Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Metodismo capixaba faz 100 anos

Igreja Metodista no Espírito Santo completa 100 anos

A história da Igreja Metodista no Estado do Espírito Santo confunde-se com a trajetória de muitos homens e mulheres que aqui chegaram em busca de uma vida melhor, de novas terras, sob novas aspirações, com a coragem e o desapego necessários a quem se lança à aventura do desconhecido.

Uma breve história do nosso começo


Nos primeiros anos do século XX, era grande a migração de pessoas para as áreas de mata virgem e terras frias da Serra dos Arripiados, Matacapó ou Caparaó. Pequenas propriedades eram adquiridas, desmembradas das fazendas senhoriais. Colonos também conseguiam adquirir e apropriar-se de alguma terra devoluta e, como proprietários ou meeiros, iam derrubando as matas, construindo palhoças e casas. É nesse ambiente rude que serão encontradas as famílias originárias do metodismo capixaba.


Os primeiros membros da Igreja Metodista no Estado foram evangelizados por um leigo: o sr. Alfredo Fernandes Pereira, oriundo de Serra Morena, localidade de Laranjeiras, município de Itaocara, RJ, onde o metodismo já havia chegado. O primeiro culto foi dirigido pelo sr. Alfredo por volta de março de 1905, na casa do sr. Joaquim Lopes Rubim e Maria Pereira Rubim (mais conhecida como D.Dinha), em São José do Caparaó, margem direita do rio Norte  (na época, município de Alegre). Foi um culto singelo, baseado na leitura de um exemplar da Bíblia adquirido pelos Rubim havia algum tempo, por meio de um colportor quando ainda viviam em Miracema. Trata-se de uma edição de 1894, hoje preservada no Arquivo Histórico da 4ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista.


O primeiro pastor a visitar os novos metodistas no Caparaó foi o Rev. Antonio Cardoso da Fonseca, de origem portuguesa, admitido à plena conexão na Igreja Metodista em 14 de agosto de 1892. Pastor do Circuito da Estrada Nova, esse obreiro atendia ao norte do Estado do Rio de Janeiro, Sudeste de Minas Gerais, indo até o Caparaó, passando por Faria Lemos e Caiana. Na primeira visita, em 1905, a convite de Alfredo Fernandes Pereira, ele pregou na residência do casal Rubim e ali recebeu, por batismo e profissão de fé, dezesseis pessoas, além de batizar sete crianças. Seguiram-se muitas outras conversões no primeiro ano de atividades no Caparaó, conforme registros encontrados, entre outros, nos livros históricos da Igreja Metodista em Cataguases.


O processo de evangelização se deu principalmente por contatos de amizade, troca de dias de serviço para as derrubadas de matas, pela fala simples sobre a prática da fé e o convite insistente para os cultos nas casas dos crentes. As residências eram transformadas em pontos de pregação logo que a elas acorresse assistência significativa de pessoas. As táticas usadas do convite pessoal, da amizade, da leitura bíblica em família e, principalmente, dos cânticos entoados nas casas e durante os serviços da roça, reuniam dezenas de pessoas. Os convertidos recebiam instrução simples por meio dos leigos, em momentos de oração e cultos, sendo recebidos por batismo e profissão de fé quando da visita de um pastor metodista no circuito.

Cem anos para o futuro


Este centenário caracteriza, para a Igreja Metodista capixaba, muito mais do que a rememoração de sua caminhada, embora tal resgate seja igualmente fundamental, pleno de significados e repleto de histórias de gente simples, mas dedicada, capaz, fervorosa e fiel a Deus. Celebrar 100 anos significa para nós, como igreja, repetir o clamor do salmista: "Ajuda-nos a contar nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios" (Salmo 90.12). E, em termos de Igreja, celebrar os 100 anos de chegada ao Estado, contar os dias dessa história é alcançar corações missionários.
É proposta do Concílio Regional da Igreja Metodista que as celebrações do centenário impulsionem e motivem a reflexão missionária da Igreja e uma nova alavancada em sua ação, visando ampliar sua presença, atuação e membresia no Estado do Espírito Santo. Ainda há cidades nas quais não existe presença metodista em termos de igrejas organizadas; há ações e campos abertos aos quais podemos atender por meio de nossa vocação eclesial, de uma "comunidade missionária a serviço do povo". Queremos que a memória do passado seja nossa inspiradora na implementação desse novo avanço. Podemos dizer, com alegria: "Ebenézer, até aqui nos ajudou o Senhor" (1 Samuel 7.12). Mas, com certeza, igualmente podemos afirmar: "Eis-nos aqui, Senhor, frente ao futuro que tens para nós". Não sabemos como será, mas cabe-nos apenas dizer: "Envia-nos a nós" (Isaías 6.8).

Revda. Hideíde Brito Torres e Rev. Western Clay Peixoto


 


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