"O mundo ? minha par?quia“, esta frase de Wesley nos inspira a afirmar que neste m?s de novembro para n?s metodistas: “O mundo negro tamb?m ? nossa par?quia”.
Neste tempo sua igreja pode oportunizar momentos de reflex?o para conhecer e ir ao encontro das quest?es que afetam o povo negro.
O tema que elegemos como Minist?rio AA-AFRO-3RE ? JUVENTUDE NEGRA: mutilada pelas for?as dos preconceitos e vulner?vel ? viol?ncia e ? criminalidade ? o eixo das nossas reflex?es, ora?es e a?es.
As organiza?es de defesa dos Direitos humanos denunciam que est? ocorrendo no Brasil um genoc?dio da Juventude negra. Eis alguns dados:
?A juventude negra consumida pelas for?as da exclus?o social tem encontrado lugar na periferia das periferias. Nas periferias das escolas, das escolas profissionais e t?cnicas, das universidades, do mercado de trabalho, dos espa?os culturais e de lazer, do sistema de sa?de.
?A maioria das mortes por assassinatos ? de jovens negros, na faixa de 15 a 24 anos.
?A gravidez precoce ocorre em maior propor??o ?s meninas negras.
?A abordagem policial ? racializada e o perfil ? o homem negro, ou seja, os jovens negros s?o mais abordados nas ruas pela pol?cia do que os jovens brancos.
A exclus?o educacional e do trabalho contribui para a marginalidade e sedu??o das organiza?es criminosas como tamb?m para a aus?ncia de melhores perspectivas de vidas.
As pol?ticas p?blicas de a?es afirmativas para estudantes negros/as ? um dos instrumentos de repara??o – com 120 anos de atraso – desta situa??o decorrente da aus?ncia de pol?ticas positivas que deveriam acompanhar a Lei que institui a aboli??o da escravatura.
Jovens negros/as lutam a cada momento para vencer os desafios impostos por uma sociedade racista e preconceituosa. Alguns, poucos, conseguem entrar e se manter nas escolas e nas universidades. Alguns poucos conseguem um trabalho e sal?rio de melhor qualidade.
A Igreja Metodista pode ser uma voz que anuncia boas novas a esta juventude, pode ser a voz de incentivo e apoio a inclus?o educacional da juventude negra.
N?o perca esta oportunidade. Proponha atividades voltadas para a conscientiza??o da Igreja sobre sua responsabilidade social e espiritual para com a popula??o negra. Ir ao encontro das quest?es que afetam o povo negro e declarar que "O mundo negro tamb?m ? nossa par?quia”.
Texto de:
Din? da S. Branchini
Telma Cezar Martins
VEJA TAMB?M:
Jovens s?o as maiores v?timas de homic?dios
Segundo o Boletim de Pol?ticas Sociais, publicado pelo Ipea, “a vitimiza??o fatal de jovens ? alarmante”. Enquanto as taxas de mortalidade da popula??o brasileira como um todo v?m decrescendo, ocorre o contr?rio na faixa et?ria de 15 e 29 anos.
As altas taxas de mortalidade desses jovens ocorrem principalmente por causas externas – assassinatos por armas de fogo e os acidentes de tr?nsito. As v?timas, em geral, s?o jovens do sexo masculino, pobres e n?o-brancos, com poucos anos de escolaridade, que vivem nas ?reas mais carentes das grandes cidades brasileiras.
O BPS cita dados do Sistema de Informa?es de Mortalidade (SIM) do Sistema ?nico de Sa?de (SUS): as mortes por homic?dios entre os brasileiros de 15 a 29 anos passaram da m?dia anual de 27.496 no per?odo 1999-2001 para 28.273 no per?odo 2003-2005, sendo respons?veis por 37,8% de todas as mortes nessa faixa et?ria.
