Publicado por Sara de Paula em Geral, Escola Dominical - 25/02/2022

Abigail: sabedoria para resolver conflitos | Lição grátis para Escola Dominical

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A guerra nunca será a melhor solução, nem mesmo em tempos de conflito.

Quando o conflito chega, nem sempre há disposição para solucioná-lo. Há quem se afaste, há quem ignore, há quem ataque. Tais ações não resolvem. É preciso enfrentar o conflito. A pacificação, o diálogo, a humildade e a oração, são fundamentais. 

Há também a possibilidade de contar com a ajuda de outras pessoas para solucionar alguns conflitos. Como se posicionar diante de conflitos entre terceiros? 

Somos do grupo do "deixa disso e vamos conversar" ou colocamos mais "lenha na fogueira"? A prudente Abigail tem muito a nos ensinar.

Que tal dialogar sobre isso? Para ajudar nesta reflexão, disponibilizamos a lição Abigail: sabedoria para resolver conflitos. Reúna a sua classe, seu grupo de discipulado ou sua família e estude sobre isso. 

Não devemos ser omissos diante da crescente investida do mal. Lembre-se: "não nos cansemos de fazer o bem" (Gl 6.9). 

Que Deus nos ajude a sermos daquelas e daqueles que promovem a paz!


Lição: ABIGAIL: sabedoria para resolver conflitos¹
Texto Bíblico: 1Samuel 25.32-35
“Volte em paz para a sua casa”. v.35b
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A palavra conflito traz, na origem latina dos termos que a compõem, (com =com + fligere = golpear, atacar), a ideia de golpear junto. Sim, num conflito a violência, seja física, verbal ou psicológica se fará presente. Tão importante quanto ser pacífico(a) e evitar os conflitos é resolvê-los quando surgem. Precisamos agir em favor da construção da paz em meio aos problemas existentes. Nesta lição, a partir do exemplo de Abigail, mulher marcada por características como sabedoria, coragem, desprendimento e proatividade, queremos destacar a importância da construção da paz através da mediação de conflitos.

Da Bíblia

1 Samuel 25 relata um episódio ocorrido no meio da disputa pelo trono de Israel: Saul havia sido rejeitado por Deus, mas ainda permanecia rei; Davi havia sido ungido rei, mas ainda não ocupava o trono. Num momento de fuga no deserto, após a morte de Samuel, Davi buscou a ajuda de Nabal, cujo nome significa estúpido; ele era um homem de muitos bens, mas também “duro e maligno em todo o seu trato” (v.3).

No passado, Davi havia acolhido alguns pastores de Nabal que estavam no Carmelo. Todos os moços foram tratados com dignidade, nada lhes faltou. Davi, que agora estava com necessidades, esperava reciprocidade de Nabal. No entanto, Nabal não o ajudou. Foi incapaz de agradecer na mesma medida (v.10-11).

Nabal desprezou e insultou Davi, chamando-o de escravo fugitivo. Davi reagiu e armou um plano de vingança rápido, que deveria ser executado antes de 24 horas. Cabe destacar que ambos mostraram sinais de falta de sabedoria e de propensão a conflitos. Embora Nabal tivesse ofendido gravemente a Davi, é evidente que o futuro rei se deixou controlar pela ira, planejando uma vingança precipitada e desproporcional.

Os planos de Davi foram interrompidos pela ação de Abigail, que era sensata (v.3), o oposto do seu marido. Por causa do seu bom senso, foi procurada por um empregado que lhe contou tudo o que tinha acontecido (vv.15-17). Diante dos fatos, Abigail soube agir para promover a paz. Enquanto Nabal procurou o conflito, ela fez de tudo para impedi-lo; não se omitiu e optou por enfrentar e mediar as tensões entre seu marido e Davi (vv.18-32).

Para resolver o conflito, Abigail ajudou Davi a tomar consciência das suas atitudes(vv.32-34) e depois fez o mesmo com Nabal (v.37). Para isso, usou o diálogo e não julgou, nem acusou. Ela foi mansa. Outro fato importante é que Abigail não apenas falou, ela agiu. Como viu que seu marido tinha negado comida a Davi, ela mesma preparou e organizou tudo para que ele e seus companheiros recebessem o alimento que precisavam.

Abigail foi elogiada por Davi no versículo 33 por sua prudência. O original dessa palavra, em hebraico, é ta’am, que literalmente tem a ver com gosto, provar, e figurativamente tem a ver com percepção, inteligência, comportamento, entendimento, e pode ainda se referir a um decreto. A prudência de Abigail também direcionou sua maneira de agir com Nabal. Ela soube o momento certo de falar com ele (vv.37-38). Nabal se deparou com o seu feito infeliz e morreu na sua estupidez.

