consciencia negra

Dia 20 de novembro – Dia Nacional da Consci?ncia Negra


Pr. Ronan Boechat de Amorim,


Pastor da Igreja Metodista de Vila Isabel



(texto escrito no domingo 19/11/2006)



I – Introdu??o


Nessa semana passada foi exibido por uma emissora de TV um filme sobre um cantor brasileiro rec?m-falecido. Embora eu goste de algumas de suas m?sicas, particularmente da poesia de algumas delas, pensei que a vida desse jovem n?o ? um exemplo para nenhum outro jovem. Confesso que n?o vi o filme e nunca li nada sobre esse cantor por pura falta de interesse e curiosidade. Mas ele tem ainda hoje legi?o de admiradores.



A m?dia e o mercado criam falsos her?is e quando n?o ? lucrativo, esquece de her?is verdadeiros.



Amanh?, dia 20 de novembro ? feriado nacional. E ? poss?vel que as pessoas n?o saibam realmente da grande import?ncia de um brasileiro chamado Zumbi. E por isso estou me propondo a escrever, ou melhor, organizar alguns pequenos textos que encontrei j? escritos na internet sobre o dia 20 de novembro e sobre o pouco que sabemos sobre esse her?i brasileiro. Que morreu defendendo a vida e a liberdade das pessoas que buscaram ref?gio no Quilombo dos Palmares.



Calcula-se que entre 13 a 20 milh?es de pessoas negras tenham sido trazidas da ?frica para viverem (???) e trabalharem (!!!) no Brasil nos quase 500 anos que a escravid?o aconteceu em nosso pa?s. Eram homens, mulheres, jovens e crian?as raptados em suas na?es (aldeias), acorrentados e transportados nos por?es dos chamados "navios negreiros", vendidos aqui para trabalhar nas minas e lavouras. Muitas fam?lias brancas se enriqueceram com o trabalho escravo. Muita gente ainda ? rica hoje porque recebeu por heran?a aquela riqueza constru?da com o trabalho escravo. Grande parte da riqueza de nosso pa?s foi constru?da com trabalho escravo. E para nossa tristeza hoje em dia, a escravid?o era aceita tranq?ilamente pela igreja, pelos crist?os, tanto cat?licos quanto protestantes.



As pessoas que foram escravizadas nunca aceitaram essa condi??o de serem escravizados. Sempre houve fugas, resist?ncias, rebeli?es… e para combater isso tamb?m havia castigos severos, torturas, etc…



?s vezes se fala dos poetas, dos pol?ticos e outros importantes l?deres que iniciaram, combatera e ajudaram a extinguir a escravid?o em nosso pa?s, o ?ltimo pa?s do mundo a tornar a escravid?o uma pr?tica ilegal. Em geral eram jovens abnegados, advogados, jornalistas e estudantes, como o poeta Castro Alves, quem por primeiro se engajaram. Grande convers?o ? causa da liberta??o dos escravos deu-se com a ades?o de Joaquim Nabuco, um ilustre descendente do patriciado pernambucano, homem cult?ssimo que emprestou a sua pena e a sua intelig?ncia para participar, nos jornais e revistas da ?poca, da guerra ideol?gica contra os escravocratas em recuo. Ainda entre os abolicionistas temos Rui Barbosa, Luis Gama, Andr? Rebou?as, Jos? do Patroc?nio, Ant?nio Bento, etc…



Mas dentre os pr?prios escravos e a popula??o negra pobre h? tamb?m grandes her?is. Ganga-Zumba foi o primeiro grande chefe conhecido do Quilombo de Palmares. Era tio de Zumbi, de quem vamos estar falando mais adiante.



Mas leiamos os textos que encontrei na internet.



II – A LEI QUE TORNOU O DIA 20 DE NOVEMBRO O DIA NACIONAL DA CONSCI?NCIA NEGRA


(extra?do de http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/home.html)



A lei N.? 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calend?rio escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consci?ncia Negra. A mesma lei tamb?m tornou obrigat?rio o ensino sobre Hist?ria e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: Hist?ria da ?frica e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na forma??o da sociedade nacional.



