muçulmanos e o papa


Dirigentes mu?ulmanos espanh?is expressam tristeza pelo discurso do papa na Alemanha


Juan G. Bedoya
em Madri


“Al? o ama, irm?o Bento. Que sua miseric?rdia se derrame sobre o senhor e sobre a Igreja com abund?ncia. E, de nossa parte, paz.” Assim conclui Audalla Conget, secret?rio da Junta Isl?mica, uma declara??o intitulada “Carta Fraterna a Bento 16” que desde ter?a-feira pode ser lida na p?gina da Web do islamismo espanhol (http://www.webislam.com). Trata-se na pr?tica de uma rea??o oficial ao pol?mico discurso do papa feito na Universidade de Ratisbona, Alemanha. Encabe?ada pelo tratamento de “querido irm?o”, a carta ? respeitosa e tranq?ila, mas n?o esconde as cr?ticas mais severas.


No fundo e na forma ? um texto-guia do pensamento majorit?rio entre os
mu?ulmanos espanh?is (cerca de um milh?o de pessoas): as palavras do papa “partiram nosso cora??o” e s?o “um tremendo erro”, duplamente doloroso para os que convivem, como peixes na ?gua, em um pa?s majoritariamente crist?o como a Espanha.


Audalla Conget, natural de Zaragoza e que foi monge cisterciense antes de abra?ar o islamismo, diz assim ao papa romano: “? pela responsabilidade que o senhor tem diante do g?nero humano e especialmente diante do universo de crentes prometido a Abra?o, que vemos com tristeza sua li??o de teologia, manchada de irresponsabilidade e indol?ncia, que fomenta uma vis?o trivial e fr?vola do isl?, que favorece o confronto entre crentes e faz servilmente o jogo dos terroristas e dos poderes que n?o duvidam em assassinar milhares de inocentes, violar todo tipo de resolu??o, invadir impunemente os pa?ses ou deslocar milh?es de pessoas e deix?-las sem lar e sem hist?ria em nome de um tipo de deus, liberdade ou democracia que n?o correspondem e n?o se harmonizam com os valores que emanam de um Deus misericordioso e compassivo”.


Em Barcelona, Abdennur Prado, presidente da Junta Isl?mica Catal?, ? mais contundente na condena??o ao discurso feito na Alemanha porque “revela uma profunda ignor?ncia do isl?”. Ele diz: “S?o afirma?es irrespons?veis e inoportunas, sobretudo procedendo do respons?vel m?ximo da Igreja Cat?lica e num momento de tens?es como o que vivemos. Bento 16 confunde de forma nada inocente o termo 'jihad' com o de guerra santa, um conceito cunhado pela pr?pria Igreja Cat?lica como denomina??o das cruzadas, e afirma que o profeta Maom? defendeu a id?ia de que a f? pode ser imposta. Neste ponto pode-se falar claramente em uma provoca??o, muito na linha do choque de civiliza?es. Trata-se de uma fraude: o pr?prio Cor?o afirma que 'n?o cabe imposi??o na religi?o'. Apesar disso, o papa insiste em assimilar o conceito de jihad com a imposi??o violenta do isl?. ? inaceit?vel. Nos encontramos diante de um papa que n?o assimilou a abertura que representou o Conc?lio Vaticano II e que atirou conscientemente pelo ralo todos os esfor?os de Jo?o Paulo 2? a favor do di?logo isl?mico-cat?lico”.


Mansur Escudero, psiquiatra de C?rdoba e presidente da Junta Isl?mica da Espanha, recorre em sua rea??o a uma linguagem do xadrez. Afirma: “A alian?a dos neoconservadores contra o isl? acaba de comer a rainha. Pe?es do PP, cavalos retorcidos do arabismo, bispos implac?veis do sionismo, prepararam calculadamente a sa?da da pe?a-chave, o papa Bento 16. Nessas circunst?ncias, a li??o do papa-te?logo em Ratisbona ? t?o casual como foi em sua ?poca a crise das caricaturas de Maom? ou a encomenda editorial de versos sat?nicos que situavam em um bordel as mulheres do profeta. Provoca??o ap?s provoca??o, o mundo isl?mico vai encarnando o estere?tipo de um roteiro escrito pelo orientalismo”.


Escudero acredita que o xeque da rainha de Ratisbona n?o ? s? contra os mu?ulmanos. “Vamos nos resignar por enquanto por decis?o papal a adorar 'um Deus que n?o est? ligado ? racionalidade, ? verdade e ao bem'”, diz ele, masque o xeque tamb?m ? contra a raz?o cient?fica que quer se desvincular do religioso. “O xeque ? contra todo pensamento que n?o tenha sua base no mundo grego (?ndia, China…); o xeque ? especialmente cruel contra a teologia protestante por ser a iniciadora de um movimento de des-heleniza??o do cristianismo, vejam que crime, porque n?o se entende a mensagem de Jesus semo legado aristot?lico, que certamente chegou ? Europa gra?as ao isl?.”


A conclus?o desse dirigente ? emocional. “A li??o de Ratisbona partiu o cora??o de todos n?s. Mas, mais que a nenhum outro coletivo, essa li??o t?o pouco magistral de Bento 16 foi a grande decep??o dos cat?licos. Certamente, a Igreja de Roma cedo ou tarde ter? de assumir o desafio de que a mensagem de Jesus em aramaico pode se parecer extraordinariamente com a de Mois?s em hebreu ou a de Maom? em ?rabe”, diz.


Tradu??o: Luiz Roberto Mendes Gon?alves


Fonte: jornal El Pa?s


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