o início da vida segundo as escrituras


Eduardo Ribeiro Mundim
m?dico endocrinologista



A quest?o do in?cio da vida parece, a princ?pio, pertencer ?quele grupo de temas irrelevantes, sem sentido pr?tico, tipo “sexo dos anjos”. Contudo, o avan?o tecnol?gico que permitiu a fertiliza??o in vitro, o dispositivo intra-uterino (DIU), os estudos com c?lulas totipotentes (chamadas c?lulas-tronco), a clonagem a partir de c?lulas germinativas e a partir de c?lulas som?ticas transformou este t?pico marginal em essencial, tanto para aqueles que se consideram “n?o-religiosos” ou “cient?ficos” quanto para aqueles que pautam sua vida pessoal e comunit?ria por alguma revela??o divina.


A quest?o colocada por estes avan?os, bem como por outros semelhantes, ? sobre a licitude: ? ?tica a fertiliza??o fora do ?tero? usar o ovo (produto da jun??o do espermatoz?ide com o ?vulo) para pesquisa cient?fica? reprodu??o humana atrav?s de c?lulas n?o germinativas? A resposta ser? determinada pelos pressupostos adotados por cada indiv?duo e pela sua escala individual de valores. A resposta da coletividade n?o ser? um somat?rio das individuais, mas um arranjo que tentar? acomodar, em compromisso, todas elas – o que, por sua vez, pressup?e di?logo, compromisso social, exposi??o de cren?as, opini?es e valores, saber ceder e saber
intransigir.


A capacidade t?cnica ? muito mais veloz que a de absor??o / apreens?o do significado de cada avan?o. A novidade cient?fica encontra um ambiente religioso-filos?fico que, habitualmente, sonha com a estabilidade e aus?ncia de mudan?a. Neste momento, ela tem o pendor de revelar op?es assumidas inconscientemente, desafiar decis?es tomadas e cridas como definitivas, e for?ar novos posicionamentos (nem que sejam para confirmar os anteriormente afirmados).



A presente reflex?o tenta levantar dados para que a Igreja Crist? contribua com a sociedade na qual se encontra inserida com a miss?o de servir a partir daquilo que ? sua constitui??o central: as Sagradas Escrituras. Neste primeiro momento, a discuss?o sobre o conceito de vida, assim como sua an?lise como um todo, englobando todos os chamados seres vivos, ter?, quando muito, papel auxiliar.


O Relato da Cria??o
Independente do ponto de partida, se os tr?s primeiros cap?tulos de G?nesis s?o relatos
hist?ricos ou est?rias educativas, eles revelam que Deus:
o ? a fonte da vida, tanto da vegetal, quanto da animal;
o ? a fonte da vida humana;
o guarda uma rela??o especial com o homem.
A rela??o especial ? estabelecida por:
o relato minucioso da cria??o do homem;
o a cria??o do homem ? precedida por uma decis?o especial: “fa?amos” – uma
decis?o de Deus com a corte celeste, ou, como os Pais da Igreja viram, uma
decis?o majestosa de Deus (no hebraico plural Elohim) Tri?no 1;
o ele ? criado a imagem e semelhan?a de Deus;
o a ele ? dada a mordomia da cria??o: cultivar e guardar o jardim, dominar sobre
os animais;
o a vida vegetal como fonte de energia (o significado ?ltimo do termo alimento)
para o homem – citado primeiro – e para os demais animais;
o ao homem coube nomear os animais, o que, em termos b?blicos indica a
autoridade do ser humano sobre eles 2 (tamb?m entre eles n?o foi encontrado
um semelhante ao homem, tendo sido necess?ria a cria??o da mulher – refor?a
a radical diferen?a entre os diversos seres vivos e o homem)
O vers?culo 7 do segundo cap?tulo de G?nesis descreve a cria??o do homem em tr?s
momentos:
a. o homem ? moldado com argila
b. um h?lito de vida (nephesh) lhe ? dado
c. aquele “boneco de argila” torna-se ser vivo
Mais adiante, nos versos 21 e 22, a mulher ? criada em quatro momentos (a cria??o, na
verdade, ? relatada em apenas tr?s):
a. Deus “anestesia” o homem
b. retira-lhe uma costela
c. faz crescer carne no seu lugar
d. modela a mulher
Ela ? apresentada ao homem sem a men??o de ter-lhe sido insuflado o nephesh. ?
