Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Semana Wesleyana discute metodismo brasileiro

  

           

Como os metodistas estão vivendo o Evangelho de Cristo? No caminho, passo a passo com a comunidade, ou como quem fica na sacada de um prédio, assistindo à vida  de longe? Essa foi uma das principais questões propostas pela 55ª Semana Wesleyana, realizada na Faculdade de Teologia da Umesp entre os dias 22 e 26 de maio.  A primeira conferência, proferida pelo reitor da Faculdade, Rev. Rui Josgrilberg, teve como tema a "Teologia do Caminho", destacando a ênfase dada por John Wesley a esta metáfora.  "Wesley entende a Graça não apenas como conceito, mas como vivência. A Graça tem que descer no caminho e ser interpretada na experiência do caminhar", afirmou o pastor. Segundo Rui, a teologia wesleyana aborda o ser humano como caminhante num horizonte escatológico: "mesmo em casa somos estrangeiros; nenhuma parte do caminho é definitivamente nossa". Ele explica que a tradução desta metáfora na vida cotidiana traz profundas implicações práticas: andar no caminho da Graça como peregrino significa viver um cristianismo comunitário, humilde e acolhedor, que respeita as diferenças sem abrir mão dos valores essenciais. "É uma teologia de transformação e não de auto-afirmação", afirmou.

 

 "Nós cremos na vida antes da morte", afirmou o professor Cláudio de Oliveira Ribeiro ao abordar o tema da Graça e o conceito de salvação na teologia wesleyana. Ele destacou as dimensões pessoal, coletiva e cósmica da salvação. "Sois salvos (Ef.2.8) não é algo distante; é uma bênção que, por intermédio da livre misericórdia de Deus, você possui agora".  Já o professor Helmut Renders destacou a "sinergia divino-humana no processo salvífico", o "andar como Cristo andou". Segundo o professor, para a teologia da Graça, o mundo não é considerado abandonado, mas abençoado. A tarefa do povo de Deus é interagir com essa presença salvífica, a fim de "espalhar a santidade bíblica sobre a terra".

 

Contudo, o metodismo brasileiro, já "domesticado" pela influência norte-americana, não tem compreendido realmente o que significa essa santidade, na opinião do Bispo Paulo Ayres, que discorreu sobre Wesley e o Espírito Santo. Para o Bispo, a santidade, enquanto do Espírito Santo, tem sido muito mais concebida em termos de estado (ordo salutis) do que em termos de processo (via salutis), um contínuo processo relacional entre Deus e a humanidade.  "Esse é um perigoso atalho que nos afasta definitivamente da teologia do caminho da salvação".

 

Nas várias palestras e grupos de discussão do evento, ficou claro que "andar como Cristo andou" e se desviar dos atalhos perigosos é um dos grandes desafios da Igreja Metodista nos dias de hoje. Mas, como pregou o Bispo Josué Lazier no culto de abertura do evento, esse desafio não deve paralisar a Igreja: "Servir a Deus significa seguir em frente, na dependência de Deus".

                                                                                                                                                              Suzel Tunes


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