Com a implementa??o dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate das contribui??o dos povos negros nas ?reas social, econ?mica e pol?tica ao longo da hist?ria do pa?s.


A escolha dessa data n?o foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi – l?der do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irm?os, em Pernambuco, ap?s liderar uma resist?ncia que culminou com o in?cio da destrui??o do quilombo Palmares.



Ent?o, comemorar o Dia Nacional da Consci?ncia Negra nessa data ? uma forma de homenagear e manter viva em nossa mem?ria essa figura hist?rica. N?o somente a imagem do l?der, como tamb?m sua import?ncia na luta pela liberta??o dos escravos, concretizada em 1888.



Por?m, hoje as estat?sticas sobre os brasileiros ainda espelham desigualdades entre a popula??o de brancos, negros e mesti?os. Por isso, ? importante conhecermos algumas informa?es sobre o assunto.



III – DIA 20 DE NOVEMBRO: DIA NACIONAL DA CONSCI?NCIA NEGRA


(extra?do de http://www.colegioantares.com.br/saibamais/consciencianegra.htm)



A cada ano, o dia 20 de novembro se consolida como uma data de grande significado no calend?rio hist?rico nacional. A mem?ria de Zumbi dos Palmares reafirma-se no pante?o dos her?is que escreveram, com a pr?pria vida, a hist?ria do povo brasileiro, na luta por ideais grandiosos, tais como igualdade e justi?a social. O Quilombo dos Palmares ? um dos principais s?mbolos da resist?ncia negra na ?poca da escravid?o, tamb?m conhecido por Angola Janga, que significa Angola Pequena. Localizava-se na Serra da Barriga, atual Estado de Alagoas, local de grandes planta?es de cana-de-a?car.



Durante cem anos (1595-1695), Palmares constituiu um foco de resist?ncia aos ataques da Coroa, conseguindo tamb?m ter uma vida social extremamente organizada, chegando a contar, em 1640, segundo os holandeses, quase dez mil quilombolas. Era de interesse dos grandes propriet?rios de terra aniquilarem Palmares, para tentar recuperar escravos e para evitar que, tendo Palmares como refer?ncia, os escravos tivessem maior motiva??o para a fuga. Para Zumbi, o mais importante n?o era viver livre, mas libertar todos os negros ainda escravos. Em fun??o da sua express?o hist?rica e da resist?ncia que representa, o dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, foi adotado pelo Movimento Negro Brasileiro como o Dia Nacional da Consci?ncia Negra, data que ?
celebrada em todo o pa?s.



Se prestarmos aten??o ?s pessoas que est?o ao nosso redor, veremos que muitas t?m av?s italianos, pais ?rabes, origem espanhola, alem? ou portuguesa. Mais claramente, veremos uma grande maioria de crian?as ou adultos com tra?os fision?micos que evidenciam sua origem negra. O negro ? talvez o elemento que maior contribui??o trouxe ? forma??o da cultura brasileira. (…) Mas hoje, tantos anos depois de outorgada a aboli??o da escravatura, ainda podemos acompanhar a luta das ONGs com a quest?o racial para mudar a imagem social do negro no Pa?s.



A cultura negra sempre esteve atrelada ? escravid?o e ao preconceito. A maioria das pessoas acredita que existe um racismo silencioso, pois muitas delas preferem n?o falar sobre o assunto. “O racismo expl?cito, pelo menos no meio urbano, vai se enfraquecendo, principalmente por conta da consci?ncia crescente de que ? pr?tica criminosa. Mas o preconceito (que ? o racismo subterr?neo) continua. E ? fomentado, principalmente, pelas novelas da Rede Globo, que s?o um ve?culo muito poderoso”, comenta Nei Lopes, compositor e um dos maiores estudiosos de hist?ria do povo negro no Brasil.



