso que ocupe a vossa mente".
A ora??o ? o caminho do crist?o. Jesus nos ensinou a pedir ao Pai que "n?o nos deixe cair em tenta??o". Pe?a a Deus que limpe os seus olhos para ver sua Gra?a bondosa nos auxiliando naqueles momentos que parece que vamos trope?ar. Pe?a a Deus que cada desejo maligno projetado sobre sua vida receba da parte Dele dobrada for?a para poder resistir. Que cada crente no Senhor saiba quepelo Esp?rito Santo em sua vida, ele pode dizer "n?o" ? mais vigorosa tenta??o. Que cada um reconhe?a que por sua pr?pria for?a, por sua "moral", nada pode fazer, mas pela gra?a pode decidir pelo que o Senhor se agrada.
Ser tentado faz parte de nossa condi??o humana, mas podemos passar relativamente tranq?ilos por essa prova quando ouvimos o que diz o Senhor:"em vos converterdes e em sossegardes est? a vossa salva??o; na tranq?ilidade e na confian?a, a vossa for?a" (Is 30.15).
Pr. Daniel Rocha
Igreja Metodista em Itaberaba, SP