Essas mortes vitimam mais os homens (93% das v?timas de homic?dios), concentrando-se no grupo de 18 a 24 anos (com taxa de 119,09 v?timas por 100 mil habitantes). Depois, vem o grupo de 25 a 29 anos (107,44) e o de 15 a 17 anos (64,59).
Os acidentes de tr?nsito respondem pelo segundo maior n?mero de mortes entre os jovens brasileiros. Os dados do Departamento Nacional de Tr?nsito (Denatran) informam que, em 2006, os jovens com idade entre 18 e 29 anos representaram 26,5% das v?timas fatais (contra 40,9% para o grupo de 30 a 59 anos) e 36,9% das v?timas n?o fatais (contra 32,4% para o grupo de 30 e 59 anos) de acidentes de tr?nsito no pa?s.
O estudo tamb?m mostra que, em rela??o ? viol?ncia n?o-letal, os jovens tamb?m s?o as maiores v?timas. Um levantamento do Minist?rio da Justi?a com as ocorr?ncias das pol?cias civis estaduais indica que, em 2005, o grupo de 18 a 24 anos foi a maior v?tima n?o apenas dos casos de homic?dio doloso (47,41 ocorr?ncias por 100 mil habitantes), mas tamb?m das les?es corporais dolosas (514,83), das tentativas de homic?dio (38,06), da extors?o mediante seq?estro (0,78) e do roubo a transeunte (333,8); j? os jovens de 25 e 29 anos apareceram como as maiores v?timas dos furtos a transeunte (260,0) e do roubo de ve?culo (32,71), enquanto os adolescentes de 12 a 17 anos foram as maiores v?timas de estupro (35,43) e de atentado violento ao pudor (10,04).
Por outro lado, ? importante notar que, se os jovens s?o comprovadamente o grupo social mais vitimado pela viol?ncia, eles tamb?m figuram como seus maiores autores. A viol?ncia que se manifesta em atos de delinq??ncia corriqueiros, no vandalismo contra o espa?o p?blico, nos rachas e manobras radicais no tr?nsito, nas brigas entre gangues rivais, no dia-a-dia do ambiente escolar ou nas agress?es intolerantes a homossexuais, negros, mulheres, nordestinos ou ?ndios em v?rias partes do pa?s ? majoritariamente protagonizada por jovens e, em geral, vitima outros jovens. Ou seja, a viol?ncia cotidiana que acontece no pa?s hoje ? cometida por jovens contra jovens.
Segundo o BPS, “as pessoas com idade entre 18 e 24 anos foram as mais freq?entemente identificadas como infratores por homic?dio doloso (17,56 ocorr?ncias por 100 mil habitantes), les?es corporais dolosas (387,74), tentativas de homic?dio (22,32), extors?o mediante seq?estro (0,34), roubo a transeunte (218,23), roubo de ve?culo (20,24), estupro (14,57) e posse e uso de drogas (41,96)”. Por sua vez, os jovens de 25 e 29 anos apareceram como os principais infratores para o crime de tr?fico de drogas (24,47).
O estudo aponta como respons?veis por este quadro fatores como a expans?o, diversifica??o e sofistica??o da viol?ncia nas grandes cidades, a dissemina??o do porte de armas de fogo, a generaliza??o de uma “cultura da viol?ncia” e as grandes contradi?es sociais (especialmente o consumismo exacerbado em meio ? restri??o das oportunidades de inser??o social via mercado de trabalho e ?s grandes desigualdades sociais).
O BPS constata na sociedade brasileira uma ampla aceita??o da viol?ncia como instrumento leg?timo para solu??o de conflitos, seja para “defender a honra”, ou atestar o poder dentro de um determinado grupo. Essa aceita??o tenderia a repercutir de forma especialmente f?rtil entre os jovens, exatamente pela preserva??o da auto-imagem, de uma identidade em constru??o. Os pesquisadores acreditam que esse fator ? um requisito essencial para o sucesso das a?es na ?rea de preven??o da viol?ncia.