leg?timo assumir este ato como impl?cito, ao menos pelo que o texto afirma em 1.26-27, onde
ambos:
o s?o criados ? imagem e semelhan?a de Deus;
o recebem a ordem de juntos povoar e submeter a terra
A primeira poesia da humanidade, do Homem dedicada a Mulher, verso 23, mostra
como ele a reconhece como um igual. A leitura paralela de 1.26-27 com 2.23 pode levar ?
concluir que o fato dele a nomear n?o demonstra o mesmo grau de autoridade que ambos t?m
sobre o restante da cria??o.
? l?cito interpretar, se tomarmos o texto literalmente, que o homem tornou-se ser vivo
apenas quando lhe foi soprado o nephesh. Este termo hebraico “significa aquilo que transforma
um corpo, seja de homem ou de animal, em ser vivo… ? a parte sens?vel da vida do ego, a sede
das emo?es do amor… do anseio… da alegria… chora… ? derramada em l?grimas… se
prolonga na paci?ncia… At? tal ponto a alma [nephesh] ? o resumo da personalidade inteira, da
totalidade do 'pr?prio-eu' da pessoa, de modo que 'alma' pode ser o equivalente, quanto ao
sentido, de 'eu-mesmo' ou 'tu-mesmo'” 3. Esta conclus?o torna-se apenas uma das poss?veis se
o ponto de vista n?o for o literal.
Berkhof 4 exp?e outro ponto de vista: “Esta obra realizada por Deus n?o deve ser
interpretada como um processo mec?nico, como se ele tivesse formado primeiro o corpo do
homem e depois tivesse posto nele uma alma. Quando Deus formou o corpo, formou-o de modo
que, pelo sopro do Seu Esp?rito Santo, o homem se tornou imediatamente alma vivente”. Neste
ponto em particular, ele n?o exp?e os argumentos para defender sua interpreta??o.
Deve ser levado em conta de que a cria??o do Homem e da Mulher foi ato ?nico, sem
paralelo na hist?ria? A partir da forma??o do primeiro casal a reprodu??o humana passou a
existir. O que se deduz a partir da cria??o dele ? aplic?vel a gera??o dos demais seres
humanos?
A Antropologia B?blica
As Escrituras usam uma s?rie de termos para se referir ao ser humano: r?ah, pneuma,
nephesh, psyche, s?ma, b?s?r, sarx. Para o hebreu, n?o existia a id?ia da ant?tese corpo-alma.
2
A pessoa era uma unidade, n?o a jun??o de duas subst?ncias diferentes. Os temos usados
servem mais para descrever a rela??o do homem com seu ambiente e consigo mesmo do que
explicar partes funcionantes que se uniram para formar um todo.6
Um enigma com implica?es em v?rios pontos teol?gicos ?, dentro deste conceito do ser
humano uno e indivis?vel, o da morte. A experi?ncia universal comprova a decomposi??o r?pida
da carne, e, mais lentamente, dos ossos. Os eg?pcios tentaram resolver o problema da
decomposi??o atrav?s do processo eficiente da mumifica??o (mas que significava a remo??o
das v?sceras com seu acondicionamento ? parte). Mas para onde foi o nephesh?
Parece que os hebreus antigos n?o conseguiram resolver o enigma. Tinham convic??o
de que estar longe de Deus era um estado de n?o-vida. A quest?o do estado intermedi?rio n?o
? resolvido, pertencendo ao terreno da especula??o teol?gica. (Berkhof 5 demonstra certezas a
este respeito). Tomando as escrituras como um todo, o ensino fundamental ? o da restaura??o
da integralidade do ser: novo corpo para um ser redimido (ou condenado). O c?u ou o inferno
s?o realidades a serem experimentadas por pessoas completas, corpo-alma.
Considera??o obrigat?ria neste momento ? quando o novo corpo em forma??o passa a
ter alma, j? que ele n?o ? uma d?ade, mas um ser ?nico. Tendo esta integralidade em mente, s?
h? ser humano a partir do momento em que o nephesh lhe ? “insuflado”.
