metodismo na amazonia

Igreja Metodista Episcopal do Par?, 1? igreja protestante da Amaz?nia







 

Rev. Justus Nelson e esposa Fannie Nelson


Bel?m, 1920


Foto in?dita no Brasil


Cedida ao GEMA, Grupo de Estudos da Amaz?nia, pelo seu bisneto Brian Holden


 


Neste 1? de julho de 2008 comemoramos 125 anos de funda??o da Igreja Metodista Episcopal do Par? (1883), a primeira igreja protestante organizada na Amaz?nia, localizada na cidade de Bel?m do Par?.
? importante lembrar que a miss?o na Amaz?nia j? estava no cora??o do metodismo desde 1835. Os primeiros passos devem-se ao pastor Daniel Parrish Kidder que esteve em Bel?m durante o per?odo conturbado da Cabanagem[1], assistindo a Sociedade Americana dos Mar?timos. A vinda de Kidder a Bel?m como "primeira tentativa de penetra??o do protestantismo na Amaz?nia"[2]. No entanto, a morte precoce de sua esposa o for?ou a retornar aos EUA em 1839.~



Somente a partir de 1880 ? que veremos um trabalho mission?rio metodista mais consubstanciado. Em 16 de junho daquele ano, o Rev. Justus Nelson, sua esposa Fannie Nelson e o mission?rio William Taylor chegam a bordo do Vapor Colorado no Porto de Bel?m.
O Rev. Justus Nelson, veio ao Brasil como mission?rio da Igreja Metodista Episcopal, norte dos EUA. A miss?o era de sustento pr?prio, logo tratou de trabalhar ministrando aulas de ingl?s nos dias ?teis e cultos aos domingos. No dia 27 de junho de 1880, num armaz?m subalugado, ele celebrou o primeiro culto, ainda em ingl?s.



J? em janeiro de 1881, abriu uma escola metodista chamada "Col?gio Americano". Contudo, em dezembro de 1882, ap?s a epidemia de febre amarela que matou seu irm?o John Nelson, sua cunhada que era casada com o outro irm?o e a professora Hattie Bacheldar, o Col?gio foi fechado. Justus Nelson, ent?o, foi trabalhar como empregado numa loja comercial.
Mas estas dificuldades n?o apagaram a chama mission?ria da fam?lia Nelson. Ainda no final de 1882, o pastor Justus Nelson foi convidado para pregar o Evangelho em portugu?s na casa de Justiniano Rabelo Carvalho, na Rua do Ros?rio, n? 40. E como o espa?o ficou pequeno, o culto semanal passou a ser realizado numa casa situada na Av. 29 de Agosto, n? 68, hoje, Av. Assis de Vasconcelos. Foi nesta casa que o povo chamado metodista da Amaz?nia fundou a Igreja Metodista Episcopal do Par?, testemunhando os desafios do Evangelho nas calorosas terras paraenses.



O Brasil era Imperial, tendo como religi?o oficial a Cat?lica Romana, o que gerava muita persegui??o ao povo metodista. O quadro de persegui??o se agravava por Justus Nelson n?o se omitir do mundo pol?tico de sua ?poca, defendendo ideais liberais e republicanos. Defendia a laicidade do Estado, liberdade religiosa, liberdade de imprensa e a amplia??o da participa??o dos indiv?duos na esfera p?blica. Num dado momento ele diz enfaticamente que "segundo nosso parecer, a rep?blica ? a forma de governo que melhor conserva os direitos do maior n?mero de cidad?os, ou, por outros, que mais chegada ? aos princ?pios da religi?o crist? […] Procuraremos, portanto apurar a consci?ncia e despertar convic?es firmes, sem as quais a rep?blica vindoura do Brasil n?o poder? ser feliz"[3].



Eleito superintendente do Distrito Brasil, que inclu?a as miss?es metodistas do Par?, Pernambuco e Amazonas, Justus Nelson lan?ou a semente do Evangelho nas cidades de Benevides/PA, Santar?m/PA e Manaus/AM. Tudo independente financeiramente da Igreja norte-americana e da tesouraria da Igreja local. Em sua despedida, falando sobre a miss?o de sustento pr?prio, ele diria "da mesma maneira que Paulo em Corinto, eu no Par?, nunca recebi remunera??o do meu servi?o de pastor […] Como n?o temos membros endinheirados na igreja, durante estes ?ltimos anos a maior parte das reduzidas despesas da nossa igreja ? paga com dinheiro meu, ganho por mim nas aulas de l?nguas […] Alegremente prefiro ser livre e independentemente escravo de todos"[4].







   Em 1890, o aquecimento econ?mico advindo do com?rcio da borracha e a abertura pol?tica conseq?ente ? Proclama??o da Rep?blica corroboraram terminantemente para o intenso movimento tipogr?fico observado no Estado. Sendo que neste bojo, no dia 04 de janeiro daquele ano, surge um dos maiores legados do pioneirismo metodista na Regi?o: o jornal O Apologista Christ?o Brazileiro, "jornal religioso semanal para fam?lias, dedicado ? propaganda da verdade evang?lica", o lema era "saibamos e pratiquemos a verdade, custe o que custar".



