
Texto publicado pela revista Metodista da Vila, publica??o mensal editada pela Igreja Metodista de Vila Isabel, RJ. Por S?rgio Duarte
A situa??o da Alemanha no s?culo XVI era cr?tica. Impostos escorchantes, interfer?ncias recessivas do governo na economia e muitos esc?ndalos de suborno na administra??o p?blica, que era onerosa e corrupta. Tudo isso ocorria n?o somente com o aval, mas com contribui??o efetiva tanto do alto como do baixo clero. Foi quando no dia 31 de outubro de 1517, de modo nada usual, um protesto foi lan?ado contra um abuso eclesi?stico.
Um monge, professor da recentemente fundada universidade alem?, provocou a maior revolu??o de toda hist?ria da Igreja Crist?. Naquele dia, aquele monge agostiniano afixou nas portas da igreja de Wittenberg suas 95 teses com quest?es teol?gicas relativas ao uso de indulg?ncias. De uma certa forma, pode-se considerar aquela data como a do in?cio da Reforma Protestante.
Martinho Lutero, autor do protesto, ? um dos poucos homens de quem se pode dizer que sua obra alterou profundamente a hist?ria do mundo. N?o era organizador nem pol?tico. Movia os homens pelo poder da f? religiosa resultante da inabal?vel confian?a em Deus e da rela??o direta, imediata e pessoal com Ele. Lutero que fora, na sua juventude, tremendamente marcado pelo sentimento de pecaminosidade,
escapou da morte quando um raio quase o atingiu e decidiu tornar-se monge. Fez da vida mon?stica a sua oferta pessoal a Deus, esperando receber dEle a sua aprova??o. Com confiss?es intermin?veis, sacrif?cios, como dormir no inverno europeu sem cobertor, obedi?ncia rigorosa ?s "exig?ncias" divinas, ele tentava um meio de agradar a Deus e conseguir sentir o t?o almejado perd?o.
Tudo mudou quando ele foi envolvido pela mensagem da Carta aos Romanos (Rm 1,17), "O JUSTO VIVER? PELA F?". Assim, tomou posse da d?diva divina que os grupos corais em todo mundo cantam como "A MARAVILHOSA GRA?A" de Deus. Da? para frente SOLA GRATIA (a gra?a somente), como dizia, era bastante para conseguir o sentimento de justifica??o, e SOLA SCRIPTURA (A B?blia somente) nortearia a sua f? e n?o mais a tradi??o.
O sacerd?cio universal dos crentes, pensamento formulado pelo monge imediatamente ap?s a experi?ncia anterior, colocava todos os crentes diretamente em contato com Deus. Agora o povo podia se confessar e orar sem a necessidade de intermedi?rios, como fazia crer a Igreja da ?poca. "Sobre a Liberdade Crist?", sua terceira grande obra, apresentava o grande paradoxo da experi?ncia crist?: "Um crist?o ? o senhor mais livre de todos, e n?o est? sujeito a ningu?m. Um crist?o ? o mais devoto servo de todos, e a todos est? sujeito." ? livre porque ? justificado pela f?, e ? servo porque, pelo amor, coloca sua vida a servi?o de Deus.
Por tudo isso, o papa Le?o X, que se viu amea?ado nos tr?s alicerces do poder da igreja: a supremacia do sacerdote sobre o leigo, o direito exclusivo de interpretar as Escrituras e o perd?o conseguido unicamente pelo pagamento de indulg?ncias, o perseguiu, for?ando-o a se refugiar no castelo-fortaleza de Wartburg. De l?, do fundo do seu ex?lio, Martinho Lutero nos deixou mais uma inspirada, encorajadora e desafiadora mensagem, desta feita sob a forma de m?sica: "CASTELO FORTE", quando testemunha que a despeito de todas as fortalezas constru?das pelo homem, o seu castelo forte n?o ? outro sen?o o nosso Deus.
A Reforma Protestante deve ser lembrada n?o somente como uma conquista do passado distante, mas principalmente como testemunho de f? em Deus e no futuro do mundo, pois por mais sombrio que possa parecer o estado de coisas que nos cerca, o nosso her?i nos induz a experimentar que, pela Maravilhosa Gra?a de Deus: "O Pr?ncipe do Mal, com seu Plano Infernal, j? condenado est?, vencido cair? por uma s? PALAVRA". (S.D.)
P?ginas da B?blia de Lutero: “Sola Scriptura”

Como a ora??o deve ser
(Pequeno trecho de Lutero extra?do do seu livro "O Pai Nosso", publicado em 1519. Tradu??o de Jo?o Wesley Dornellas)
"Vejamos primeiro o modo de orar, isto ?, como havemos de orar. H? de se orar usando poucas palavras mas tendo muitos e e bem profundos pensamentos e sentimentos. Quanto menos palavras, melhor ? a ora??o e vice-versa; quanto mais palavras, pior ? a ora??o. Poucas palavras e muitos pensamentos ? crist?o, todavia muitas palavras e escassos pensamentos ? coisa pr?pria de pag?os. Foi por isto que Jesus nos disse: "N?o sejais prolixos como os gentios". Em outra ocasi?o, assim Cristo fala ? mulher samaritana: "Os verdadeiros
adoradores adorar?o ao Pai em esp?rito e em verdade; porque s?o estes que o Pai procura para seus adoradores". Sendo assim, "orar em esp?rito" ou "espiritualmente" ? o contr?rio da ora??o carnal, e orar em verdade ? o contr?rio da ora??o aparente:
A "ora??o carnal" e "aparente" consiste em murm?rios e tagarelice, que se faz com os l?bios mas sem medita??o alguma. Para os demais,
? como se orasse, e a ora??o sai dos seus l?bios mas n?o ? verdadeira. Pelo contr?rio, a ora??o espiritual e verdadeira ? um anseio interior, um suspirar e uma ?nsia que brota do mais profundo do cora??o. A ora??o de l?bios faz hip?critas, ensoberbecidos e falsos, enquanto que a verdadeira ora??o forma filhos de Deus, santos e temerosos"
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Conhe?a a Igreja Luterana: reportagem publicada pela Revista das Religi?es, da Editora Abril

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