No in?cio do desenvolvimento da doutrina crist?, v?rias linhas de pensamento
trabalharam esta quest?o 7. A alma poderia ser pr?-existente, condenada ao corpo por seus
pecados (esta id?ia foi condenada pela Grande Igreja no VI s?culo). Poderia tamb?m ser criada
de modo independente, no momento de sua infus?o no corpo – Hil?rio, Ambr?sio e Jer?nimo
defendiam que, apesar dela estar difusa pelo corpo, existia de modo particular em algum ponto.
Agostinho chegou a defender que a infus?o ocorreria no 4o m?s de gesta??o 8. Ele tamb?m
defendeu que cada alma era gerada a partir da do pai. Greg?rio de Nissa ensinava que alma e
corpo passavam a existir simultaneamente.
O N?o-Nascido na B?blia
O que os trechos b?blicos que enfocam o n?o-nascido t?m a ensinar? Ele surge em tr?s
situa?es distintas:
1. Ex 21.22-25
2. Salmo 139.13,15,16
3. Os escolhidos antes do nascimento
1. ?xodo
“Se homens brigarem e ferirem uma mulher gr?vida, e ela der ? luz prematuramente,
n?o havendo, por?m, nenhum dano s?rio, o ofensor pagar? a indeniza??o que o marido daquela
mulher exigir, conforme a determina??o dos ju?zes. Mas, se houver danos graves, a pena ser?
vida por vida, olho por olho, dente por dente, m?o por m?o, p? por p?, queimadura por
queimadura, ferida por ferida, contus?o por contus?o.” (Ex 21.22-25, NVI)
Esta parece ser a ?nica refer?ncia direta das Escrituras sobre o aborto. Na NVI, “der ?
luz prematuramente”; na B?blia de Jerusal?m, “forem causa de aborto”; Almeida Revista e
Atualizada 2a edi??o, “e forem causa de que aborte”. A nota de rodap? da NVI informa que o
hebraico diz “e a crian?a sair”. O texto n?o explicita se a crian?a nasce viva ou morta, e em que
est?gio da gravidez (como o original fala crian?a, pode ser suposto que a forma humana era
claramente percebida).
Mas a lei ? clara ao dizer que este nascimento prematuro, com vida ou sem, seria punido
com uma multa fixada pelo marido e pelos ju?zes. Caso a m?e sofresse algum dano f?sico,
3
segundo o texto, o castigo seria “vida por vida”. O dano causado ? crian?a n?o ? punido, mas
sim a perda do pai em rela??o aquele(a) que lhe seria, de algum modo, ?til.
H? uma clara diferen?a em rela??o ao homic?dio premeditado, nos vers?culos 12-14.
Para aquele que planeja e executa um assassinato n?o havia local em que pudesse ficar
protegido: “tu o arrancar?s at? mesmo do altar, para que morra” (BJ).
O contraste tamb?m ? grande com Ex 22.21-27, onde a preocupa??o com o mais fraco
(o estrangeiro, a vi?va, o ?rf?o e o pobre) ? enfatizada: “n?o prejudiquem…porque se o fizerem
…com grande ira matarei voc?s ? espada”.
2. Salmo 139
“Tu criaste o ?ntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha m?e…Pois tu formaste
os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha m?e…Meus ossos n?o estavam
escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da
terra. Os teus olhos viram o meu embri?o; todos os dias determinados para mim foram
escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.”
O conhecido salmo de Davi demonstra o processo de algu?m em descobrir uma verdade
transformadora 9 : existe um Outro que ? pessoal, onipresente, onisciente e santo. Os versos
acima comp?e a terceira estrofe do poema, onde o tema ? o conhecimento, por parte de Deus,
de absolutamente tudo a respeito do salmista: o seu ?ntimo, o seu processo de forma??o oculto
aos olhos de todos como o n?cleo da terra o ?, a sua vida.
