Publicado por José Geraldo Magalhães em Destaques Nacionais - 23/06/2015

Palavra do Colégio Episcopal: Raquel chorando a morte de seus filhos e filhas!

 
 
 
“Uma voz em Ramá foi ouvida, pranto e grande lamento: Raquel  chorando os filhos e filhas dela, e não queria ser consolada, porque já não existem”. (Mateus. 2.19)
 
Irmãs e Irmãos Metodistas
Discípulas e discípulos de Cristo
Graça e Paz!  
 
  A agressividade tem sido tomada como algo inerente à natureza humana, e, em grande medida, considerada como força propulsora no desenvolvimento da Humanidade, em seu processo civilizatório.
 
Contudo, nesta jornada dita “civilizatória” incorporou-se a violência, como ato determinante à distinção entre diferentes culturas e etnias, como justificação das diferenças entre elas, em termos do que é uma cultura superior em detrimento de outra considerada inferior. 
 
Uma marca histórica desta diferenciação discriminatória entre povos e culturas superiores, e povos e culturas inferiores, está presente no olhar seletivo de determinadas categorias sociais, políticas, econômicas, culturais e étnicas, com que se medem as pessoas e definem o seu lugar social. A organização de Estados escravocratas criou um caldo de cultura social, política e religiosa no qual o modelo de superioridade das etnias brancas torna-se referencial de superioridade, em relação as demais etnias, notadamente a negra. 
 
A convencionar-se este padrão superioridade, os atos de imposição são eticamente aceitáveis, para garantir-se a hegemonia em relação aos bens produzidos, bem como de privilégios e de supremacia diante da organização da sociedade e dos institutos legais. Isto aconteceu nos Estados Unidos da américa, isto aconteceu no Brasil.
 
Por isso, as raízes de atos racistas, discriminatórios e de intolerância, que frequentemente são noticiados, tem raízes antigas e profundas em nossa sociedade; que se organizou a partir destas categorias de relações: superioridade X inferioridade.
 
Assim, em momentos de maior comoção social, como fatos recentes demonstram, o confronto destes contratos sociais latentes, oriundos ainda do período da escravidão, traduz-se forma discriminatórias e preconceituosas; que são as formas veladas de perpetuar-se o racismo, e tentativas de se estabelecer o lugar destinado às pessoas consideradas inferiores. 
 
Ainda que as leis que legitimaram a escravidão estejam há mais de um século revogadas, o espirito do apartheid mantém-se, subliminarmente, nos indicadores econômicos e nas vítimas da violência gerada por conflitos urbanos, tráfico de drogas, ações de órgãos repressão, no acesso a políticas públicas, na garantia dos direitos fundamentais à vida, tanto aqui como lá.
Por isso, os episódios de violência racial/étnica de um jovem branco, assassinando nove pessoas, irmãos e irmãs metodistas da African Methodist Episcopal Church, em Charlston,
Carolina do Sul, traz a luz aquilo que ainda está latente em nossa sociedade e tem sua erupção em momentos imprevisíveis.
 
Como cristãos e cristãs precisamos declarar que racismo e intolerância são caminhos de eliminação da outra pessoa; são caminhos de morte. Portanto, além de manifestações de solidariedade e apoio às famílias; precisamos trazer à luz algo mais profundo sobre estes atos, para a reflexão e ação em nossas comunidades.
 
 Qualquer pessoa ou grupo que se declare evangélica, e atentar contra a integridade física, moral e religiosa de alguém; não representa o povo cristão e evangélico chamado metodista. 
Nosso desafio é amar as pessoas e estabelecer caminhos de diálogo que restaure a comunhão com Deus e a vivência fraternalmente entre diferentes línguas, povos, nações, culturas, etnias, como fez Jesus. Este dado não limita a ação missionária da Igreja, mas potencializa.
 
Precisamos reafirmar que a Escravidão de povos africanos, foi um crime contra a humanidade; ainda que, oficialmente, organismos internacionais de representação, como a ONU, OEA, etc. tenha reconhecido como tal.
 
 Também, que atos de racismo, preconceito e intolerância constituem em pecado contra o Evangelho. Lutamos por um Estado Laico e pela liberdade de culto.
 
Atos de intolerância religiosa, são expressões tristes de uma realidade que nos desafia à radicalidade do amor, como carisma às atitudes nos quais cada ser humano, que luta pelo bem-estar social, procura realizar, cotidianamente, a imitação de Cristo, no caminho da santidade e da reconciliação.
 
Assim, aliamo-nos as manifestações de repúdio aos atos de violência, e, manifestamos a nossa solidariedade às famílias atingidas por tragédias geradas pelo racismo, preconceito e intolerância.
 
Lembremo-nos de que Jesus Cristo veio para trazer vida, e vida em abundância!
 
Fraternalmente,
Bispo Luiz Vergílio (em nome do CE)

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