Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

o mundo é minha paróquia diná

"O mundo é minha paróquia", esta frase de Wesley nos inspira a afirmar que  neste mês de novembro para nós metodistas: "O mundo negro também é nossa paróquia".

Neste tempo sua igreja pode oportunizar momentos de reflexão para conhecer e ir ao encontro das questões que afetam o povo negro.

O tema que elegemos como Ministério AA-AFRO-3RE é JUVENTUDE NEGRA: mutilada pelas forças dos preconceitos e vulnerável à violência e à criminalidade é o eixo das nossas reflexões, orações e ações.

As organizações de defesa dos Direitos humanos denunciam que está ocorrendo no Brasil um genocídio da Juventude negra. Eis alguns dados:

·A juventude negra consumida pelas forças da exclusão social tem encontrado lugar na periferia das periferias. Nas periferias das escolas, das escolas profissionais e técnicas, das universidades, do mercado de trabalho, dos espaços culturais e de lazer, do sistema de saúde.

·A maioria das mortes por assassinatos é de jovens negros, na  faixa de 15 a 24 anos.

·A gravidez precoce ocorre em maior proporção às meninas negras.

·A abordagem policial é racializada e o perfil é o homem negro, ou seja, os jovens negros são mais abordados nas ruas pela polícia do que os jovens brancos. 

A exclusão educacional e do trabalho contribui para a marginalidade e sedução das organizações criminosas como também para a ausência de melhores perspectivas de vidas.

As políticas públicas de ações afirmativas para estudantes negros/as é um dos instrumentos de reparação - com 120 anos de atraso - desta situação decorrente da ausência de políticas positivas que deveriam acompanhar a Lei que institui a abolição da escravatura.

Jovens negros/as lutam a cada momento para vencer os desafios impostos por uma sociedade racista e preconceituosa. Alguns, poucos, conseguem entrar e se manter nas escolas e nas universidades. Alguns poucos conseguem um trabalho e salário de melhor qualidade.

A Igreja Metodista pode ser uma voz que anuncia boas novas a esta juventude, pode ser a voz de incentivo e apoio a inclusão educacional da juventude negra.

Não perca esta oportunidade. Proponha atividades voltadas para a conscientização da Igreja sobre sua responsabilidade social e espiritual para com a população negra. Ir ao encontro das questões que afetam o povo negro e declarar que "O mundo negro também é nossa paróquia".

Texto de:

Diná da S. Branchini

Telma Cezar Martins

VEJA TAMBÉM:

 Jovens são as maiores vítimas de homicídios

Segundo o Boletim de Políticas Sociais, publicado pelo Ipea, "a vitimização fatal de jovens é alarmante".  Enquanto as taxas de mortalidade da população brasileira como um todo vêm decrescendo, ocorre o contrário na faixa etária de 15 e 29 anos.

As altas taxas de mortalidade desses jovens ocorrem principalmente por causas externas - assassinatos por armas de fogo e os acidentes de trânsito. As vítimas, em geral, são jovens do sexo masculino, pobres e não-brancos, com poucos anos de escolaridade, que vivem nas áreas mais carentes das grandes cidades brasileiras.


O BPS cita dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Sistema Único de Saúde (SUS): as mortes por homicídios entre os brasileiros de 15 a 29 anos passaram da média anual de 27.496 no período 1999-2001 para 28.273 no período 2003-2005, sendo responsáveis por 37,8% de todas as mortes nessa faixa etária.


Essas mortes vitimam mais os homens (93% das vítimas de homicídios), concentrando-se no grupo de 18 a 24 anos (com taxa de 119,09 vítimas por 100 mil habitantes). Depois, vem o grupo de 25 a 29 anos (107,44) e o de 15 a 17 anos (64,59).

 

Os acidentes de trânsito respondem pelo segundo maior número de mortes entre os jovens brasileiros. Os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informam que, em 2006, os jovens com idade entre 18 e 29 anos representaram 26,5% das vítimas fatais (contra 40,9% para o grupo de 30 a 59 anos) e 36,9% das vítimas não fatais (contra 32,4% para o grupo de 30 e 59 anos) de acidentes de trânsito no país.


O estudo também mostra que, em relação à violência não-letal, os jovens também são as maiores vítimas. Um levantamento do Ministério da Justiça com as ocorrências das polícias civis estaduais indica que, em 2005, o grupo de 18 a 24 anos foi a maior vítima não apenas dos casos de homicídio doloso (47,41 ocorrências por 100 mil habitantes), mas também das lesões corporais dolosas (514,83), das tentativas de homicídio (38,06), da extorsão mediante seqüestro (0,78) e do roubo a transeunte (333,8); já os jovens de 25 e 29 anos apareceram como as maiores vítimas dos furtos a transeunte (260,0) e do roubo de veículo (32,71), enquanto os adolescentes de 12 a 17 anos foram as maiores vítimas de estupro (35,43) e de atentado violento ao pudor (10,04).


Por outro lado, é importante notar que, se os jovens são comprovadamente o grupo social mais vitimado pela violência, eles também figuram como seus maiores autores. A violência que se manifesta em atos de delinqüência corriqueiros, no vandalismo contra o espaço público, nos rachas e manobras radicais no trânsito, nas brigas entre gangues rivais, no dia-a-dia do ambiente escolar ou nas agressões intolerantes a homossexuais, negros, mulheres, nordestinos ou índios em várias partes do país é majoritariamente protagonizada por jovens e, em geral, vitima outros jovens. Ou seja, a violência cotidiana que acontece no país hoje é cometida por jovens contra jovens.

Segundo o BPS, "as pessoas com idade entre 18 e 24 anos foram as mais freqüentemente identificadas como infratores por homicídio doloso (17,56 ocorrências por 100 mil habitantes), lesões corporais dolosas (387,74), tentativas de homicídio (22,32), extorsão mediante seqüestro (0,34), roubo a transeunte (218,23), roubo de veículo (20,24), estupro (14,57) e posse e uso de drogas (41,96)". Por sua vez, os jovens de 25 e 29 anos apareceram como os principais infratores para o crime de tráfico de drogas (24,47).


O estudo aponta como responsáveis por este quadro fatores como a expansão, diversificação e sofisticação da violência nas grandes cidades, a disseminação do porte de armas de fogo, a generalização de uma "cultura da violência" e as grandes contradições sociais (especialmente o consumismo exacerbado em meio à restrição das oportunidades de inserção social via mercado de trabalho e às grandes desigualdades sociais).


O BPS constata na sociedade brasileira uma ampla aceitação da violência como instrumento legítimo para solução de conflitos, seja para "defender a honra", ou atestar o poder dentro de um determinado grupo. Essa aceitação tenderia a repercutir de forma especialmente fértil entre os jovens, exatamente pela preservação da auto-imagem, de uma identidade em construção. Os pesquisadores acreditam que  esse fator é um requisito essencial para o sucesso das ações na área de prevenção da violência.


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