Projeto de Alfabetiza??o na Igreja Metodista em Aricanduva tem mudado a vida de v?rias pessoas na Zona Leste de S?o Paulo.

Neste ano, o Dia Internacional de Alfabetiza??o – 8 de setembro – cai num s?bado. A Igreja Metodista em Aricanduva aproveitar? a data para fazer um festivo Culto de A??o de Gra?as. Essa pequena igreja da periferia de S?o Paulo tem bons motivos para comemorar a data com satisfa??o. Em seu sal?o social ela abriga um projeto de alfabetiza??o que est? ajudando a escrever uma nova hist?ria de vida para 35 pessoas entre 15 e 66 anos.

O projeto foi idealizado pelo pastor Jair Alves, que atualmente est? pastoreando em Itaim Bibi, e pela professora Maria das Gra?as Pereira da Silva, mas come?ou efetivamente no ano passado, com o apoio do Rev.Sinclair Corr?a Soares, educador, pastor aposentado e membro da igreja em Aricanduva. Dentre os v?rios trabalhos sociais que a igreja poderia realizar em seu bairro, os irm?os e irm?s de Aricanduva perceberam uma realidade surpreendente: numa das maiores capitais do pa?s ainda ? grande o n?mero de analfabetismo e evas?o escolar. "Ao realizar este projeto, a Igreja Metodista est? mais uma vez cumprindo o seu papel na sociedade. Isso ? miss?o. Ao incluir as pessoas no mundo da escrita, voc? tamb?m abre as portas para a evangeliza??o", afirma o pastor Jair.

Para realizar esta miss?o, a Igreja conta com duas professoras; uma volunt?ria e outra cadastrada na Secretaria de Educa??o de S?o Paulo, para a qual o governo do estado destina, mensalmente, um aux?lio de duzentos reais. O projeto funciona de segunda a quinta-feira com in?cio das aulas ?s 19 horas e t?rmino ?s 21 horas.             

Empenho volunt?rio Neili Isabel Germano ? formada em Pedagogia e Letras. Cat?lica, ela mora pr?ximo ? Igreja Metodista em Aricanduva e trabalha como professora volunt?ria no projeto.

Como voc? se engajou nesse projeto?

Vi a faixa na frente da igreja e me cadastrei como professora volunt?ria. Eu trabalhava num projeto semelhante na Igreja Cat?lica S?o Pedro, mas aqui ? mais perto de casa. Junto comigo, vieram quatro alunos de l?.

Como ? sua rotina de trabalho?

Saio de casa todo dia ?s seis e meia e trabalho at? ?s cinco e meia da tarde antes de vir pra c?, de metr?. Dou aulas de segunda ? quinta e nas noites de sexta fa?o apoio pedag?gico aos adultos que est?o em dificuldades. Aos s?bados, leciono duas disciplinas que n?o est?o na grade curricular: ingl?s e recrea??o para as crian?as.

Mas n?o ? muito cansativa essa vida?

Eu me dedico de corpo e alma ao projeto! Mas n?o ? muito f?cil… Tenho apenas uma verba de noventa reais para ajudar no transporte, e ainda assim, porque a professora Gra?a, que ? cadastrada no Estado, divide sua ajuda de custo comigo. Tamb?m sentimos falta de material did?tico e de mais pessoas para ajudar com as crian?as. ?s vezes, as m?es n?o v?m porque n?o tem onde deixar as crian?as. Quem nos ajuda ? a igreja.

Sendo volunt?ria, o que voc? "ganha" trabalhando neste projeto?

O retorno ? saber que eles est?o aprendendo. Os alunos aprovados pelo projeto podem se matricular em qualquer escola da prefeitura ou do estado. Cinco de nossos alunos j? est?o matriculados na quinta s?rie. Eles v?m realmente querendo aprender.

E voc?, o que tem aprendido com os alunos?

A gente aprende com eles a superar os pr?prios limites. Vendo como eles se esfor?am para enfrentar as pr?prias dificuldades, a gente tamb?m se entrega inteiramente. Eu s? fico triste mesmo quando percebo que meus alunos n?o ficaram satisfeitos com meu rendimento em sala de aula. E me esfor?o para melhorar.

Como v? a participa??o da Igreja Metodista neste projeto?

Eu "tiro o chap?u" para os metodistas que abra?aram essa causa, oferecendo espa?o e apoio social aqueles que precisam.

Vencendo dist?ncias Maria das Gra?as Pereira da Silva ? professora cadastrada pela Secretaria Estadual da Educa??o. Ela ? evang?lica, da Igreja Universal do Reino de Deus e foi pioneira neste projeto.

Como foi o seu engajamento no projeto?

Eu trabalhava no Projeto Caminhar com o pastor Jair, que me convidou a participar deste trabalho.

Quais as maiores dificuldades deste trabalho?

Pra mim ? a dist?ncia. Eu moro no Itaim Paulista (bairro da zona leste de S?o Paulo). A aula termina ?s 9 da noite e s? vou conseguir chegar a casa, ?s 11. ? cansativo: tenho 30 crian?as de manh?, 30 ? tarde e 20 estudantes do projeto ? noite. Al?m do cansa?o, a falta de recursos para o trabalho ? outro problema.

Quem ? mais f?cil de alfabetizar?

Ambos s?o bons. As crian?as t?m menos preocupa?es, ? f?cil alfabetizar. J? os adultos s?o mais esfor?ados, querem aprender para ler, escrever…

E para voc?, qual ? o maior aprendizado?

? a integra??o com as pessoas, o carisma de alunos e alunas que h? mais de 40 anos pararam de estudar e hoje conseguiram retornar aos estudos. Alguns j? est?o na 5? s?rie.

Aprendo muito com eles, eles me transmitem perseveran?a.

Um novo come?o Magali Pereira da Silva tem 66 anos. Descendente de italianos, os pais a educaram para casar cedo e se dedicar ao lar; ela aprendeu a cozinhar, costurar, fazer croch?…

Mas Magali acabou n?o se casando e se arrependeu de ter deixado os estudos de lado.  "Agora estou me preparando para completar o gin?sio. Estou gostando principalmente das aulas de ingl?s. J? sei contar de um a dez!", anima-se. Magali tamb?m afirma estar gostando de estudar dentro de uma Igreja Metodista, que ela n?o conhecia. "Aqui no projeto estou conhecendo pessoas novas".

Ganho de auto-estima Raquel Antunes de Oliveira Brito, 38 anos, passou um dia em frente ? Igreja e viu a faixa anunciando o projeto. Era a oportunidade que ela esperava. "S? estudei at? os dez anos de idade porque perdi minha m?e cedo e tive que ajudar meu pai". Agora, Raquel est? cursando a 3? s?rie do ensino fundamental "Estudando a gente ganha auto-estima", afirma.

Jos? Geraldo Magalh?es J?nior