Ministério público convoca igrejas

Respeito ao Ind?gena:


Minist?rio P?blico do Mato Grosso do Sul notifica igrejas


Igrejas que atuam em aldeias ind?genas em Dourados, MS, comprometem-se a respeitar a cultura local e a liberdade religiosa das comunidades


As igrejas que atuam em aldeias ind?genas na regi?o de Dourados, Mato Grosso do Sul, incluindo a Miss?o Metodista Tapepor?, foram convocadas a comparecer no dia 5 de maio, a uma audi?ncia na promotoria de Justi?a. As autoridades est?o preocupadas com casos de desrespeito ? cultura e religi?o ind?genas relatados pela imprensa (veja reportagem abaixo).


As igrejas da regi?o assinaram um “Termo de Ajustamento de Conduta”, no qual se comprometem a respeitar a liberdade cultural ind?gena, capacitar as pessoas que atuam nas aldeias e limitar os n?veis de emiss?o sonora nos eventos realizados nas comunidades locais.


CLIQUE AQUI PARA VER o Termo de Ajustamento de Conduta e os compromissos firmados pelas Igrejas.


LEIA, a seguir, reportagem da Ag?ncia Estado sobre a quest?o:


Cresce conflito entre guaranis e evang?licos No MS, pastores estariam convertendo ?ndios e obrigando-os a se afastar da origem.


Mato Grosso do Sul


Aleluia! Jesus, derrama seu poder! Gl?ria a Deus! Am?m!' No in?cio da noite, os gritos ressoam pela reserva dos ?ndios guaranis, na periferia de Dourados, em Mato Grosso do Sul. Saem de pequenas, modest?ssimas igrejas, erguidas ao longo dos estreitos caminhos de terra da reserva.


H? muitas delas por ali. S?o tantas que, ?s vezes, no intervalo dos clamores dos fi?is, ? poss?vel ouvir os gritos vindos da igreja ao lado. Mas mesmo assim n?o param de se multiplicar. ? poss?vel perceber esse movimento pelos v?rios templos em constru??o. Mesmo sem teto, com tijolos aparentes e ? luz de velas, eles j? operam.


Pelas contas de um dos l?deres ind?genas do lugar, o guarani-caiu? Get?lio de Oliveira, j? chega a 36 o n?mero de igrejas evang?licas plantadas naquela reserva – uma ?rea de 3,4 mil hectares, na qual ficam as aldeias Jaguapiru e Boror? e vivem 12 mil almas. Se o l?der estiver certo, h? uma igreja para cada grupo de 330 ?ndios.


Quase todas elas se filiam a correntes pentecostais, com v?rios nomes: Deus ? Amor – Pronto Socorro de Jesus, Igreja Pentecostal Ind?gena, Casa da B?n??o, Congrega??o Maranata, Congrega??o Betel e outras. At? a Igreja da Unifica??o, do coreano Sun Myung Moon, que n?o venera Cristo e ? dono de fazendas no Estado, tem feito incurs?es na ?rea.


A invas?o n?o ? nova. Os guaranis convivem com evang?licos desde 1928, quando uma miss?o presbiteriana, chefiada por um pastor americano, se instalou no meio deles e est? l? at? hoje. A novidade ? o surgimento de uma crescente tens?o entre l?deres pentecostais e guaranis.


Nos ?ltimos dias, o escrit?rio da Funda??o Nacional do ?ndio (Funai) em Dourados recebeu a visita de duas delega?es ind?genas, as duas com reclamos contra os evang?licos. Eles contaram ? chefe do escrit?rio, a assistente social Margarida Nicoletti, que os pastores est?o elevando o tom dos ataques aos cultos ind?genas; e que cinco de suas casas de reza foram misteriosamente incendiadas.


O pior, na opini?o deles, ? que os evang?licos est?o se voltando agora para Panambizinho – outra reserva, a 18 quil?metros de Dourados, tida como um dos ?ltimos redutos preservados da espiritualidade guarani. Seu principal l?der religioso – o nhanderu, na linguagem guarani – estaria sendo acusado por obreiros da Igreja Deus ? Amor de ser um enviado de Satan?s.


