Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Orientação metodista acerca do dom de línguas.

 

Em 1980, o Colégio Episcopal publicou a Pastoral sobre a Doutrina do Espírito Santo e o Movimento Carismático com o objetivo de "orientar a Igreja acerca das questões levantadas pela irrupção do movimento carismático nas comunidades evangélicas tradicionais, inclusive as nossas". O texto, bastante atual até os dias de hoje, traz as bases bíblicas que fundamentam nossa compreensão da ação do Espírito Santo na vida de cada pessoa, na Igreja e no mundo. Destaca-se que o dom do Espírito é "a força e o poder de Deus que faz brotar, aqui e agora, entre nós, os primeiros sinais do Reino de Deus e da sua justiça, da nova criação, o novo homem, a nova mulher - é o tempo das primícias do Reino (Rm 8.23). Por isso, os diversos dons do Espírito têm a ver diretamente com nosso relacionamento com o nosso próximo e com a edificação da comunidade. "A importância dos dons não está no dom em si, mas no seu uso para a edificação do Corpo", diz a Pastoral. "Os dons são equipamentos necessários ao povo de Deus em marcha, mas os discípulos de Jesus são conhecidos não pelos dons espirituais, mas pelo amor. Por isso, nossa preocupação maior deve ser com o Fruto do Espírito, o amor."

Os bispos explicam que os dons são diversos, complementando-se uns aos outros. Sobre o dom de línguas em particular, baseando-se em textos bíblicos, o documento afirma que ele é "um entre os demais dons do Espírito" e que "pode vir a ser útil à edificação pessoal daquele que o recebe do Senhor".  "Paulo, apesar de o possuir, o reduz a uma experiência de caráter pessoal e de valor comunitário secundário, condicionado que está à presença de intérpretes para que haja edificação da comunidade. Portanto, como não é isso o que acontece geralmente, não recomenda o seu exercício em público". Assim, a Igreja Metodista aceita o "não proibais" de Paulo aos Coríntios (1 Co 14.39), mas seguindo ainda o apóstolo, sugere critérios para o exercício dos dons espirituais: 1º - a inteligibilidade (1 Co 14.1-19); 2º - o poder do convencimento (1 Co 14.20-25); 3º - o controle ( 1 Co 14.26-33); 4º - a decência e a ordem (1 Co 14.34-40).

Por fim, o texto nos pede que estejamos abertos a acolher aqueles cuja experiência religiosa é diferente da nossa e que busquemos a ação do Espírito em nossa vida, Igreja e sociedade; tendo a Bíblia como critério norteador que nos ajude a discernir se os dons procedem de Deus. "Este discernimento é importante, pois há muito do eu e do homem presentes nas manifestações tidas como do Espírito". Nossa meta deve ser, sempre,  "preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Efésios 4.3) a fim de que a Igreja Metodista possa, efetivamente, cumprir a missão de "espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra", como sonhava seu fundador.

 

 

Para saber mais:

Livros: O Espírito Santo na herança wesleyana  e As crenças fundamentais dos metodistas, ambos de Mack B. Stokes; O Cristo de todos os caminhos, de Stanley Jones. Os três livros podem ser encontrados na Biblioteca da Faculdade de Teologia (Umesp) ou em versão digitalizada na Biblioteca Metodista On Line (www.metodista.org.br).

 

Veja também: Uma visão pentecostal

 

 

 


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