Páscoa


T?rcio Machado Siqueira

Nenhuma das festas b?blicas se equipara em import?ncia e significado a da P?scoa, que ? lembran?a e mem?ria de um fato fundamental para a manuten??o da vida do povo b?blico. Na festa o povo era levado a lembrar do que Deus fez por eles quando estavam no Egito.
Portanto, lembrar era o mesmo que injetar vida no povo. Por outro lado, esquecer os atos salvadores de Deus era o princ?pio da morte. Assim, a P?scoa representa a garantia da vida, da paz, da esperan?a, da vit?ria dos fracos sobre os maus. A vit?ria do projeto de Deus.

I – O RITUAL DA P?SCOA
(?xodo 12:1-28; Deuteron?mio 16:1-8)

Estes textos mostram que durante a celebra??o da P?scoa, os membros da comunidade israelita dramatizavam os tristes acontecimentos no Egito, quando seus antepassados serviam a Fara?. Como escravos. Estes textos eram destinados ? catequese das novas gera?es de israelitas.







   

Isso quer dizer que eles eram parte um ritual religioso que tinha a finalidade de transmitir a f? ? juventude israelita, agora vivendo em Cana?, que estava sujeito a cair no dom?nio de outro poder pol?tico.  Essa nova gera??o precisava conservar a sua fidelidade ao Deus que a salvou da escravid?o Mas, afinal, o que aconteceu realmente no Egito? Alguns textos b?blicos s?o muito importantes para iluminar aquela situa??o.


A. A VIDA DOS HEBREUS (ISRAELITAS) NO EGITO

1. ?xodo 1: 11-15

Ao ler este texto, percebe-se que algo desagrad?vel ocorria com o povo hebreu: vida dura em raz?o dos trabalhos for?ados (v. 11); opress?o por parte do governo eg?pcio (v. 12); jovens escravos eram assassinados (v. 16). Tudo isso fazia com que a vida dos hebreus fosse bastante amarga (vv. 13-14). O sistema social em vigor no Egito determinava que o povo do campo deveria sustentar, atrav?s de tributos (gr?os, animais e trabalho), toda a burocracia e projetos "fara?nicos". O povo n?o era escravo no sentido de ser propriedade do governo ou de pessoas ricas. O livro de ?xodo diz que o Fara? exigia dos hebreus servi?os obrigat?rios.


2. ?xodo 3: 7-9

Este texto trata o chamado de Mois?s para resgatar o povo daquela situa??o t?o desagrad?vel. O movimento dos escravos israelitas pela liberdade ganha o favor de Deus. Aqui, a miss?o de Mois?s tem sua raz?o de ser no grito de dor do povo, pela mis?ria que lhe gerava ang?stia (v. 7). Veja s?! O chamado de Mois?s estava em fun??o do clamor do aflito (vv. 7, 9, 17) do povo, e n?o de outro motivo qualquer.


3. ?xodo 5: 8-23

Ante a tentativa do povo hebreu, de melhorar sua condi??o de vida e ter um per?odo para o seu descanso (?xodo 5:1-9), Fara? reage com mais rigor com os trabalhadores, usando uma t?tica muito usada pelos governos opressores, mas condenada pela B?blia. Fara? procura desprestigiar o povo hebreu chamando-o de "pregui?oso" (vv. 8 e 17). Ao mesmo tempo, o governo eg?pcio aplica a disciplina do "mau patr?o", exigindo dos escravos maior produ??o de tijolos (v. 19). Por fim, fara? tenta a t?tica de humilhar os l?deres hebreus, a?oitando-os diante do povo (v. 14). Com isso, ele desmoralizava os chefes da rebeli?o. Por tudo isso, ? que o povo se sentia maltratado (v. 23), pois al?m de pesado (v. 9) e violento, Fara? procurava cortar todas as possibilidades de uma a??o organizada contra o sistema de governo.

Resumindo: a luta dos hebreus era pela busca de liberdade e obten??o da vida em Cana?. Deus ouviu o clamor do povo e ajudou na busca de liberdade.

