Trovador de Cristo

"Somos imagem e semelhan?a de um Deus criativo". Um bate-papo com o m?sico metodista Glauber Pla?a


Por Ana Claudia Braun Endo   







  Parece que o m?sico Glauber Pla?a nasceu para compor e dedilhar as cordas de um viol?o. E quando faz isto, pode ter certeza que logo ouvir? boa m?sica, acompanhada quase sempre de uma letra inspirada e uma forte voz, que invade o espa?o onde estiver, agrupando todos ao seu redor.


Ao contr?rio de muitos artistas que se dedicam ? m?sica desde cedo, este paulistano de 35 anos de idade conta que, da inf?ncia, guardou especialmente os jogos de bola e os passeios de bicicleta – ao lado dos pais Jonas e Diva, e da irm? Melissa – e apenas na adolesc?ncia teria os primeiros contatos que o fariam se interessar pela MPB.


H? muito sua m?sica ganhou espa?o tamb?m nas igrejas e nos espa?os onde costuma tocar muitas das composi?es brasileiras de seus m?sicos preferidos, entrela?adas em letras de can?es que criou nos ?ltimos tempos.


Veja a seguir trechos da entrevista que ele deu ao portal Cristianismo Criativo (www.cristianismocriativo.com.br).Neste portal, desenvolvido pela editora crist? W4 Editora, voc? encontra esta entrevista na ?ntegra e v?rios outros textos sobre m?sica, literatura, cinema e teologia.


Gostaria que voc? falasse um pouco sobre voc? e seu trabalho… qual seu primeiro contato com a m?sica? Quando come?ou a tocar e a compor?


Desde que nascemos, entramos em contato direto com a m?sica em quase todos os momentos… as can?es de ninar para o beb?, os sons dos p?ssaros, da natureza… brinquedos que "cantam", as trilhas sonoras de filmes e desenhos animados, os jingles das propagandas etc. No meu caso, al?m de tudo isto, cresci na igreja Metodista, que por tradi??o reunia pequenos grupos vocais masculinos e os corais para cantar os Hinos. Meus pais n?o eram m?sicos instrumentistas, mas participavam destes encontros de louvor, entre ensaios e cultos, e quase sempre eu estava junto com outras crian?as brincando aos p?s dos cantores.
Mesmo vivendo num lar crist?o, gra?as a Deus, nunca fui privado de ouvir m?sicas populares que tocavam nas r?dios e outras que os colegas de escola, da mesma idade, gostavam na ?poca. Aprendi que devemos ouvir de tudo e reter o que ? bom. O que n?o ? bom devemos descartar.


Qual foi sua primeira composi??o?
Comecei a compor sem muita seriedade e compromisso algumas m?sicas instrumentais e a primeira letra que fiz com in?cio, meio e fim foi para uma menina por quem eu estava apaixonado… muito legal estes caminhos de Deus em nossa vida. A m?sica, entre outras artes, ? um ?timo meio para externar sentimentos.


E quando voc? come?ou a compor m?sicas para Deus? E como a MPB entrou nesta hist?ria?
Minha convers?o e decis?o para Cristo aconteceu em 1993, num acampamento, onde conheci um grupo de louvor da Igreja Metodista em Campo Belo. Nos encontr?vamos para estudos, ensaios e comunh?o, aprendendo juntos mais da Palavra. Em 1997 compus a primeira m?sica inteira com um tema crist?o, chamada Pr?ncipe da Paz. Fui incentivado por pastores e amigos a inscrever esta can??o no FECASA (Festival de M?sica da Casa da Juventude Metodista). No ano seguinte gravei minha segunda composi??o, Nova Manh?, num CD em conjunto com outros participantes do mesmo festival. Em 2004 gravei um CD com a maioria de m?sicas pr?prias, comecei a divulg?-lo no ano seguinte com a inten??o de louvar a Deus com m?sica brasileira de uma forma mais aut?ntica e pessoal, usando essas v?rias influ?ncias que citei acima, sem me preocupar em seguir a tend?ncia musical do momento. Atualmente, continuo divulgando este primeiro trabalho ("Homens no Mar") e gravando um segundo "disco", que pretendo lan?ar ainda em 2008.


