Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

igrejas e meio ambiente

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu, na manhã desta segunda (4/9), em encontro com evangélicos cariocas na Catedral Presbiteriana, que as igrejas aproveitem o seu potencial na luta pela defesa da Terra. "É difícil separar o nosso amor pelo Criador, do amor pela criação", afirmou.
  
   A ministra demonstrou que o momento é favorável à criação de um movimento nacional evangélico pioneiro em defesa do meio ambiente. Argumentou que as resistências teológicas e doutrinárias estão diminuindo com o noticiário sobre furacões, aquecimento global e enchentes pelo mundo. "As pessoas estão receptivas à questão ambiental. É só fazer chegar a informação", detalhou. Marina defendeu a criação de comitês ambientais nas igrejas, um em cada comunidade e em todas as denominações. Também foi mencionada a necessidade de mais fácil acesso a materiais de educação ambiental nas igrejas e uma campanha que incluísse conferências cristãs de meio ambiente.
  
   Embalada pela temática de sua próxima agenda no dia, envolvendo a conservação e exploração racional dos recursos do mar, Marina Silva estimulou pequenos gestos cotidianos de defesa da ecologia como parte do movimento, pedindo aos evangélicos que repreendessem os donos de restaurantes que servissem sardinhas no período do defeso e se recusassem a aceitar o peixe nesse período.
  
   Segundo o Ibama, "o defeso é um período de paralisação obrigatória da pesca sobre um determinado recurso pesqueiro. No caso da sardinha, a medida serve para proteger a espécie nas fases vulneráveis de seu ciclo de vida, ou seja, no período de pico da desova e do recrutamento da espécie".
  
   A ministra seguiu da igreja para o Espaço Cultural da Marinha, onde participou do lançamento do "mais amplo diagnóstico dos recursos da costa brasileira" - o Revizee, que auxilia na viabilização do uso sustentável dos recursos marítimos, através dos resultados de dez anos de pesquisas oceanográficas de 300 pesquisadores, feitas numa área aproximada de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, que se estende pelos 8,5 mil quilômetros de litoral do país, onde a pesca gera cerca de 800 mil empregos.

Domínio sobre a natureza

 
   Marina usou versículos bíblicos para fundamentar a idéia do movimento em defesa do planeta. No Salmo 115, leu: "A terra, Deus deu aos filhos dos homens". E comentou: "Deus nos deu, é nossa casa comum. E nós estamos aqui para dominar e valorizar a natureza". Sobre quem usa essa palavra "domínio", de que fala Gênesis 1:28, para defender uma ação predatória contra a natureza com fins econômicos, afirmou ser uma interpretação equivocada: "o domínio de que fala o texto é amoroso, segundo a visão e o conceito de Deus a respeito dessa palavra. E, não bastasse isso, na sequência do texto, em Gênesis 2:15, é afirmada mais claramente a responsabilidade com a criação, ao dizer que era necessário "cuidar do jardim".
  
   Também mencionou outras duas pequenas ações para o dia-a-dia, ao longo de seu discurso, como exemplos do que os membros das igrejas podem fazer: "Ao construir no entorno da Baía de Guanabara, não despejar o esgoto lá"; e "Controlar a fumaça do seu carro, que afeta a saúde de milhares de pessoas".
  
   Ainda sobre o movimento das igrejas pelo meio ambiente, a ministra falou da necessidade de "estabelecer princípios gerais" e deixar que as igrejas e estruturas denominacionais fizessem o trabalho. "Cobrar do estado e fazer a nossa parte", resumiu. Argumentou que lutar pela sustentabilidade econômica é buscar a sustentabilidade ética (que orienta nosso comportamento) e a política (que dá viabilidade às nossas propostas). E arrematou: "Nós, anunciadores do Reino onde até o lobo e o cordeiro conviverão, temos a obrigação de cuidar desta Terra. Nossa responsabilidade é pelo planeta inteiro".
  
   A discussão deve continuar no evento "Missão Integral: Ecologia e Sociedade" que vai acontecer no estado de São Paulo, no Vale da Bênção, município de Araçariguama, entre os dias 24 e 26 de novembro.
  
   Marina Silva, que se converteu há 10 anos e foi consagrada missionária da Assembléia de Deus em dezembro de 2004, pediu orações ao grupo: "orem por este trabalho que desenvolvo. A Bíblia diz que "aquele que está de pé, olhe que não caia". Que meu testemunho continue de pé. Estou cuidando da criação para testemunhar do Criador".
  
   A ministra estava acompanhada de dois assessores também evangélicos: Jane Vilas Boas, da Igreja Batista Central de Brasília, que organiza a agenda da ministra e articula ações pelo meio ambiente junto à liderança evangélica, e Pedro Ivo, anglicano e ligado ao Movimento Evangélico Progressista (MEP), coordenador da Conferência Nacional de Meio Ambiente.
  
   Participaram da reunião cerca de 40 pessoas, entre representantes de entidades e igrejas, jornalistas, professores e estudantes de Teologia, pastores, profissionais da área de meio ambiente e políticos. Dentre as instituições representadas: A Rocha Brasil, Visão Mundial, Aliança Bíblica Universitária (ABUB), movimento FALE, Aliança Protestante Nacional, Seminário Teológico Betel, União Feminina Missionária Batista do Brasil (UFMBB), Iser, Viva Rio, Mocidade para Cristo (MPC), Brigada Ecológica João Braga (que pretende realizar um trabalho com igrejas de Realengo, Rio), entre outras.

 Fonte: Agência Soma



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