O preconceito racial ? sempre adquirido atrav?s da aprendizagem. Em geral, a pessoa ? levada desde crian?a a ter id?ias e atitudes preconceituosas, por viverem numa sociedade em que predominam valores racistas. “A sociedade brasileira p?e na nossa cabe?a – veja os negros sempre fazendo papel de subalternos nas novelas – que n?s somos inferiores, porque nossos antepassados foram escravos e os dos donos do poder foram senhores. Prevenir isso s? atrav?s da Educa??o Fundamental, com uma revis?o completa da Hist?ria, e por meio de a?es governamentais afirmativas”, diz Nei Lopes.



Apesar do mito da democracia racial, os ?ndices de desigualdade econ?mica e social entre negros e brancos demonstram o grau de racismo existente no Pa?s. A realidade contempor?nea reflete estere?tipos do tempo da escravid?o, com o negro continuando a viver ? margem da sociedade. Ainda segundo Nei Lopes, h? raz?es hist?ricas para isso: “A Aboli??o foi feita de qualquer maneira e n?o teve medidas que a complementasse. A sociedade de ent?o optou claramente por branquear a na??o pela imigra??o europ?ia e jogou os rec?m libertos, literalmente, no lixo. Sob o ponto de vista hist?rico, o racismo serviu freq?entemente para justificar a domina??o e a explora??o de um grupo por outro. Hoje, quase metade da popula??o do Pa?s ? negra, mesti?a ou parda, n?o tendo realizado o sonho das elites brasileiras com a vinda dos imigrantes europeus.




IV – OS QUILOMBOS


(extra?do de http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/quilombos.html)




Os quilombos, que na l?ngua banto significam “povoa??o”, funcionavam como n?cleos habitacionais e comerciais, al?m de local de resist?ncia ? escravid?o, j? que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.



Criado no final de 1590 a partir de um pequeno ref?gio de escravos localizado na Serra da Barriga, em Alagoas, Palmares se fortificou, chegando a reunir quase 30 mil pessoas. Transformou-se num estado aut?nomo, resistiu aos ataques holandeses, luso-brasileiros e bandeirantes paulistas, e foi totalmente destru?do em 1716.



Embora n?o existam mais quilombos por aqui, comunidades remanescentes se instalaram em v?rios estados do pa?s. No total, 743 foram identificadas, mas s? 29 foram tituladas oficialmente pelo governo.



Localizadas em S?o Paulo, Rio de Janeiro, Par?, Maranh?o, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Goi?s e Amap?, estas comunidades det?m os Direitos Culturais Hist?ricos, assegurados pelos artigos 215 e 216 da Constitui??o Federal que tratam das quest?es relativas ? preserva??o dos valores culturais da popula??o negra. Al?m disso, suas terras s?o consideradas Territ?rio Cultural Nacional.



Estima-se que 2 milh?es de pessoas vivam nestas comunidades organizadas para garantir o direito ? propriedade da terra. Segundo a Funda??o Cultural Palmares, do governo federal, que confere ?s comunidades o direito ao t?tulo de posse da terra, os habitantes remanescentes dos quilombos preservam o meio ambiente e respeitam o local onde vivem. Mas sofrem constantes amea?as de expropria??o e invas?o das terras por inimigos que cobi?am as riquezas em recursos naturais, fertilidade do solo e qualidade da madeira.




V – ZUMBI DOS PALMARES


(extra?do de http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/zumbi.html)



Zumbi foi o grande l?der do quilombo Palmares, considerado her?i da resist?ncia anti-escravagista. Estudos indicam que nasceu em 1655 no quilombo,sendo descendente de guerreiros angolanos.Com poucos dias de vida, foi aprisionado pela expedi??o de Br?s da Rocha Cardoso, sendo entregue depois a um padre, conhecido como Ant?nio Melo que o batizou com o nome de Francisco.