O verso 16 ? particularmente lembrado quando se fala do in?cio da vida. “Os teus olhos
viram 'o meu embri?o' (NVI – BJ) – 'subst?ncia ainda informe' (ARA). Contudo, a quest?o que se
coloca ? se pode ser afirmado com certeza que o autor estava dizendo que era ele constitu?do
como pessoa enquanto embri?o / subst?ncia ainda informe. Sendo a mente hebraica t?o ciosa
em afirmar a unicidade do ser, negando a duplicidade alma-corpo, n?o parece cr?vel assumir ter
o autor esta inten??o. Parece que o que o deixou perplexo ? a extens?o do conhecimento e
amor divinos, pois antes que ele fosse, era objeto da observa??o de Deus.
Se n?o se pode usar o texto como prova irrefut?vel da pessoa intra-uterina, certamente
pode como prova do cuidado de Deus para com ele (com a sombra que Ex 21.22-25 projeta).
3. A Elei??o antes do nascimento
A. Sans?o
“Certo homem da tribo de Zor?, chamado Mano?, do cl? da tribo de D?, tinha
mulher est?ril. Certo dia o anjo do Senhor apareceu a ela e lhe disse: 'Voc? ? est?ril, n?o
tem filhos, mas engravidar? e dar? ? luz um filho. Todavia, tenha cuidado, n?o beba
vinho nem outra bebida fermentada, e n?o coma nada impuro; e n?o se passar? navalha
na cabe?a do filho que voc? vai ter, porque o menino ser? nazireu, consagrado a Deus
desde o nascimento; ele iniciar? a liberta??o de Israel das m?os dos filisteus' “. (Jz 13.2-
5, NVI).
A vers?o da B?blia de Jerusal?m diz “porque o menino ser? nazireu de Deus desde o
ventre de sua m?e”, assim como a Almeida Revista e Atualizada, contrastando com a Nova
Vers?o Internacional.
A quest?o que o texto coloca ? se um “n?o ser” pode ser consagrado a Deus. No caso
de Sans?o, a consagra??o ? feita pelo pr?prio Deus: ? uma elei??o ao nazireato, e n?o um voto
volunt?rio de um adulto, homem ou mulher, como prescrito em N?meros 6. Uma elei??o que
toma por analogia a situa??o do nazireu.
4
O texto permite trabalhar a id?ia da liga??o ?ntima entre o filho e sua m?e, j? que ela
deveria se abster de bebidas destiladas e dos alimentos impuros. O voto completo do nazireu
compreendia:
o absten??o de bebidas fermentadas, do vinho e de qualquer produto ligado ? uva;
o n?o cortar o cabelo;
o n?o se aproximar de pessoas mortas, mesmo que fossem os pais.
Assim sendo, aquela crian?a no ventre materno n?o deveria consumir ?lcool ou alimento
impuro atrav?s de sua m?e. A dificuldade, contudo, permanece, pois se utens?lios foram
consagrados no templo e no tabern?culo, porque as restri?es a m?e de Sans?o demonstrariam
a condi??o de “vivo”?
B. Jeremias
“Antes de form?-lo no ventre eu o escolhi; antes de voc? nascer, eu o separei e o
designei profeta ?s na?es” (Jr 1.5 NVI)
A nota de rodap? da NVI informa que existe a alternativa “conheci” a “escolhi”. Esta foi
adotada pela B?blia de Jerusal?m e pela Almeida Revista e Atualizada. A de Jerusal?m comenta,
a respeito de “conhecer”, que “da parte do Senhor equivale a escolher e predestinar (Am 3.2; Rm
8.29)” 1a Esta mesma opini?o ? defendida em duas outras fontes 2a 3a.
A mesma quest?o permanece: Deus predestinou Jeremias enquanto ele ainda vivia, ou
enquanto vivo? Sendo o texto em quest?o po?tico, at? que ponto a express?o n?o ? um recurso
estil?stico de ?nfase?
C. Jo?o Batista
“Ele ser? motivo de prazer e de alegria para voc?, e muitos se alegrar?o por
causa do nascimento dele, pois ser? grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomar?
vinho nem bebida fermentada, e ser? cheio do Esp?rito Santo desde antes do seu
nascimento.
