Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

juvenis

O que será que Jesus, em seus 12 anos de idade, disse aos doutores da lei lá na sinagoga de Jerusalém? Será que ele os lembrou da necessidade de atender aos mais pobres, como fez o Lucas, de 10 anos? Será que ele falava que é bom exercer a liberdade com responsabilidade, como fez a Laís, de 17? Será que dizia que é preciso aprender a ouvir o outro, com fez o Gustavo, de 18? Numa entrevista concedida ao jornal Expositor Cristão num domingo de dezembro, na igreja do bairro da Penha, São Paulo, estes e outros adolescentes na faixa de 12 a 18 anos (com o caçula Lucas "mandando bem" entre os maiores) falaram sobre a participação do juvenil na Igreja Metodista.

Tal como Jesus na sinagoga, eles não tiveram receio de expressar sua opinião e demonstraram que também buscam crescer em sabedoria: "A gente vem aqui buscar conhecimento da Palavra", diz Marcela, de 17 anos.Para Gustavo, a Igreja Metodista é feito a "casa da vó", lugar gostoso em que a gente se sente à vontade, em família.

 

Mas é claro que, como em toda a família, nem tudo corre bem o tempo todo. Eles também enfrentam problemas. E alguns são muito semelhantes aos vivenciados pelos mais velhos. Gustavo revela que está faltando comunicação entre a turma. Tem gente "colocando o ego acima da Igreja": "muita gente adora mandar, mas não quer por a mão na massa". Por isso, naquela tarde de domingo, a mocidade da Igreja Metodista na Penha havia decidido fazer uma reunião para que todo mundo pudesse falar o que pensa e "arrumar a casa". "Você não vai conseguir ajudar o outro se estiver com problemas", justifica Gustavo.

 

Claudemir Celloni, Conselheiro de Juvenis da 5ª Região, pensa da mesma maneira: "Se não há um estímulo, condições e um trabalho atuante com a mocidade de nossa Igreja, como conseguiremos atingir os de fora que ainda não nos conhecem?", argumenta.  Segundo Claudemir, a Igreja Metodista tem sofrido um "declínio acentuado" no número de juvenis, que ele atribui à falta de espaço de ação dentro da Igreja, "seja por questões de apoio e de estímulo ao engajamento do trabalho do juvenil na obra, seja por falta de uma cobrança maior do comprometimento do juvenil". Para Sandra Regina Del Colle Silveira e Ivan Silveira Filho, conselheiros da 6ª Região, não existe propriamente uma falta de espaço, pois numa Igreja de Dons e Ministério "tem lugar para todas as faixas etárias". "No entanto, temos que buscar, insistir e perseverar no dom que há em cada um de nós. Às vezes o próprio juvenil  não dá espaço para que a comunidade se achegue a ele, ficando acomodado no seu lugar", eles alertam.

 

Para o pastor Jader Renato Rosa dos Santos, conselheiro na 2ª RE, os adultos da Igreja precisam ser mais tolerantes e entender que o período da adolescência é dinâmico: "eles não querem apenas ficar sentados escutando, querem algo com mais movimento". Para o pastor Jader é necessário abrir mais oportunidades para a participação dos juvenis nos cultos na Igreja, incentivando-os a desenvolver ações que facilitem o seu crescimento espiritual.  "Muitas vezes pensamos que eles/elas só querem brincadeiras, quando na verdade estão procurando algo que dê mais significado e respostas às suas ansiedades e questionamentos", afirma ele. "Após um ano na presidência da Federação de Juvenis da 3ª região, chego à conclusão que às vezes não nos levam a sério. Não sei o porquê, pois temos demonstrado acima de tudo seriedade, muito compromisso e principalmente amor pela causa", queixa-se Paulo Roberto Lopes de Almeida Jr., o "Juninho".

 

A história mostra que, quando o compromisso dos juvenis e jovens é valorizado, os frutos são abundantes.  Que o diga a congregação do Parque Suécia, no município de Belford Roxo, Rio de Janeiro. Há 13 anos, quando o jovem Hélio Marzullo tinha pouco mais de 20 anos de idade, ele assumiu a responsabilidade de levantar um ponto missionário da Igreja Metodista em Duque de Caxias. Os estudos bíblicos eram realizados na casa de uma família da comunidade. Um dos primeiros desafios foi conseguir um local para as reuniões. Hélio e outros jovens da igreja procuraram muito até encontrar uma casa para alugar. O estado da casa era de desanimar: estava praticamente em ruínas, mas isso não os fez desistir. Hoje não apenas a casa está totalmente reformada, como a congregação já conta com cerca de 100 pessoas. Hélio seguiu sua vocação, formou-se em Teologia, e foi nomeado para o Parque Suécia. "Quando o jovem é despertado, ele tem muita força. Jovens, eu vos escolhi porque sois fortes (I Jo.2.14)", lembra Hélio.

Despertar vocações e unir forças para a missão são alguns dos objetivos da Juvenília Nacional Metodista  (que neste ano ocorre de 25 a 28 de janeiro) desde que ela foi criada, em 1976, a partir da iniciativa do então juvenil Laan Mendes de Barros.

 

A primeira Juname aconteceu na cidade de Lins, São Paulo, e foi o grande destaque no Expositor Cristão da segunda quinzena de fevereiro de 1976. Várias palestras sobre o tema "encontro" (consigo, com o próximo e com Deus) foram proferidas por Paulo Lockmann, Adriel de Souza Maia e Nelson Luiz Campos Leite, jovens pastores que se tornariam bispos de nossa igreja. Na ocasião, o Bispo Oswaldo Dias da Silva (falecido recentemente), testemunhou: "Se eu tivesse que deixar o ministério hoje, ficaria tranqüilo, porque eu sei que atrás de mim estão surgindo elementos de valor".

 

 

O Bispo Oswaldo estava certo. Desse grupo de juvenis saíram várias lideranças atuantes da Igreja Metodista, como o casal Magali Cunha e Cláudio Ribeiro, professores da Faculdade de Teologia da Umesp - apenas para citar dois nomes dentre tantos outros que estiveram entre aqueles 350 participantes da primeira Juname. Cláudia Romano de Sant´Anna, redatora do Expositor, escreveu em seu editorial: "Eles querem, eles procuram, eles se colocam nas mãos do Pai. Minha preocupação, depois da Juname, manifestou-se com a pergunta: Como a Igreja Metodista auxiliará aqueles juvenis que compareceram à reunião em Lins, no sentido de proporcionar-lhes condições de prosseguirem na fé e no desejo de servir?"  Essa mesma preocupação e compromisso a Igreja Metodista tem para com os juvenis que estarão em Jundiaí.

 

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