Aos 15 anos, ele foge da casa do padre e retorna a Palmares, onde muda o nome para Zumbi. Ficaria conhecido em 1673, quando a expedi??o de J?come Bezerra foi desbaratada. Um ano antes de sua morte, caiu em um desfiladeiro ap?s ser baleado num combate contra as tropas de Domingo Jorge Velho, que seria mais tarde acusado de mat?-lo. Dado como morto, Zumbi reaparece em 1695, ano de sua morte.



Aos 40 anos, ele morre ap?s lutar contra mil?cias organizadas por donos de terras durante dezessete anos. Durante mais uma incurs?o comandada por Domingos, Zumbi foi abatido no seu esconderijo descoberto depois da trai??o de um de seus principais comandantes, Ant?nio Soares, que revelou onde o l?der se encontrava.




VI – A IGREJA METODISTA E O DIA DA CONSCI?NCIA NEGRA


N?o h? um documento da Igreja falando sobre essa data, mas o Metodismo, desde que surgiu no s?culo XVII na Inglaterra, teve a luta contra o tr?fico e a escravid?o uma de suas bandeiras. O Rev. John Wesley, fundador do metodismo era enf?tico sobre a grande trag?dia e indignidade em que se consistia a escravid?o. Coube a William Wilberforce, um leigo metodista, assinar em 25 de mar?o de 1807, na condi??o de Primeiro Ministro da Inglaterra, a lei que aboliu o tr?fico de escravos em todos os territ?rios do Imp?rio Brit?nico. Nelson Mandela, o her?i sul-africano e mundial tamb?m ? um crist?o metodista.




N?s da Igreja Metodista de Vila Isabel temos um compromisso com a hist?ria e somos gratos a Deus pela vida das pessoas que contribu?ram para que nosso mundo fosse um lugar melhor de se viver, um lugar melhor para todas as pessoas, e muito particularmente as pessoas injusti?adas, confinadas na mis?ria, v?timas do racismo e condenadas a falta de futuro.



Foi na comunidade metodista de Coelho da Rocha, em S?o Jo?o de Meriti, que depois de abandonado e esquecido, Jo?o C?ndido, o Almirante negro, her?i da "Revolta da Chibata", encontrou amigos, uma "fam?lia" e uma viva f? em Deus que o ajudou a enfrentar a velhice e a extrema pobreza. Ele entrou para marinha em 1894, aos 14 anos de idade, e para a hist?ria por liderar, em 1910, o levante armado dos marujos contra o uso de castigos f?sicos (o uso dos a?oites com a chibata) na Marinha brasileira, foi perseguido durante toda a sua vida, mesmo quando recluso e doente, tendo a pol?cia vigilante at? mesmo durante o seu enterro em 1969, quando ent?o tinha 89 anos de idade. “N?s quer?amos combater os maus-tratos, a m? alimenta??o (?) E
acabar com a chibata, o caso era s? este” ? declarou Jo?o C?ndido, em 1968, em depoimento ao Museu de Imagem e do Som.



A maioria esmagadora dos negros brasileiros n?o s?o pobres por causa da cor da pele, mas como conseq??ncia de s?culos de explora??o, escraviza??o e abandono ap?s a assinatura da Lei ?urea pela Princesa Isabel.Pobreza e mis?ria t?m a ver com injusti?a e n?o com cor da pele, com etnia.



Dia 20 de Novembro: Dia Nacional da consci?ncia negra. Dia de Consci?ncia para que as pessoas de cor negra e seus descendentes e pessoas de quaisquer outras ?tnicas e tons de pele saibamos que fomos criados por Deus, somos amados por Deus e somos chamados a servir a Deus, lutando por mudan?as sociais e estruturais em nosso pa?s que t?m ao longo dos s?culos criado uma imensa popula??o de pobres e miser?veis e igualmente lutar por mudan?as na cultura brasileira, que durante s?culos "satanizou" a cultura negra.



Deus criou os diferentes. O pecado criou as desigualdades e os desiguais.



Por fim, se voc? quiser informa?es sobre os assuntos relacionados ao Dia Nacional da Consci?ncia Negra, visite os sites:


www.palmares.gov.br
www.quilombhoje.com.br
www.mundonegro.com.br




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