Quando Isabel ouviu a sauda??o de Maria, o beb? agitou-se no seu ventre, e
Isabel ficou cheia do Esp?rito Santo. Em alta voz exclamou:
'Bendita ? voc? entre as mulheres,
e bendito ? o filho que voc? dar? ? luz'
Mas por que sou t?o agraciada, ao ponto de me visitar a m?e do meu Senhor? Logo que
a sua sauda??o chegou aos meus ouvidos, o beb? que est? em meu ventre agitou-se de
alegria.” (Lc 1.14-15; 41-44 NVI)
Jo?o Batista traz duas novas quest?es. Sans?o foi consagrado desde o ventre materno,
Jeremias predestinado e Jo?o “cheio do Esp?rito Santo”. A nota de rodap? da B?blia de
Jerusal?m comenta a este respeito: ” Em Lc, essa express?o n?o significa plenitude de gra?a
santificante, mas dom de profecia que faz com que se fale de forma inspirada (1.41,67; At 2.4;
4.8,31; 7.55; 9.17; 13.9). Esse dom manifestar-se-? em Jo?o desde o seio materno, por meio de
um estremecimento prof?tico (1.44)”.1b
A segunda quest?o ? se Lc 1.44 (“o beb? que est? no meu ventre agitou-se de alegria”)
demonstra uma a??o consciente, ou uma a??o do Esp?rito sobre um ser n?o consciente. E se a
alegria n?o apenas uma interpreta??o de Isabel, ou uma emo??o verdadeira de Jo?o. O texto
b?blico n?o parece fornecer a resposta definitiva.
Considera?es Finais
A quest?o do in?cio da vida (bem como do seu valor) est? presente, consciente ou n?o,
na tomada de decis?o a respeito de diversas quest?es contempor?neas.
? No campo do planejamento familiar: DIU e a p?lula do dia seguinte;
5
? na medicina fetal: diagn?stico pr?-parto de doen?as gen?ticas graves ou fortemente
mobilizadoras das emo?es (s?ndrome de Down);
? reprodu??o assistida: o que fazer com embri?es restantes; reprodu??o usando c?lulas
som?ticas e n?o as germinativas; clonagem
? pesquisa com c?lulas tronco: destrui??o da m?rula
Os desdobramentos posteriores s?o os mais diversos, n?o sendo poss?vel elaborar uma
lista que os preveja na totalidade. Alguns exemplos:
– com?rcio de DIU / p?lulas do dia seguinte por crist?os 10
– decis?o quanto ao uso de meios alternativos de reprodu??o
– licitude de ser beneficiado por tecnologia obtida atrav?s de estudos considerados anti?ticos
Elaborando uma lista de possibilidades – e v?rias outras poderiam ser cunhadas,
observando outros momentos da vida intra-uterina – doze momentos s?o candidatos a marcarem
o in?cio da vida.11
Tempo decorrido Caracter?stica Crit?rio
0min Fecunda??o
fus?o de gametas
Celular
12 a 24 horas Fecunda??o
fus?o dos pr?-n?cleos
Genot?pico estrutural
2 dias Primeira divis?o celular Divisional
3 a 6 dias Express?o do novo gen?tipo Genot?pico funcional
6 a 7 dias Implanta??o uterina Suporte materno
14 dias C?lulas do indiv?duo diferenciadas das
c?lulas dos anexos
Individualiza??o
20 dias Notocorda maci?a Neural
3 a 4 semanas In?cio dos batimentos card?acos Card?aco
6 semanas Apar?ncia humana e rudimento de todos os
?rg?os
Fenot?pico
7 semanas Respostas reflexas ? dor e ? press?o Senci?ncia
8 semanas Registro de ondas eletroencefalogr?ficas
(tronco cerebral)
Encef?lico
10 semanas Movimentos espont?neos Atividade
12 semanas Estrutura cerebral completa Neocortical
12 a 16 semanas Movimentos do feto percebidos pela m?e Anima??o
20 semanas Probabilidade de 10% para sobrevida fora do
?tero
Viabilidade
extra-uterina
24 a 28 semanas Viabilidade pulmonar Respirat?rio
28 semanas Padr?o sono-vig?lia Autoconsci?ncia
28 a 30 semanas Reabertura dos olhos Perceptivo visual
40 semanas Gesta??o a termo ou parto em outro per?odo Nascimento
2 anos ap?s o
nascimento
"Ser moral" Linguagem para comunicar
vontades
Pelo que foi exposto nesta reflex?o, as Escrituras n?o suportam a no??o de que a vida
come?a na fecunda??o. T?o pouco afirma que ela se inicia somente ap?s o parto. Mesmo
ignorando a sofistica??o do conhecimento moderno, esta defini??o n?o faz parte da preocupa??o
central da Revela??o. Qual deve, portanto, ser o posicionamento crist?o?