Abigail, por conta da sua sensatez, tornou-se esposa do rei (vv.39-44). Ela foi instrumento de graça e misericórdia na vida de Davi, evitando que ele pagasse o mal com o mal. Abigail mediou o conflito e construiu a paz.

Para a vida

Toda pessoa tem suas próprias expectativas de como as coisas devem acontecer e como “os outros” devem agir. Quando as expectativas não são correspondidas, problemas de relacionamento surgem. Nessas horas, sentimentos de raiva não controlados podem gerar comportamentos agressivos. Assim foi com Davi (v.13); até então, ele tinha evitado derramar sangue com Saul, mas naquela circunstância, ficou com tanta raiva que queria se vingar.

Dos sentimentos não controlados em meio aos conflitos, pode surgir o desejo de fazer justiça com as próprias mãos. A tendência é definir quem errou e punir. Não se investe tempo para ouvir a outra pessoa, muito menos para entender os motivos por trás das ações. A Palavra de Deus nos desafia a agir diferente (ler Tg 1.19-20).

O texto bíblico da lição nos ensina a agir como Abigail (sensatez); o problema é quando perdemos a inteligência e agimos como Nabal (estupidez); ou mesmo como Davi, que quis se vingar. A maturidade cristã nos ajuda a perceber e nos arrepender quando agimos como Davi e Nabal e, também, a ter forças para nos comportar como Abigail.

Por motivos diversos, muitas vezes nos envolvemos em conflitos alheios. Esta pode ser uma boa oportunidade para trabalhar pela instauração da paz. As atitudes de Abigail indicam um caminho para resolver conflitos em nossos espaços de convivência. Sua participação no conflito entre Nabal e Davi foi determinante para que uma matança não acontecesse, e ela nos inspira a ser agentes de pacificação.

Em meio aos conflitos é preciso colaborar com a paz e dialogar com ambas as partes. Ainda que não seja possível colocar, a princípio, as duas partes para conversar, precisamos acalmar os ânimos. Ao dialogar com as partes, é preciso ter habilidade e não tomar partido para que o diálogo não corra o risco de ser interrompido.

Quem se coloca na função de mediar um conflito pode direcionar sua atuação, a princípio, para a tomada de consciência sobre as atitudes equivocadas. Assim fez Abigail com Davi e Nabal. Mais do que tomar um lado da situação, importa construir a paz entre quem brigou.

O diálogo se complementa com ações pacíficas e cuidadosas para a promoção da paz. Para resolver conflitos é preciso agir. Tem horas que só as palavras não resolvem, é necessário fazer algo mais concreto para acabar com os problemas. É preciso buscar em Deus a orientação para tanto.

Outro cuidado é não colocar a própria ideia de resolução como a única possível de acontecer. A resolução de um conflito requer vontade e participação das partes implicadas. Portanto, não devemos nos angustiar e nem nos precipitar. As vezes não conseguimos a solução ideal, mas a possível para aquele momento, o que já é um bom começo.

Nessas horas, a oração, a calma, palavras mansas e o coração disponível são as melhores formas de encontrar a orientação do Espírito. Somos chamados e chamadas a optar sempre por construir ou restaurar a paz. “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21).

Conclusão

Diariamente, cada pessoa cristã é desafiada a trabalhar pela paz e mediar os conflitos que surgem em sua vivência. “Não é fácil para nós assumirmos a responsabilidade pelas coisas que não fomos nós que provocamos (...). É preciso uma conversão ao outro, à outra, para que sejamos pessoas capazes de empatia” (TORRES, 2017, p. 57)2. Ser instrumento de paz exige prudência e sabedoria, dons que vêm de Deus e que nos ajudam a distinguir quando é a hora de esperar e quando é a hora de agir, quando é a hora de falar e quando é a hora de ouvir. Por amor a Deus e ao próximo, aceitemos esse desafio.

Bate-papo: como ser agente de pacificação em um mundo tão polarizado? É possível expressar opiniões divergentes sem causar conflitos?

Leia durante a semana

Domingo: 1Samuel 25.32-35

Segunda-feira: Provérbios 15.1-2

Terça-feira: Provérbios 15.18

Quarta-feira: 1Pedro 3.8-12

Quinta-feira: Colossenses 3.12-17

Sexta-feira: Mateus 5.21-26

Sábado: Salmo 34.11-14


¹ Retirado de Revista Cruz de Malta “Crescer na Graça, na Palavra & no Amor” (2021.1), lição 16.
² TORRES, Hideide Brito. Corajosas – seguindo os passos de mulheres da Bíblia. 1ªed. São Paulo: Angular, 2018.

 


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