O jornal O Apologista Christ?o Brazileiro come?ou com uma periodicidade semanal e assim permaneceu de janeiro de 1890 at? julho de 1891, per?odo de maior f?lego do editorial, perfazendo em torno de setenta e seis edi?es. De agosto de 1891 at? janeiro de 1892, o jornal passou a ser impresso quinzenalmente. A partir de fevereiro de 1892 at? setembro de 1910, o jornal circulou mensalmente, sendo a cobertura de novembro a dezembro deste ano reunida num ?nico n?mero. Houve uma interrup??o de sua publica??o em 1910. Somente em 1925, ano de despedida da fam?lia Nelson de Bel?m, sairia a derradeira edi??o d?O Apologista, numa esp?cie de resumo de toda as obras empreendidas ao longo as mais de quatro d?cadas de miss?o na Amaz?nia.



Com o intuito de estudar sobre estas hist?rias que revelam os desafios enfrentados pelos nossos pioneiros e refletir sobre as interrup?es e sucessos da din?mica mission?ria da Igreja Metodista na Amaz?nia, em 2003 (300 anos de nascimento de Jo?o Wesley), nasceu o Grupo de Estudos do Metodismo na Amaz?nia – GEMA. E de acordo com recentes pesquisas do Grupo, entre v?rios achados, descobriu-se uma informa??o muito importante que contraria inclusive os relatos oficiais da Igreja Metodista sobre sua hist?ria no Brasil.
No site da Igreja, na se??o sobre hist?ria do metodismo, encontramos uma vaga "lembran?a" sobre o metodismo na Amaz?nia. No texto temos a nota equivocada que diz que Justus Nelson morreu e est? sepultado em Bel?m. O correto ? que, ap?s 45 anos de incans?vel dedica??o e paix?o mission?ria, Justus Nelson, aos 75 anos de idade, partiu de Bel?m no dia 08 de novembro de 1925, devido ? crise da economia da borracha que assolou a cidade. Antes da partida Jusuts escreveu "se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o n?mero, fica plenamente justificado o disp?ndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor"[5]. Com o fechamento da miss?o, os irm?os e as irm?s metodistas de Bel?m foram encominhados/as para outras igrejas evang?licas. Justus trabalhou em Portland, Oregon/EUA, produzindo jornais e pregando em l?ngua portuguesa para brasileiros que viviam naquela cidade.



Ainda merece destaque nessa hist?ria do metodismo na Amaz?nia o per?odo de quatro meses (janeiro a abril de 1893) que O Apologista Christ?o Brazileiro n?o foi publicado devido ? pris?o de Justus Nelson no Pres?dio S?o Jos? (hoje, um P?lo Tur?stico), acusado de "ultraje ? religi?o Cat?lica", art. 185 do C?digo Penal da Rep?blica. Durante as pesquisas empreendidas pelo GEMA, foi encontrado no Arquivo P?blico do Par? o auto de soltura de sua pris?o, datado em 08 de abril de 1893.



At? os dias de hoje, um dos poucos documentos que t?nhamos sobre o Apologista era uma compila??o da ?ltima edi??o do jornal, realizada pelo professor Duncan Reily, intitulada Metodismo na Amaz?nia. Esta obra ? uma transcri??o de um microfilme dos arquivos da Board of Global Ministries of the United Methodist Church, de Nova York. O GEMA obteve acesso aos originais do jornal que est?o integralmente "microfilmados" na Biblioteca P?blica Arthur Vianna, agora trabalha na divulga??o desta riqu?ssima fonte da hist?ria do metodismo no Brasil, especificamente na Amaz?nia.


GEMA – Grupo de Estudos do Metodismo na Amaz?nia: Alu?zio Laurindo J?nior, Ant?nio Carlos Soares dos Santos, Cl?udio Augusto Lima das Neves, Fabr?cio Matheus, Fl?vio Elias Quemel, Franklim Ferreira Sodr?, Saulo Baptista, Tony Vilhena.



[1] Revolta na qual negros e ?ndios se insurgiram contra a elite pol?tica e tomaram o poder no Par?. Entre as causas da revolta encontram-se a extrema pobreza das popula?es ribeirinhas e a irrelev?ncia pol?tica ? qual a prov?ncia foi relegada ap?s a independ?ncia do Brasil.



[2] DREHER, Martin. Hist?ria do protestantismo na Amaz?nia at? 1980. In: HOORNAERT, Eduardo. Hist?ria da igreja na Amaz?nia. Petr?polis: Vozes, 1992. p. 323.


[3] O Apologista Christ?o Brazileiro, Ano I, n? 1. Bel?m, 04 jan. 1890. p. 1.


[4] Reily, Duncan. Metodismo na Amaz?nia. S?o Bernardo do Campo: IMES, 1982. p. 20.
[5] Ibidem, p. 23.


VEJA TAMB?M:  Um estudo hist?rico sobre os 125 anos do metodismo na Amaz?nia (arquivo em pdf).

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