B. A VIDA DOS HEBREUS (ISRAELITAS) EM CANA?
(Deuteron?mio 6: 10-25; Deuteron?mio 8:7-13)

A celebra??o pela sa?da do Egito fez com que o povo sonhasse com uma vida abundante e feliz na Terra Prometida. Os textos acima citados prev?em uma realidade que ele sonhava ter em Cana?: cidades grandes e boas, casas cheias de tudo de bom, po?os abertos, vinhas e olivais (Dt 6:10); terra para plantar e tirar o sustento para a vida (vv. 23 e24); vida numa terra sob a justi?a de Deus (v. 25). Numa demonstra??o clara da import?ncia da terra para a vida do povo, o cap?tulo 8 de Deuteron?mio continua a mostrar o anseio de quem viveu cativo e, agora, busca a vida plena: na terra prometida, a terra ? boa e cheia de ribeiros (v. 7); terra de trigo, vinhas, cevadas, figueiras, rom?zeiras, oliveiras, azeite e de mel (v.8); terra do p?o sem escassez e terra de ferro e de cobre (v. 9); terra onde o povo come e fica saciado (v. 10); terra onde quem manda ? Deus (v. 11); terra de casas boas (v. 2) e terra onde se multiplicar?o bois e ovelhas (v. 13)

Entretanto, nem toda essa expectativa se concretizou ap?s a chegada a Cana?. Muitos fatores concorreram para isso, por?m a raz?o maior estava na presen?a de outro inimigo que procurava exercitar seu dom?nio tirano sobre o povo libertado da escravid?o eg?pcia. O que fazer, ent?o? A ordem era lembrar daquilo que Deus fez pelo povo cativo no Egito (Dt 8:14-20; Dt 11:18-21). Aqui se percebe que a mem?ria israelita acerca dos atos salvadores de Deus n?o era vit?ria triunfalista de um passado distante, mas uma lembran?a voltada para a luta e compromisso com as amea?as de outros "fara?s" do presente.

Resumindo: Agora, em Cana?, os israelitas enfrentavam outra luta. O dif?cil relacionamento com os donos da terra (cananeus) criou in?meras impossibilidades para a obten??o dos elementos b?sicos, tais como a terra, moradia, alimento e liberdade para o culto.


II – O PORQU? DA P?SCOA

Depois de analisarmos os textos relatam o motivo da celebra??o da P?scoa, resta enumerar alguns pontos conclusivos:

1. O relato da P?scoa ? uma das muitas hist?rias que eram contadas para animar o povo em tempos dif?ceis. Era uma festa revitalizadora da for?a da comunidade ante o perigo e a crise.

2. Havia muitas hist?rias que o povo contava para tirar delas li?es exemplares: a hist?ria da cria??o, a hist?ria de Jos?, a hist?ria de Elias, etc.. Entretanto, a hist?ria da P?scoa era mais importante de todas elas. O relato do ?xodo do passou a ser memorizado, e anualmente comemorado em cada fam?lia israelita.

3. A P?scoa era ?nica festa pastoril do calend?rio israelita. As demais eram festas de origem agr?cola que acompanhavam o ciclo na natureza. A P?scoa era a que se relacionava a um fato hist?rico.

4. A celebra??o da P?scoa aconteceria nas casas. Somente muito depois ? que a festa foi para o templo. Originalmente o celebrante era o chefe da fam?lia.

5. Certamente a celebra??o nasceu num misto de alegria pela salva??o e a amea?a de um novo cativeiro. A celebra??o ajudava o povo a n?o esquecer o passado, a n?o perder a identidade de f? e a consci?ncia de sua de sua miss?o como povo. Ao mesmo tempo, ela servia de combust?vel para impulsionar na caminhada pela liberdade e vida plena.

6. A festa da P?scoa ? animadora e orientadora da luta e interesses do povo na busca de ser fiel a Deus; no esfor?o para a observ?ncia do projeto de Deus; na luta pela posse da terra e acesso aos meios de produ??o. Portanto, a festa da P?scoa n?o ? neutra.

7. A celebra??o da P?scoa dramatiza a hist?ria e revela o rosto de Deus. Jav? ? um Deus diferente, porque ouve o clamor dos que sofrem e os tira do sofrimento. Resgatar o sentimento da P?scoa, hoje, ? trabalhar pelo bem-estar, sa?de, alegria das pessoas; ? salvar os famintos de sede e fome de justi?a e da gra?a de Deus.


Quest?es para pensar:

a) O que h? de semelhante entre a P?scoa b?blica e a nossa comemora??o hoje?

b) Que sentido tem a P?scoa para n?s, hoje?

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