DEMONIZA??O


O caiu? Get?lio de Oliveira, que al?m de chefe de cl? familiar, tamb?m ? nhanderu, conta que o ataque dos pastores inicia com a demoniza??o do culto ind?gena. 'O pastor discrimina n?s', conta, depois de desligar o celular e alisar uma pulseira de contas herdada do bisav?. 'Diz que nosso trabalho, nossa reza, nossa dan?a, ? anh? – coisa ruim, do dem?nio. O urucum, que n?s usa no rosto, ele diz que ? bosta do rabudo, do Satan?s.'


Outra t?tica dos pastores ? afastar os fi?is dos ritos culturais ind?genas: 'N?o deixa o ?ndio ir em festa, faz ele ter vergonha da nossa tradi??o.' Depois de convertidos, os homens guaranis raspam a cabe?a, passam a vestir camisa de manga comprida, cal?a social e sapatos; e come?am a se preocupar com o pagamento do d?zimo ?s igrejas. As mulheres deixam o cabelo crescer e aumentam o comprimento das saias.


De acordo com o antrop?logo Levi Pereira, professor da Universidade Federal da Grande Dourados e estudioso da cultura guarani, os ?ndios convertidos s?o estimulados a interagir apenas entre eles: 'At? nas escolas, as crian?as de pais pentecostais tendem a excluir e demonizar os filhos de rezadores ind?genas.'


O avan?o pentecostal, na opini?o do antrop?logo, pode ter efeitos dram?ticos: 'Esse avan?o ocorre diante de uma popula??o fragilizada e encurralada em termos culturais, ling??sticos, geogr?ficos. Por suas pr?ticas demonizantes, pela intoler?ncia e a despropor??o de for?as, o pentecostalismo pode ser o golpe de miseric?rdia no etnoc?dio a que estamos assistindo.'


Na Funai, Margarida Nicoletti, a chefe do escrit?rio, tem recomendado aos ?ndios que n?o abdiquem de suas cren?as e rezem cada vez mais.


'N?o se usa flecha e paj?s s? bebem pinga'


Os pastores pentecostais s?o recrutados entre os pr?prios ind?genas. ? o caso do caiu? Edson C?ceres, de 37 anos, pregador da Igreja Deus ? Amor. Ele conta que antes de se converter ao pentecostalismo, sete anos atr?s, tinha sido alco?latra e usu?rio de drogas: 'At? que um dia, passando na frente de uma igreja, a palavra me tocou e eu conheci o que ? o discernimento do poder de Deus na vida do ser humano.'


Ficou t?o seduzido que doou parte do terreno onde vive, na aldeia Jaguapiru, dentro da reserva de Dourados, para a constru??o do pequeno templo que administra. No hor?rio do culto di?rio, entre 18 e 21 horas, a igreja fica rodeada de charretes, carros velhos e bicicletas.


Edson aprendeu a ler com os presbiterianos. Casou-se com 15 anos (? comum entre guaranis o casamento na faixa dos 13 aos 16) e tem uma filha e dois netos, que ele j? afastou da tradi??o ind?gena: 'Temos duas culturas a escolher: a que vai para o C?u e a que n?o vai.'


Na opini?o dele, as queixas de intoler?ncia feitas por l?deres religiosos s?o descabidas: 'Se alguma casa de reza queimou ? por culpa deles mesmos, que s? se re?nem para beber cacha?a.'Perto dali, na aldeia Boror?, outro pregador da Deus ? Amor, o terena Luciano de Oliveira, bate na mesma tecla: 'Cultura ind?gena? Aqui tem TV, luz el?trica, celular. Ningu?m mais usa flecha e os paj?s, falsos paj?s, s? querem beber cacha?a.' Jovens perdem interesse pelas tradi?es ind?genas.


Os guaranis das regi?es Centro-Oeste e Sul do Pa?s se dividem em dois grupos: nhandevas e caiu?s. Estes ?ltimos s?o conhecidos pela forte religiosidade. Rezam para plantar, colher, curar doen?as, viajar, chamar chuvas, desfazer coisas ruins.


A grande trag?dia dos caiu?s no momento ? a falta de interesse dos jovens por essas pr?ticas. 'At? os 12 anos, o menino gosta de cantar, dan?ar, rezar. Mas depois come?a a ficar com vergonha', diz o l?der Get?lio de Oliveira, 54.

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