A. Confessar que o assunto n?o ? apropriado para separar os crist?os dos n?o crist?os.
N?o est? presente no credo apost?lico, nem decide quem est? ou n?o est? salvo.
6
B. Discutir se, talvez, a este tema possa ser aplicada a regra que Paulo Ap?stolo aplicou
a quest?o dos fracos e fortes na f?: ” Assim, seja qual for o seu modo de crer a respeito destas
coisas, que isto permane?a entre voc? e Deus. Feliz ? o homem que n?o se condena naquilo
que aprova. Mas aquele que tem d?vida ? condenado se comer, porque n?o come com f?; e
tudo que n?o prov?m da f? ? pecado” (Rm 14.22-23).
C. Discutir o conceito de vida por outros caminhos, quais sejam, qualidade, valor,
propriedade, dentre outros. Lembrar que esta discuss?o ? um pensar teol?gico, e pensar
teol?gico tem a mesma fun??o de uma hip?tese cient?fica: fornecer uma explica??o intelig?vel
que permita ?s pessoas compreender o mundo em que vivem, procurando agir nele de modo
coerente com os valores do Reino. Assim como teorias cient?ficas v?m e v?o, reflex?es
teol?gicas podem ter utilidade e vida curta.
D. Questionar o significado da vida quando colocada frente ? frente com a certeza da
ressurrei??o.
E. Definir sobre em quais bases o pensar bio?tico crist?o deve ser constru?do, quando
ele ? “b?blico” (inegoci?vel, enquanto base de f?) e quando ? “teol?gico”.
F. Tornar este pensar b?blico-teol?gico relevante para uma sociedade que escolhe cada
dia mais afastar quaisquer id?ias religiosas de si (principalmente aquelas de matiz crist?o), j?
que a Igreja de Cristo existe para servir a este mundo.
_____________________
Refer?ncias bibliogr?ficas:
1 B?blia de Jerusal?m, 9a ed, 1985, Edi?es Paulinas, nota de rodap? ? pg 32
1a _________ pg 1473
1b _________ pg 1926
2 Novo dicion?rio da b?blia, 3a ed, 1979, Edi?es Vida Nova, voc?bulo nome, pag 1120-2
2a ________ voc?bulo conhecimento pg 316
3 Dicion?rio internacional de teologia do novo testamento, vol 1, 1a ed, 1981, Edi?es Vida Nova,
voc?bulo alma, pag 152 (149-159)
3a ________ voc?bulo conhecimento, pg 475
4 Berkhof, L Teologia sistem?tica 2a ed, 1992, Luz Para o Caminho Publica?es, pag 192
5 _____ pag 685-700
6 Novo dicion?rio da b?blia, vol 2, 3a ed, 1979, Edi?es Vida Nova, voc?bulo homem, pag 719-22
7 Kelly JND. Doutrinas centrais da f? crist?: origem e desenvolvimento, 1a ed, 1994, Edi?es Vida
Nova, pag 259-60
8 Pessini L, Barchifontaine CP. Problemas atuais de bio?tica, 7a ed, 2005, Cent Univ S Camilo /
Ed Loyola, pag 316
9 Davidson F (ed) O Novo coment?rio da b?blia, 1a ed, 1963, Edi?es Vida Nova, vol II, pag 618
11 Jos? Roberto Goldim http://www.bioetica.ufrgs.br/inivida.htm
7
10 Pharmacists with No Plan B: Freedom of conscience and 'reproductive rights' clash at the local
drugstore http://www.christianitytoday.com/ct/2006/august/31.44.html
_______________________________
* agrade?o a Paulo de Castro, com quem pude dividir pela primeira vez as id?ias acima e que,
atrav?s de sua capacidade de ouvir, ajudou-me a organiz?-las.
8

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