O que significa m?sica e arte para voc??
A meu ver, a arte ? a condutora das express?es de sentimento contidas em todo ser humano e a m?sica ? um dos ramos desta arte. Todas as pessoas expressam dores, anseios, vontades, alegrias, tristezas, sonhos, medos, desejos, de v?rias formas, com a inten??o de se comunicarem. Mesmo aquelas antigas artes rupestres nas paredes das cavernas s?o resultados desta necessidade de comunica??o. Neste sentido, acredito que qualquer pessoa possa se expressar atrav?s da arte.Resumindo, cito o poema Metade, de Oswaldo Montenegro: "que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela n?o saiba. E que ningu?m a tente complicar…" (nem eu!), "porque ? preciso simplicidade para faz?-la florescer."


Como voc? acredita que a f? influencia sua arte?
A influ?ncia da f? na minha arte est? ligada ? capacidade de conseguir perceber a grande diversidade da Cria??o, que se mostra desde uma pequena flor no alto de uma montanha at? a descoberta de estrelas que est?o nascendo e morrendo constantemente em algum canto do Universo, a anos-luz de nosso planeta. Quando come?amos a observar tudo isto atrav?s de nossos sentidos, imaginamos um Deus criativo.
Esta criatividade aparece nos primeiros versos b?blicos: "No princ?pio, criou Deus…" (Gen. 1:1). (…) Se somos imagem e semelhan?a de um Deus criativo, acredito que trazemos em n?s uma certa capacidade criativa. O homem ? colocado em um lugar especial, num jardim, dotado de criatividade para cuidar, plantar, colher (Gen. 2:15) e inventar nomes para cada "objeto" da cria??o (Gen. 2:19 e 20).


Na sua opini?o, qual o papel da arte na igreja?
(…)
Acredito que todas as formas de arte sejam importantes na vida da igreja porque s?o instrumentos de comunica??o humana doados por Deus. Parece-me que quanto mais avan?amos a caminho da modernidade da hist?ria e da igreja, nos afastamos na mesma propor??o de uma "diversidade criativa inicial".
A come?ar pela arquitetura dos templos modernos, que parecem caixas de paredes brancas, onde n?o se pode expressar nenhuma arte em pinturas, exceto uma parede azul com nuvens brancas. Num contraponto a isto, temos igrejas que constroem verdadeiros pal?cios com grandes colunas, lembrando os antigos templos greco-romanos. Nada contra denomina?es espec?ficas. Elas est?o levando o Evangelho e creio que a Palavra deve ser divulgada e ministrada acima de tudo, mas estou expressando a minha opini?o sobre arte, m?sica e cultura dentro das igrejas onde ministro, participo e congrego h? muitos anos.
Sei que isto tem a sua explica??o hist?rica e n?o gostaria de ater-me aos motivos destes acontecimentos, mas me chama bastante a aten??o o fato de limitarmos a nossa "arte evang?lica" aos grupos musicais e aos raros grupos de dan?a com meninas, que repetem um movimento de lencinhos coloridos, principalmente no meio de comunica??o televisivo. Mesmo dentro da extensa ?rea musical evang?lica, da qual tamb?m fa?o parte, nos deparamos com um n?mero infinito de grupos e cantores que s?o levados a reproduzir m?sicas estrangeiras, n?o levando em conta a sua pr?pria cultura local ou a riqueza de ritmos de nossa m?sica brasileira. Somos detidos pelo preconceito contra a nossa pr?pria cultura, em especial a cultura dos negros e dos ?ndios, e os instrumentos ditos como "profanos" (principalmente os de percuss?o como tambores, pandeiros etc.).


De uma forma geral, a m?sica ? uma manifesta??o art?stica bem mais valorizada, que acaba monopolizando os espa?os de culto. Seria interessante (n?o sei se poss?vel dentro do nosso contexto) que outras express?es de sentimento, emo??o e comunica??o pudessem ser usadas para o louvor da Gl?ria de Deus, incluindo a dan?a, as artes c?nicas, a pintura, o desenho, a arquitetura, as artes circenses, as poesias escritas (n?o musicadas).
S? para experimentarmos um pouco desta liberdade de express?o, imagine, por exemplo, um momento de adora??o em que tiv?ssemos a oportunidade de estarmos em sil?ncio, em ora??o, e nos fosse dado um l?pis junto com um papel em branco, onde desenhar?amos nele um s?mbolo de nosso amor e reconhecimento da soberania de Deus sobre nossas vidas e que este papel fosse levado at? o altar da igreja.
Deus aceitaria esta express?o de louvor e adora??o feita sem nenhuma m?sica? Acredito que sim.


Ana Claudia Braun Endo   

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