Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 24/07/2012

Crescimento dos evangélicos representa mudança de visão da sociedade

Os dados relativos à religião divulgados pelo IBGE no relatório do Censo 2010 continuam sob debate na sociedade brasileira. O crescimento marcante dos evangélicos, superior a 60%, foi tema de um artigo da escritora e pesquisadora e antropóloga, Yvonne Maggie (foto ao lado) em sua coluna no G1, da Globo. Ela é professora titular do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.

Maggie traçou uma análise sob os aspectos culturais e econômicos, e relaciona o crescimento do protestantismo no Brasil ao sucesso da política econômica do plano Real, que completa 18 anos em 2012. Maggie porém não determina qual dos fatos foi influenciador e qual resultado de influência.

Para a pesquisadora, os dados do IBGE apresentaram “um Brasil bem diverso daquele que prevalecia até o último decênio do século XX”. Segundo ela, “o crescimento da população evangélica parece ser uma das maiores mudanças em termos de visão de mundo ocorridas nos últimos vinte anos no Brasil”.

Perguntas que talvez levem muito tempo para serem respondidas são colocadas por Yvonne Maggie como essenciais em seu artigo, publicado no G1: “O que muda quando 20% de uma população majoritariamente católica passa a se declarar protestante? Em segundo, qual a relação deste fato com o que vem sendo chamado de intolerância religiosa?”, questiona a professora.

Para Maggie, “o Brasil do real e do controle da hiperinflação, que completou 18 anos este ano, foi acompanhado pelo crescimento de uma nova classe média – milhares de pessoas deixaram de viver abaixo da linha da pobreza – e de uma ética centrada na responsabilidade individual, com o crescimento paralelo do número de protestantes”.

A professora e pesquisadora afirma que o sucesso do Plano Real demonstra uma mudança de comportamento da sociedade, coerente com a cosmovisão do protestantismo: “O crescimento espantoso do número de evangélicos no País talvez seja sinal de que as regras morais e os valores indispensáveis ao surgimento do ‘espírito do capitalismo’ são, de fato, complementares às mudanças econômicas e à maior racionalidade na vida cotidiana [...]Não penso ser absurdo admitir que no Brasil do século XXI uma ideologia mais voltada para o indivíduo e para o trabalho tenha sido concomitante à obra dos economistas que planejaram e executaram a estratégia de controle da inflação. A luta contra o clientelismo, ao qual sempre esteve ligada a Igreja católica, faz parte da nova ética necessária à implantação de forma mais racional e menos emocional de gerir a vida cotidiana e, é claro, a vida pública”, observa.

Outras perguntas sobre o tema são feitas por Yvonne Maggie em seu artigo, visando a compreensão da sociedade atual: “Por que tantas pessoas têm abandonado suas pertenças religiosas para aderir à fé protestante? Será possível que mais de 20% de adeptos do protestantismo sejam apenas pessoas ingênuas e manipuladas por falsos pastores que só desejam o seu dízimo?”, interroga.

Maggie pontua que a postura protestante que marca um rompimento da postura de ambiguidade mantida pelo catolicismo com as religiões afro-brasileiras é simbólica: “Os protestantes rompem também com a aliança centenária da Igreja católica com as religiões afro-brasileiras, que ao mesmo tempo as atacava e mantinha uma relação ambígua. Romper os laços com a Igreja católica e com a crença no feitiço representa uma virada radical no cenário cosmológico da vida social brasileira”.

Confira abaixo, a íntegra do artigo “O Brasil não é mais um país apenas católico?”, da professora Yvonne Maggie:

 

Fonte: Gospel +


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